Assunção de Maria
Breviário Romano — IV — Dia Oitavo — Lectio IV — De sermone Sancti Joannis Damacenis
Uma antiga tradição conta que no tempo do bem-aventurado “sono” de Maria, os apóstolos todos espalhados pelo mundo para trabalhar em prol da salvação das almas, foram transportados num instante a Jerusalém. Estando perto da Bem-aventurada Virgem, apareceu-lhes uma visão, e cantos celestes ressoaram a seus ouvidos. E em breve os apóstolos viram o Salvador, acompanhado de seus anjos, que vinha receber a alma de sua divina Mãe. Durante três dias estes mesmos cantos se fizeram ouvir em Getsêmani, onde seu corpo fora depositado. Ao cabo de três dias os cantos cessaram. Entretanto, o apóstolo Tomé não pudera assistir à morte de Maria e receber-lhe a última bênção, chegando três dias depois do bem-aventurado falecimento. Penetrado de dor por ter sido privado desta ventura, suplicou aos demais apóstolos para que abrissem o túmulo de Maria, a fim de poder contemplá-la ainda uma última vez. Abriram-no; mas, ó prodígio, o sepulcro estava vazio; não acharam mais nada, senão o lençol que servira para sepultá-la e exalava inebriante perfume. Admirados, à vista de tamanho prodígio, os apóstolos tornaram a fechar o sepulcro, convencidos de que o Verbo Divino, que quisera incarnar-se no seio imaculado de Maria, não permitira que esse seio virginal fosse sujeito a corrupção, mas o ressuscitara e o transportara para o céu, antes da ressurreição geral.