Sumário. A devoção entre todas as devoções a mais perfeita é o amor a Jesus Cristo, com a recordação frequente do amor que nos dedicou e ainda sempre dedica. Exatamente para se fazer amar, é que o Verbo Eterno quis que nestes últimos tempos se instituísse e propagasse a devoção ao seu Coração, com a promessa das graças mais assinaladas aos que a praticassem. Felizes se estivermos do número destes devotos. Podemos estar certos de que o divino Coração nos abençoará em tudo o que empreendermos, e em todas as ocorrências será o nosso seguro abrigo.Ignem veni mittere in terram: et quid volo, nisi ut accendatur? — “Eu vim trazer fogo à terra, e que quero senão que ele se acenda?” (Lc 12, 49)
O Abuso das Graças é um grande mal
Ó cidade ingrata, exclamava Jesus Cristo derramando lágrimas sobre Jerusalém que abusava de tantas graças! Ó cidade desgraçada! “Ah! Se neste dia também tu conhecesses a mensagem de paz! Agora, porém, isso está escondido a teus olhos” (Lc 19, 42); não queres ver os favores que te prodigalizei, para não ter que me agradecer por eles. Ó filha de Sião, a quem tanto amei, honrei, enriqueci e instrui! Não somente não queres me conhecer, senão que me rejeitas, me condenas, me persegues e me crucifixas!... Por ti desci do céu à terra; por ti nasci, vivi em contínuos trabalhos, nas dores e na pobreza; visitei-te, ensinei-te, insisti contigo; curei a teus leprosos, a teus enfermos, a teus possessos; dei vida a teus mortos: e tu foges de mim, me desprezas e me persegues por ódio! Olhem-se os cristãos infiéis e ingratos neste quadro: Não imitam aos judeus?...Sumário. A mais bela homenagem que podemos tributar a Maria Santíssima no encerramento do mês de maio, é oferecer-lhe o nosso coração, isto é, desfazer-nos da nossa vontade própria para a consagrar inteiramente e sem reserva ao seu serviço. Tal oferecimento, porém, para ser agradável à Mãe de Deus e nos merecer a sua proteção especial, não deve ser só de palavras, mas ser efetivo pelos atos. Como se poderá dizer que pertence a Santíssima Virgem o coração que está na sonolência contínua da tibieza e talvez na morte do pecado?Praebe, fili mi, cor tuum mihi, et oculi tui vias meas custodiant — “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos guardem os meus caminhos” (Pv 23, 26)
Qualidades, que deve ter a nossa Consagração
Para que a nossa consagração à Mãe de Deus, possa ser agradável para ela e proveitosa para nós, deve ser sincera, isto é, não consistir somente em palavras e vãs protestações de fidelidade e de amor, mas partir de um coração profundamente cheio de respeito, de veneração e de ternura para com esta admirável Mãe. Deve ser perfeita e inteira, isto é, devemos oferecer e consagrar à glória de Maria o nosso espírito, o nosso corpo, todas as nossas faculdades, tudo o que possuímos, tudo o que somos, desejando depender dela em todas as coisas, como de Soberana Senhora e cara Mãe. Enfim, esta consagração deve ser irrevogável, uma vez que nos consagremos a Maria, devemos considerar-nos como não pertencendo já a nós mesmos, mas só como filhos, servos, súditos, escravos desta augusta Rainha, que deve reinar para sempre em nossos corações. Ó Maria! Que ventura não é pertencer-vos, ser todo vosso, não viver senão para Jesus e para vós!Conhecimento que Maria tem das nossas necessidades
A Bem-aventurada Maria, Mãe de Deus, elevada ao seio da glória celeste, não se esquece de seus filhos degredados nesta terra de exílio. Como Mãe sensível é compassiva, não se despreza de voltar para nós seus olhos; conhece as nossas necessidades e misérias; vê os assaltos que nos dão os inimigos da salvação; ouve os nossos clamores; escuta as nossas preces e votos e acolhe-os com bondade. Esta divina Mãe viveu, como nós, neste vale de lágrimas; passou por terríveis provações, experimentou maiores tribulações do que as que nos oprimem; por isso o seu coração maternal se enternece com as nossas misérias, e está sempre pronto para nos socorrer. Que motivo pode haver mais próprio para nos inspirar a mais firme confiança nesta Mãe de bondade? Dirijamo-nos a ela como a Protetora; invoquemo-la como Rainha de Misericórdia; consideremo-la sempre como refúgio, asilo, consolação e esperança.O Coração mais perfeito
