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Author page: Gabriel

Inveja (Envídia)

Inveja (Envídia), Tesouros de Cornélio à Lápide

O que é a inveja

A inveja, diz Santo Agostinho, é o ódio pela felicidade dos outros: Quid invidia, nisi odium felicitatis alienae? (Homil. XX, inter L.). O que é inveja?, perguntaram a Aristóteles. É, respondeu ele, a antagonista da prosperidade (Etich.). A inveja é o triste e secreto efeito de um orgulho pusilânime, que se sente rebaixado ou apequenado por qualquer brilho dos outros, e não pode suportar a mais insignificante luz.

A inveja é uma paixão abominável

A inveja é a mais baixa, a mais odiosa, a mais vituperada de todas as paixões, diz Bossuet; porém, talvez a mais comum e aquela de quem poucas almas acham-se inteiramente puras. Os homens querem manifestar delicadeza, e a compaixão de nosso amor próprio nos faz tão grandes à nossa própria vista que, então, consideramos um atentado a nós mesmos a menor esperança de contradição, e arrebatamo-nos por pouco que nos fira. Porém, o mais particular e desregrado em nós, é que tão delicados somos, que os prósperos nos irritam sem fazer-nos mal, ferem-nos sem tocar-nos.

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Endurecimento

Endurecimento, Tesouros de Cornélio à Lápide

O que é endurecimento

O que é um coração endurecido? - pergunta São Bernardo - É aquele que não tem horror de si mesmo, porque já não sente; é aquele que não se abre à compunção, não se abranda pela piedade, nem se comove pelas orações, nem se intimida pelas ameaças; é aquele que se endurece sob os golpes quer da graça, quer das vinganças de Deus. Não mostra reconhecimento pelos benefícios, é infiel aos bons conselhos, desapiedado para condenar aos outros, sem vergonha ao tratar das coisas mais desonestas, intrépido nos iminentes perigos de salvação, inumano no que diz respeito ao seus semelhantes, temerário frente a Deus, esquecendo o passado, perdendo o presente, e carecendo de previsão para o porvir. Do passado, recorda-se somente das injúrias recebidas; mata o presente, fecha os olhos ao tratar do futuro, e não os abre mais senão para vingar-se. Para expressar, em uma palavra, todos os horrores de um coração endurecido, basta dizer que é um coração que não teme a Deus, nem respeita aos homens[1].

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Emprego do tempo

Emprego do tempo, Tesouros de Cornélio à Lápide

O tempo é pouquíssima coisa considerado em si mesmo

O tempo é uma sombra, um vapor, um vaidade, um nada... O tempo é uma cena de teatro na qual se contam as fábulas desta vida: os homens são os atores: entram e saem; e o lugar do teatro é a Terra. Uma geração passa, e sucede-lhe outra, diz o Eclesiástico: Generatio praeterit, et generatio advenit (Eclo 1, 4). Há duas portas para esta encenação: a porta do nascimento e a porta da morte. Cada ator desempenha um papel. Depois que um rei representa deixa muito prontamente suas vestes de púrpura, e o mesmo acontece aos demais. Esta comédia acaba logo em seguida. Deus quer que não termine senão em horrível tragédia. Ó palácios, propriedades de recreação, cidades, casas, terra, ouro e prata, dizei-me: quantos donos tivestes? Quantos outros tereis? Dizei-me: onde está Salomão, tão sábio? Sansão, tão forte? Absalão, tão formoso? Cícero, tão eloquente? Aristóteles, tão entendido? Alexandre, tão grande conquistador? E César Augusto, monarca tão poderoso? Onde estão hoje todos aqueles amigos, aquela abundância de coisas, aqueles homens considerados como oráculos, aqueles exércitos fortes e numerosos, aquela multidão de nobres, de cavaleiros, de príncipes e de homens ilustres? Em um abrir e fechar de olhos, tudo desapareceu! Ó, pasto de vermes! Ó, gota de orvalho! Ó, vaidade! Ó, nada!

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Festa de Santa Ana, Mãe de Maria Santíssima

Laudemus viros gloriosos et parentes nostros in generatione sua — “Louvemos aos varões gloriosos e aos nossos pais na sua geração” (Eclo 44, 1)

Sumário. A dignidade de Santa Ana e de São Joaquim é tão grande, que a inteligência humana não a pode compreender. São os pais de Maria Santíssima e portanto os avoengos de Jesus Cristo quanto à natureza humana. A sua santidade é proporcionada à sua dignidade, porquanto é fora de dúvida que Deus lhes comunicou graças proporcionadas ao ofício ao qual os quis destinar. Alegremo-nos com os santos esposos e vejamos se lhes temos uma devoção especial, pela imitação das suas virtudes, especialmente do seu espírito de sacrifício e do seu amor para com Deus e o próximo.

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Jesus, modelo de Obediência

Humiliavit semetipsum, factus oboediens usque ad mortem — “Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte” (Fl 2, 8)

Sumário. A fim de nos ensinar a obediência, o Filho de Deus desce ao seio de uma virgem, sua criatura, e se faz servo não só de Maria e José, mas ainda de Pilatos, que o condena à morte, e dos algozes, que o açoitam, coroam de espinhos e crucificam. E, apesar de tal exemplo, quantos não há que, recusando obedecer a Jesus Cristo e aos seus representantes, se fazem escravos do demônio! Se, infelizmente, fomos tão loucos, reparemos depressa a nossa falta e roguemos ao Senhor que nos prenda nos seus doces laços.

