
I. O culto da Divina Eucaristia
Que culto é devido à Divina Eucaristia?
É-lhe devido o culto chamado de latria, ou seja, culto de adoração, que é o culto do próprio Deus. A Santa Igreja distingue três cultos, conforme o tríplice objeto a que cada um destes cultos se dirige: 1. Culto de adoração, ou latria, que é próprio da Divindade. 2. Culto de veneração ou dulia, com que se honram os amigos de Deus — os Santos. 3. Culto de super-veneração, ou hiperdulia, com que se honra Aquela que é Mãe de Deus, portanto mais digna que todos os Santos e amigos de Deus. Ora, se buscarmos nesta tríplice forma de culto a que convém ao Santíssimo Sacramento, somos forçados a concluir que lhe convém o culto de latria, pois este Sacramento encerra substancialmente o próprio Deus-Homem, Jesus Cristo. O Concílio de Trento definiu que Cristo Deus-Homem pode ser adorado, mesmo sob as espécies sacramentais de pão e de vinho (Dez. 888). E com tanto mais razão merece Ele aqui as nossas homenagens, pois este Sacramento exibe a maior prova do amor divino para conosco.Meditação para o Dia 18 de Junho
1. Jamais te prepararás à Santa Comunhão, como a dignidade deste Sacramento, de amor o exige. Pois, que és, para que prepares uma morada em tua alma, e quem é quem se digna visitar-te? Preparando-te para a Santa Comunhão, deves trabalhar para que não só o pecado grave, mas ainda o venial e toda inclinação voluntária, desapareçam de tua alma. Penetrar-te-ás de viva fé, que te faculta contemplar teu Deus escondido; banirás do coração toda a animosidade contra outros; aproximar-te-ás humilde, inflamar-te-ás de santo amor, cheio de vivos desejos, e solícito de embelezar a alma por atos das diferentes virtudes.
1. Natureza e efeitos da Comunhão
Foi dito precedentemente que a Comunhão é o melhor modo de se participar da Santa Missa; por que?
Porque, por ela, entramos em união sacramental, espiritual, a mais íntima possível, com Jesus Cristo-Vítima. Ora, a participação à Missa, no seu mais profundo sentido, consiste precisamente numa união intensa com a Vítima do altar. De fato, a comunhão, feita como deve ser feita, importa na mais íntima união com Cris¬to Vítima. Como deve ser feita, ela não consiste somente em receber distraidamente a hóstia. Consiste, sim, em recebê-la com disposições sobrenaturais de fé e de caridade e em dar-se também a Nosso Senhor numa entrega total. Só assim se efetua, de fato, uma comunhão, ou seja, união mútua de vida, de sentimentos e de amor. Cristo instituiu um Sacrifício que reproduz e rememora o Sacrifício do Calvário e o instituiu para que dele participássemos em aprazível ceia. À semelhança dos sacrifícios mais solenes da antiguidade, em que os ofertantes participavam comendo a Vítima, assim quis o Senhor nos rejubilássemos à sua mesa sacrifical.Meditação para o Dia 17 de Junho
1. O que seria de nós, pobres e fracos pecadores, se não tivéssemos estas duas fontes de salvação: a confissão e a santa Eucaristia; aquela para limpar-nos, esta para nos alimentar! Deus, que conhece nossas necessidades, faz muitíssimo para a conservação e o desenvolvimento da vida corporal, ainda mais, porém, para a alma. Deu-lhe um alimento adaptado a sua natureza e dignidade. Jesus mesmo quis ser o alimento, Ele que reina à direita do Pai. É como que um aniquilamento, por excesso de amor.
1. Natureza deste Sacrifício
Em que sentido a Eucaristia é o prolongamento da Redenção?
A Eucaristia é o prolongamento da Redenção porque se consagra e celebra sob a forma de verdadeiro sacrifício, renovação e atualização do mesmo Sacrifício do Calvário em que se consumou nossa Redenção. Assim como, atualizando a presença da Humanidade de Cristo, a Eucaristia é o prolongamento da Encarnação, atualizando e tornando presente de modo novo o Sacrifício do Calvário a Eucaristia é o prolongamento da Redenção.Que quer dizer «atualizar e tornar presente de modo novo» o Sacrifício do Calvário?
Quer dizer que Jesus Cristo, real, verdadeira e substancialmente presente neste Sacramento, por prodígio não menos admirável e misterioso, no ato em que é consagrado sob espécies distintas de pão e de vinho, aí se coloca em estado de vítima, tornando atual, de modo não sangrento, o mesmo Sacrifício de outrora, e aplicando atualmente os seus frutos de santificação.
De que modo Nosso Senhor está presente na hóstia, pois que não é aí percebido pelos sentidos?
Responde a teologia que o Senhor está presente na hóstia a modo de substância. E, como a substância dos seres foge à percepção dos sentidos, assim não pode Cristo ser aí percebido. Precedentemente dissemos que Jesus está aí presente a modo de espírito, o que exprime a mesma verdade teológica. Somente devemos precaver-nos de supor que presença a modo de espírito exclua a presença do Corpo de Nosso Senhor. É exatamente o Corpo de Cristo que está aí de modo espiritual, isto é, fora das leis ordinárias a que se sujeitam os corpos e, antes, regendo-se por leis que regem os espíritos. É o Corpo de Cristo que aí está, porém a modo de espírito. Como a terminologia estar presente a modo de espírito pode induzir o leitor não atento ao erro contra que o premunimos, a maioria dos teólogos com Santo Tomás prefere dizer que Cristo está presente na Eucaristia a modo de substância.
É bem verdade que Jesus Cristo está presente na hóstia?
Perfeitamente. Assim nos ensina a nossa fé católica e disto não podemos duvidar jamais. Nosso Senhor está real, verdadeira, e substancialmente presente na hóstia consagrada. Se alguém ousa negar este dogma de fé, incorre em excomunhão, além de cometer grave pecado de incredulidade.Não basta acreditar que Cristo aí está presente por Sua influência santificadora, ou que a hóstia é um sinal, uma imagem de Sua presença mística na Igreja?
Não basta. Tal modo de pensar seria herético. A hóstia não é somente sinal ou imagem de Cristo; é o próprio Jesus Cristo substancialmente presente. Nem tão pouco se pode confundir a presença física de Jesus no Santíssimo Sacramento com a sua presença mística na Igreja.Meditação para o Dia 15 de Junho
1. "Sendo Deus poderosíssimo, não pode dar mais", assim diz Santo Agostinho. Com efeito, na santa Eucaristia, Jesus acumula os milagres até ao infinito: milagre da Sua presença nos altares do mundo, onde há hóstias consagradas; milagre da presença até em cada parte de cada Hóstia Sagrada, por mais que tenha sido partida; milagre das aparências de pão e vinho, sem nenhuma substância que as sustente. Quanto Deus te ama, se tantos milagres faz por ti!