Meditação para o Dia 16 de Fevereiro
Vivemos contando, medindo cuidadosamente os sofrimentos que nos afligem. De nada nos esquecemos. Costumamos até exagerar as nossas dores. Trazemos pesado e medido o sofrimento, e diante de Deus, nas orações, queremos ser atendidos e não admitimos delongas. São de São João Crisóstomo estas palavras:“Sois muito exatos em contar os sofrimentos. E o sois, porventura, em contar os pecados que os provocam? Pensais, tão só, nos pecados que cometeis durante um dia, sem contar os inumeráveis pecados de toda a vida, que não quereis conhecer. E vereis quanta injustiça, quanta ofensa a Deus vos hão de chegar à memória!”
Reze o Salmo 119/118,9-16 Agora, leia com piedade e um coração que escuta na fé Dt 1,9-18
9«Nesse tempo, falei-vos assim: ‘Não posso, sozinho, tomar conta de vós. 10O SENHOR, vosso Deus, multiplicou-vos, e hoje sois tão numerosos como as estrelas do céu. 11Que o SENHOR, Deus dos vossos pais, vos multiplique mil vezes mais e vos abençoe, como prometeu! 12Como poderia, eu sozinho, suportar as vossas queixas e as vossas questões? 13Escolhei entre vós, nas vossas tribos, homens sábios, prudentes e experimentados, e eu os constituirei vossos chefes.’ 14Vós respondestes-me, dizendo: ‘O que te propões fazer é excelente.’ 15Então, eu escolhi, entre os principais das vossas tribos, homens sábios e experimentados e nomeei-os vossos chefes, como comandantes de milhares, de centenas, de cinquentenas e de dezenas, responsáveis pelas vossas tribos. 16Naquele tempo, ordenei também aos vossos juízes: ‘Dai audiência aos vossos irmãos e julgai com equidade as questões de cada um, sejam com um seu compatriota, sejam com um estrangeiro. 17Não façais distinção de pessoas no julgamento; ouvi tanto o pequeno como o grande. Não tenhais medo de ninguém, porque o julgamento pertence a Deus. Se uma questão for demasiado complicada para vós, apresentai-ma para eu a resolver.’ 18Naquele tempo, ordenei-vos tudo aquilo que devíeis fazer.»
Parte III Capítulo II
Diz muito opinadamente Santo Agostinho que muitos principiantes da devoção fazem coisas que julgando-se estritamente segundo as regras da perfeição, seriam censuráveis e que só se louvam neles como presságios e disposições, que são duma grande virtude. Aquele temor baixo e excessivo que produz escrúpulos fúteis na alma dos que saem do caminho do pecado, é considerado como uma virtude e presságio certo duma perfeita pureza de consciência no futuro; mas esse mesmo temor seria repreensível nos mais adiantados na perfeição, que se devem guiar pela caridade, a qual vai expulsando aos poucos o temor servil.Meditação para o Dia 15 de Fevereiro
Há duas cruzes ao lado de Nosso Senhor, no Calvário: a do bom e a do mau ladrão. Sem cruz não se vive na terra. O sofrimento é condição de nossa vida. Uma das cruzes nos há de pertencer. A do Bom Ladrão é a cruz do penitente. Dimas viu-se miserável, e pobre, carregado de crimes, pregado no madeiro infame. Contemplou ao seu lado a Misericórdia, resignou-se ao sofrimento e pediu a Nosso Senhor:E ouviu a doce voz da Misericórdia:“Senhor, lembrai-Vos de mim em Vosso Reino”
“Hoje estarás comigo no Paraíso”
Mais uma vez, chegada a santa Quaresma, desejo partilhar com você, caro Amigo deste espaço virtual, meditações diárias da Palavra de Deus, que nos ajudem, a você e a mim, a bem percorrer o caminho até as celebrações pascais. É tradição mística muito antiga da Igreja aproveitar o sagrado tempo de preparação para a Páscoa dedicando-se mais à escuta orante e saborosa da Palavra de Deus. Sobretudo nos tempos atuais, quando é tão forte a eterna tentação do homem de viver do seu modo, pelos seus critérios, na sua verdade mentirosa, é, mais que nunca, necessário, essencial, abrir o ouvido do coração para o Senhor, deixando-nos ferir, iluminar e guiar pela Sua santa Palavra. O próprio título que dei a esta série de meditações, “São estas as palavras…”, é tirado dos primeiros dizeres do Deuteronômio. Pois bem, estas são as palavras que o Senhor Deus nos dirige, a mim e a você, neste sagrado tempo de conversão, de oração, de combate espiritual, de luta contra nossos demônios, para que cheguemos, com o coração dilatado pela caridade de Cristo, às festas pascais. Fazendo isto, nossa Quaresma será, realmente, um tempo de graça e celebraremos na alegria espiritual a Páscoa da Ressurreição.
Parte III Capítulo I
A rainha das abelhas nunca sai da colmeia, sem ser rodeada de todo o enxame de seu povinho, e a caridade nunca entra num coração senão como rainha, seguida de todas as outras virtudes, que aí introduz, dispõe em ordem, segundo a sua dignidade, e fá-las agir, regulando-lhes as funções mais ou menos como um capitão dirige e ordena os seus soldados; mas não as faz agir todas ao mesmo tempo nem do mesmo modo, nem a todo momento, nem em todos os lugares. O justo — diz David — será corno uma árvore plantada junto às correntes das águas, que a seu tempo dará o seu fruto, porque a caridade, animando o coração, o leva à prática de muitas boas obras, que são os frutos das virtudes, mas cada uma a seu tempo e em seu lugar. Esforça-te por compreender exatamente o provérbio da Escritura: A música, sendo em si tão agradável, é importuna no pranto.Meditação para o Dia 14 de Fevereiro
Já conheceis a expressão de São Francisco de Sales. A adversidade é mãe e a prosperidade madrasta da virtude. Quereis a prova? Manassés, no trono real, cercado de glória e de honras, era um sacrílego; na prisão, humilhado, sofrendo, torna-se um santo. Que foi David na prosperidade? Um homicida, um adúltero. Ferido pela morte de Absalão, chora, arrependido, quando a adversidade o visita. Reconhece o seu crime e canta o seu "Miserere" e o seu "Bonum mihi quia humiliasti me!":“Foi bom para a minha alma, Senhor, que me tivesses humilhado!”