Simile est regnum coelorum grano sinapis, quod accipiens homo seminavit in agro suo - “O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo" (Mt 13, 31)
Sumário. No Evangelho de hoje a Igreja Católica é comparada a um grão de mostarda; porque, posto que pequena na sua origem, em breve se dilatou de tal modo, que todas as nações se puseram debaixo da sua proteção. Já que temos a ventura de pertencer a esta Igreja, demos graças por isso a Deus. Se, porém, desejamos que a fé nos salve, meditemos frequentemente nas máximas salutares da fé e façamos por não sermos do número daqueles que, vivendo no pecado ou na tibieza, são membros mortos ou moribundos.
Simile factum est regnum coelorum homini, qui seminavit bonum semen in agro suo - “O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo” (Mt 13, 24)
Sumário. Pela bondade divina achamo-nos no campo da Igreja Católica, e talvez até numa comunidade fervorosa, onde o Senhor semeou e ainda semeia o trigo das graças celestiais. Demos graças ao Senhor e aproveitemo-nos da sua misericórdia. Mas ao mesmo tempo examinemo-nos para ver se não somos porventura para o nosso próximo joio pernicioso ou, pior ainda, semeadores de joio. Jesus Cristo disse que no dia da colheita, isto é, do Juízo, o joio será jogado no fogo do inferno.
“Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”.
Estas palavras que o Missal propõe como antífona de entrada desta solenidade, resumem admiravelmente o significado de São Pedro e São Paulo. A Igreja chama a ambos de “corifeus”, isto é líderes, chefes, colunas. E eles o são. Primeiramente, porque são apóstolos. Isto é, são testemunhas do Cristo morto e ressuscitado.
Sua pregação plantou a Igreja, que vive do testemunho que eles deram. Pedro, discípulo da primeira hora, seguiu Jesus nos dias de Sua pregação, recebeu do Senhor o nome de Pedra e foi colocado à frente do colégio dos Doze e de todos os discípulos de Cristo. Generoso e ao mesmo tempo frágil, chegou a negar o Mestre e, após a Ressurreição, teve confirmada a missão de apascentar o rebanho de Cristo. Pregou o Evangelho e deu seu último testemunho em Roma, onde foi crucificado sob o Imperador Nero por volta do ano 64.
Hoje em dia está na moda as novas seitas protestantes adicionarem o adjetivo “apostólica” ao seus nomes. Como por exemplo: Igreja Nova Apostólica, Igreja Evangélica Apostólica das Águas Vivas, Igreja Apostólica Ministério Comunidade Cristã, Igreja Apostólica do Avivamento, Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Apostólica Cristã, Igreja Apostólica Ministério Resgate, Igreja Apostólica Batista Viva e etc. Mas será que toda igreja é apostólica? Será que toda igreja tem que ser apostólica? Será toda “igreja” pode adotar para si o adjetivo “apostólica”, sem detrimento de seu real significado?
Na segunda metade do século passado, vivia um Inglês cultíssimo, o marquês de Ripon, que era grão-mestre da maçonaria inglesa e inimigo encarniçado da Igreja Católica. Havia, já então, na Inglaterra, um forte movimento de conversões, que tem durado até os nossos dias e que, de ano em ano, tem reconduzido ao seio do catolicismo uma multidão de anglicanos. Para paralisarem esse movimento de conversões, os maçons quiseram publicar uma obra importante e decisiva contra o catolicismo. A redação da obra foi confiada ao grão-mestre, que aceitou essa tarefa com muito gosto. “Mas, se tenho de escrever contra o catolicismo, devo primeiro conhece-lo” – pensou ele consigo mesmo; e pôs-se a ler obras que tratavam da fé católica. Leu-as durante dez meses. Mas, após esses dez meses, apresentou-se em casa dos Oratorianos de Londres, e pediu para ser recebido na Igreja Católica.