O Coração de Maria é o mais perfeito, o mais digno de nossa veneração e respeito, obra prima das mãos do Criador. Toda a Santíssima Trindade concorreu para a formação deste primor de perfeição, e se empenhou em enriquecê-lo dos mais excelentes dons, das mais preciosas e abundantes graças. O Pai Eterno empenhou todo o Seu poder para formar em Maria um coração de filha, cheio de respeito, docilidade e obediência para com o Criador; o Filho deu-lhe um coração de mãe, repleto de ternura, onde Ele havia de habitar como num santuário bendito; o Espírito Santo deu-lhe um coração de esposa, todo abrasado no mais puro e ardente amor. O espírito humano nunca poderá compreender todas as grandezas, riquezas e perfeições, que encerra este sagrado Coração. Unamo-nos aos espíritos bem-aventurados, que não cessam de cantar no céu os seus louvores; honremo-o com terna devoção, para que mereçamos ir celebrar a sua glória e inefáveis grandezas na bem-aventurança eterna.Ressurreição gloriosa de Maria
Todos os homens ressuscitarão no fim dos séculos; porém Maria, a Mãe daquele Senhor, que é a ressurreição e a vida, por privilégio especial, ressuscita ao terceiro dia depois da sua morte. A sua alma bem-aventurada torna a vir do céu, para se reunir de novo ao corpo e comunicar-lhe a glória e felicidade. Este corpo sagrado sai do sepulcro mais brilhante do que o sol, mais resplandecente do que a lua, revestido das qualidades dos corpos gloriosos, agilidade, sutileza, impassibilidade e imortalidade. Maria é isenta para sempre de todas as misérias da vida, e começa um a vida nova, que jamais há de acabar.
Regozijemo-nos com a nossa amável Mãe por esta venturosa e singular prerrogativa. Lembremo-nos muitas vezes de que também havemos de ressuscitar no último dia; mas será para o céu, para o inferno?!
Porque foi a Santíssima Virgem sujeita à morte
Ainda que Deus preservou a Maria do pecado original, não quis preservá-la da morte do corpo, que é a pena deste pecado. Pelo contrário, quis que ela a sofresse, como os outros filhos de Adão, já para mostrar que a sentença de morte dada contra todos os homens é geral e irrevogável; já para que fosse mais semelhante a seu divino Filho, que sendo o Autor da vida, quis sujeitar-Se à morte; já, enfim, para nos dar o exemplo das virtudes que devemos praticar neste último momento. Por mais humilhante que seja a lei que nos condena à morte, Maria sujeita-se a ela com humildade profunda, com perfeita resignação, com inteira confiança na bondade de Deus e ardente desejo de se reunir ao objeto de todo o seu amor. Quão feliz não será também a nossa morte, se a aceitarmos com os mesmos afetos de humildade, confiança, obediência e amor!Sumário. São muitas as virtudes que adornaram a vida deste santo, mas a que mais o distinguiu e dele fez um sacerdote segundo o coração divino, foi o seu amor a Deus e ao próximo. Para o remunerar, também à vista dos homens, Deus o fez pai de uma família santa e numerosa, e o fez morrer vítima de amor, na festa do Corpo de Deus. Regozijemo-nos com São Filipe; agradeçamos por ele a Deus e, olhando em seguida para o estado da nossa alma, envergonhemo-nos da nossa tibieza.Suscitabo mihi sacerdotem fidelem, qui juxta cor meum et animam meam faciet — “Eu suscitarei para mim um sacerdote fiel que fará tudo segundo o meu coração e a minha alma” (1 Sm 2, 35)