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História da Igreja 3ª Época: Capítulo II

Os Iconoclastas

Logo que a Igreja acabava de condenar uma heresia, o demônio suscitava outra em menoscabo da fé. Aos monotelitas sucederam os Iconoclastas, isto é, quebradores das sagradas imagens. Diziam estes, como ainda hoje dizem os protestantes, que de nenhum modo se devem venerar as sagradas imagens, e conforme isto, não só as desprezavam, como também as quebravam quando podiam fazê-lo. Esta heresia deu ocasião a muitos males, porque foi protegida pelos imperadores Leão Isáurico, Constantino Coprônimo e Leão IV. Estes, para propagá-la mais, tornaram a usar contra os cristãos inauditas crueldades. Mas Deus vingou o ultraje feito a seus santos, ferindo, com morte infelicíssima os autores desta perseguição.

Sétimo Concílio Ecumênico

Ao subir ao trono a piedosa imperatriz Irene, animada pelo desejo de restabelecer o culto católico, pediu ao Papa Adriano I que convocasse um concílio.

O Pontífice consentiu e no ano 786 realizou-se a abertura do Concílio em Constantinopla, donde foi transladado no ano seguinte para Nicéia por cau­sa de uma sublevação das guardas imperiais infectas de heresia. Este é o sétimo concílio ecumênico, chamado segundo de Nicéia porque, como o primeiro, foi celebrado na cidade deste nome. Foi condenada nele a impiedade dos Iconoclastas por 350 bispos presididos pelos legados do Papa, os quais declararam, que era uma prática lícita e piedosa honrar as imagens de Jesus Cristo, da Virgem e dos Santos e que era coisa muito útil colocá-las também nas ruas públicas. assim, pois, podem os protestantes ver condenados pela Igreja seus erros, setecentos anos antes que eles nascessem para dar nova vida a esta velha heresia.

São João Damasceno

São João Damasceno, ou da cidade de Damasco, foi o campeão que Deus opôs aos Iconoclastas. Nascido de família nobre, foi instruído nas ciências sagradas e profanas. Jovem ainda renunciou à avultada herança paterna, e abraçou a vida monástica. Do deserto em que se achava, combateu aos Iconoclastas, demonstrando com argumentos tirados da Sagrada Escritura e da Tradição que as santas imagens sempre foram honradas pela Igreja; e que os cristãos não tributam culto de adoração às relíquias ou imagens, mas sim que as veneram somente não tendo o propósito, fazendo assim, de adorar o objeto material ou as criaturas, mas sim a quem é Senhor e Criador delas. O imperador Leão irritou-se muito com estes escritos, e não podendo ter São João em suas mãos, caluniou-o vilmente perante o príncipe muçulmano, de quem era súdito e em cuja corte ocupava o emprego de secretário. Para fazê-­lo aparecer réu de traição, fez chegar a este príncipe uma carta falsa, na qual apresentava o santo como culpado, e acusava-o de tramar uma conjuração. O príncipe em seu primeiro arrebatamento de furor, fez-lhe cortar a mão direita; porém na noite seguinte por um milagre da Bem-aventurada Virgem Maria, tornou a unir-se ao braço, de maneira que se desenganou o maometano, e somente deixou ao imperador a vergonha de uma atrocidade sem fruto. Então este desafogou sua cólera matando a muitos cristãos que a Igreja honra como mártires. São João Damasceno terminou em paz sua vida pelo ano de 780. Considera-se como o modelo dos teólogos; e sua maneira de tratar as questões, que se chama método escolástico, foi seguida mais tarde no ensino da teologia.