Meditação para o Dia 13 de Fevereiro
A prosperidade gera muitas enfermidades graves. E não é possível curá-las sem remédio amargo, sem regime, e, quando o perigo é iminente, sem operação. Há de intervir hábil e sábio cirurgião. E é Nosso Senhor, o Cirurgião Divino da Misericórdia. Médico e Pai de nossas almas, quem nos vem salvar. Pode uma criança chorar, revoltar-se, gritar desesperada, quando, enferma, necessita de uma operação dolorosa. Não importa! A operação há de ser feita e quem vai levar à mesa operatória esse entezinho, objeto de todo o seu amor e ternura, é a própria mãe carinhosa. Eventualmente, o pai, sendo médico, poderá ver-se obrigado a efetuar, ele mesmo a intervenção dolorosa, a cortar um braço, uma perna do amado doentinho, a fim de evitar que, por exemplo, se generalize uma gangrena, que seria fatal. Isto não é doloroso para o coração delicado e sensível de um pai? Corta, fere, com lágrimas nos olhos. Nosso Senhor é o mais terno, o mais delicado e o mais amável dos pais. A gangrena do pecado, gerada na prosperidade, no orgulho, na sensualidade, nas seduções do mundo, ameaça nossa vida eterna, a salvação de nossa alma. E o Pai de Misericórdia quer salvar-nos. Que faz Ele? Envia-nos a dor, a tribulação, sofrimentos cruéis. Compreendeis agora, almas atribuladas, por que sofreis tanto? Santo Agostinho pedia a Nosso Senhor:
Hicure, hic seca…. modo in aeternum parcas… – “Queima, Senhor, corta neste mundo, contanto que me poupes na vida eterna”
Divino Cirurgião da Misericórdia, fazei também assim comigo! Salva-me!
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 54)