Quando, no século passado, campeava na Alemanha a perseguição deflagrada por Bismarck contra a Igreja Católica, a chamada “Kulturkampf”, via-se na frente de certas lojas, um curioso cartaz destinado a consolar os católicos. Esse cartaz representava um grande rochedo à beira-mar, em torno ao qual vagas furiosas espumavam, enquanto um grupo de homens, em manga de camisa, se esforçava por precipitá-lo nas ondas... em segundo plano via-se o diabo que dizia zombeteiramente: “Já lá vão dois mil anos que eu trabalho em vão, com todo o poder do inferno, para derrubar esse rochedo. Por isto, é que me rio do vosso trabalho”. Em verdade, meus irmãos, quem conhece as perseguições que a Igreja de Cristo tem tido de suportar há dezenove séculos, como recordei na instrução anterior, dará razão a essa curiosa imagem. Quantas vezes os inimigos da Igreja clamaram que amanhã ela não existiria mais, e eis que ela aí está sempre.
Tratamos dos sacerdotes da Igreja na instrução anterior: foi dito que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu verdadeiramente o sacerdócio cristão. Indiquei então que consagraria ainda outra instrução ao sacerdócio, para mostrar como a Igreja considera os seus padres, e o que deles espera. E isso talvez nunca o possamos sentir mais profundamente do que nas sublimes cerimônias da ordenação. Vestidos da alva branca, os futuros sacerdotes são estendidos como mortos no chão, enquanto o bispo recita sobre eles as ladainhas dos santos. “Kyrie eleison! Christe eleison! Kyrie eleison!” terminam as ladainhas. Em seguida o bispo estende ambas as mãos sobre a cabeça dos ordinandos, e deixa-os estendidos um instante sem dizer palavra, em silêncio completo. Ao mesmo tempo também, silenciosamente, os sacerdotes que assistem o bispo conservam as mãos estendidas. Em verdade, só esse silencio comovente que acompanha a cerimônia, só esse grande silencio pode exprimir dignamente o que se passa então: uma fraca criatura torna-se nesse instante uma reprodução viva de Nosso Senhor Jesus Cristo. Efetivamente, o sacerdote é aos olhos da Igreja um ”alter Christus” – “outro Cristo”. Há dezenove séculos o sacerdote católico vive na terra, e nela viverá enquanto viver a Igreja, enquanto houver homens na terra. As nações vão e vêm, mas os servos de Cristo renovam-se entre elas. Os sacerdotes também morrem, mas o sacerdócio não morre, - é eterno.
“A salvação implica a decisão de escutar e se deixar converter, mas permanece sempre um dom gratuito. O Senhor, portanto, na sua misericórdia, indica um caminho que não é aquele dos rituais de sacrifício, mas sim da justiça”
Muitos sustentam esta tese: "Aceito a Jesus Cristo, mas não a Igreja Católica" ou este simples jargão que tornou-se muito comum "Só Jesus Cristo salva!". Tornando, portanto, a Igreja em algo secundário, descartável e não necessário. E a partir deste tipo de pensamento, podemos nos indagar ainda:
É preciso frequentar a Igreja para se salvar?
Qual a relação entre Jesus Cristo e a Igreja?
É possível alguém se salvar sem a Igreja?
É possível alguém se salvar sem nunca ter ouvido falar em Jesus Cristo?
E alguém, que conhecendo a Jesus Cristo e a Igreja instituída por Ele, pode conseguir a Salvação?
A Salvação fora da Igreja Católica Apostólica Romana é possível?
Examinemos a Palavra de Deus para buscar as respostas destas questões, tendo sempre como pano de fundo a relação entre Jesus Cristo e Sua Igreja.
A 15 de março de 1934, não há muitos anos portanto, os trezentos mil sacerdotes católicos do mundo celebraram uma festa, talvez sem exemplo da História. Como talvez ainda estejais lembrados, chegava-se naquela ocasião à última semana do “ano santo” promulgado pelo papa Pio XI em razão do décimo nono centenário da Redenção. Naquele ano santo, agradecíamos a Nosso Senhor Jesus Cristo, com coração verdadeiramente reconhecido, todos os seus dons: o seu amor, os seus sofrimentos, a sua morte na cruz, o santo sacrifício da missa... Porque havia então dezenove séculos, que havíamos recebido tudo isso. E havia também dezenove séculos, que fora instituído o sacerdócio cristão. Não vos admireis, pois, se, entre os fiéis que celebraram a Redenção, o sacerdócio esteve especialmente em festa, e se, naquela quinta-feira, 15 de março de 1934, todos os sacerdotes católicos do mundo, à mesma hora, expuseram o Santíssimo Sacramento, para agradecer a instituição do sacerdócio ao divino Coração, que arde incessantemente de amor por nós.