Parte II
Capítulo V
A esta atividade da fantasia deve seguir-se a do entendimento, que se chama meditação e que consiste em aplicá-lo as considerações capazes de elevar a nossa vontade a Deus e de afeiçoá-la a coisas santas e divinas. Esta é a grande diferença entre a meditação e o estudo, porque o fim do estudo é a ciência, e o da meditação é o amor a Deus e a prática das virtudes. Assim, tendo prendido a tua fantasia ao objeto da meditação, procura aplicar o entendimento as considerações que lhe são como que a substância e a exposição; e, se achares gosto, luzes e utilidade numa das considerações, demora-te nela, imitando as abelhas, que não largam a flor em que pousaram, enquanto acham aí mel que ajuntar. Mas, se uma consideração causa dificuldades a tua mente e não tem atrativos para o teu coração, depois de ter-lhe aplicado por algum tempo o teu coração e a tua mente, podes passar adiante, a outra consideração, precavendo-te somente para que não te deixes levar por curiosidade ou precipitação.
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(SALES, São Francisco de. Filoteia ou a Introdução à Vida Devota. Editora Vozes, 8ª ed., 1958, p. 90-91)