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Embriaguez

Embriaguez, Tesouros de Cornélio à Lápide

A embriaguez é um pecado

Cuidai, disse Jesus Cristo, de que não se ofusquem vossos corações na libertinagem e na embriaguez: Attendite vobis, ne gaventur corda vestra in crápula et ebrietate (Lc 21, 34). Quando a embriaguez chega a alcançar a perda voluntária da razão, comete-se pecado mortal. Segundo Santo Agostinho, aquele que se esforça para embriagar a alguém, fazendo-o beber em demasia, dar-lhe-ia menos prejuízo matando-o a punhaladas do que matando sua alma com a embriaguez[1]. Não aceites os convites dos bêbados, dizem os Provérbios: Noli esse in conviviis potatorum (Pr 23, 20). Porque aqueles que se entregam ao vinho serão afastados da herança de seus pais, acrescentam os Provérbios (Pr 23, 24). O vinho introduz-se suavemente; porém, ao final, morde como a serpente, e derrama seu veneno como o basilisco: Vinum ingreditur blande; sed in novíssimo mordebit ut coluber (Pr 23, 31-32). O vinho e as mulheres fazem os sábios apostatarem, diz o Eclesiástico: Vinum et mulieres apostatare faciunt sapientes (Eclo 19, 2).

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Festa de São Tiago Maior, Apóstolo

Illi autem statim, relictis retibus et patre, secuti sunt eum” — “Eles, no mesmo ponto, deixando as redes e o pai, foram em seu seguimento” (Mt 4, 22)

Sumário. Grandes foram os obstáculos que se opunham a que Tiago seguisse a Jesus Cristo. Entre outros, devia deixar um pai já idoso e uma terna mãe, que muito precisava dele. O santo todavia rompeu estes laços. Para o recompensar, o Senhor não só o elevou ao apostolado, mas preferindo-o aos demais apóstolos, cumulou-o das mais assinaladas graças. Se quisermos que Deus nos comunique graças semelhantes imitemos a prontidão, a generosidade e o amor do santo Apóstolo.

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Educação

Educação, Tesouros de Cornélio à Lápide

Necessidade de uma boa educação

Para que produza a terra abundante colheita, necessitam-se três coisa: bom cultivo, bom agricultor e boa semente. A terra é a criança, o agricultor é aquele que educa, a semente são os bons princípios que há de receber a criança. Assim fala um pagão, Plutarco (Trat. de lib. educand.). Quereis, diz São João Crisóstomo, deixar a vosso filho grandes e verdadeiras riquezas? Ensinai-lhe a ser doce e bom. Se é mau, ainda quando ao morrer lhe deixasses uma fortuna imensa, ninguém poderá conservá-la. Vale mais que as crianças mal educadas sejam pobres do que ricas[1]. O mesmo Santo Doutor ensina que os pais não tem maior dever que o de dar uma educação cristã a seus filhos, procurando-lhes excelentes professores, capazes de inspirar-lhes bons sentimentos, e de fazer crescer em sua alma a virtude (In Epist. I ad Timoth., Homil. IX).

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Edifício espiritual

Edifício espiritual, Tesouros de Cornélio à Lápide

Materiais com que se constrói o edifício espiritual

O edifício espiritual da alma é a prática das virtudes levada à perfeição. Uma casa grande e formosa não se pode edificar senão pouco a pouco, e à força de muitos trabalhos; é necessário que haja ordem e variedade; é necessário empregar nela diversos instrumentos e madeiras várias; assim também constrói-se por meio de diversas virtudes, exigindo-se trabalhos largos e gloriosos, uma constância invencível e outras virtudes. A longanimidade pode representar a longitude do edifício; a caridade sua largura, a esperança sua altura. Os quatro muros são as quatro virtudes cardeais: a prudência, a justiça, a fortaleza, a temperança. A humildade e a fé são seu fundamento e base; a paciência seu teto; os bons desejos suas vantagens; a observação dos Mandamentos sua porta, e o temor de Deus o porteiro; os Anjos são seus guardiões; a contemplação é sua sacada; a oração forma suas muralhas, e o cão que está de vigia noite e dia, é a vigilância; a alma é sua dona, e todas as virtudes são seus quartos e salas. O esposo é a vontade, a esposa é a modéstia; a família compõe-se das boas obras; os serventes são os sentidos que obedecem à alma; a mesa é a Sagrada Escritura; o pão, a Eucaristia, o fogo, o Espírito Santo; o ar, o bom exemplo; o óleo, a misericórdia e a mansidão; o leito, a tranquilidade da consciência; os remédios, os Sacramentos; os médicos, os Sacerdotes; os hóspedes, o Pai, o Filho, o Espírito Santo, a Virgem Santíssima e os Anjos da Guarda.

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Festa de Santa Maria Madalena Penitente

Remittuntur ei peccata multa, quoniam dilexit multum — “Perdoados lhe são muitos pecados, porque muito amou” (Lc 7, 47)

Sumário. Que belo modelo de penitência nos propõe a Igreja na pessoa de Madalena! Ela obedece prontamente ao convite de Deus, e, triunfando de todo o respeito humano, vai logo prostrar-se aos pés de Jesus Cristo. Uma vez absolvida de seus pecados, não recai mais; e, correspondendo fielmente à graça, chega ao auge da perfeição. Não desanimemos, pois, seja qual for o nosso estado, contanto que, depois de termos imitado Madalena em seus desvarios, a imitemos também na sua penitência.

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