Meditação para o Dia 23 de Junho
1. Puro é quem sujeita a carne ao espírito, subtraindo ao serviço das baixas inclinações a imaginação, a memória, o pensar, querer e sentir, olhos, ouvidos, boca e mãos. Virtude tão estimável é um vaso precioso, mas muito quebradiço. Não há nada para onde a natureza corrupta se incline, sem cessar, com tanta veemência, como para o lado dos prazeres sensuais. Talvez passem anos sem graves combates; de repente, desencadeia-se verdadeiro furacão. Além disto outros perigos ameaçam a santa pureza: o impetuoso combate do mundo, as más companhias, o próprio anjo impuro. Quantos cuidados por isso são precisos!Meditação para o Dia 22 de Junho
1. "Ó quão formosa é a casta geração com claridade, pois imortal é a sua memória, porquanto é honrada diante de Deus e dos homens". Sublime elogio, dado pelo Espírito Santo! O casto assemelha-se a Deus e aos anjos, adquirindo em longo, árduo e perigoso combate, o que estes possuem por sua natureza. Ainda aqueles que não tem a coragem de seguir a vereda luminosa da castidade, olham-na com admiração. Na terra, indizível paz de consciência, e veneração por todos; no céu, a palma da vitória e prerrogativas dados só aos castos, - eis quanta recompensa!Capítulo XI
Transportemo-nos, cristãos, à pequena casa de Nazaré, à humilde habitação de Maria e José. Ali serão feridos nossos olhos de um espetáculo digno de toda a nossa admiração; ali veremos o nosso Jesus submeter-se, por amor nosso, à sua criatura, e nada mais fazer, até à idade de trinta anos, do que obedecer. Erat subditus illis. A estas palavras, exclama Bossuet, fico transportado de admiração; pois este era o único emprego de Jesus Cristo, do Filho de Deus? Todo o seu emprego, todo o seu exercício, era obedecer a duas de suas criaturas. E obedecer-lhes em quê? Nos mais baixos ofícios, na prática de uma arte mecânica. Onde estão os que se lastimam que murmuram de seus cargos não corresponderem ao seu gênio, melhor digamos a seu orgulho? Que venham a casa de José e Maria e que vejam a Jesus Cristo... Ó Deus, já não estou em mim! Vem, orgulho, vem arrebentar à vista deste espetáculo! Jesus filho de um carpinteiro, ele mesmo carpinteiro, conhecido só por este ofício, e não se falar de outro emprego ou ação sua! Diz Bossuet nas "Elevações sobre os mistérios".Erat subditus illis - "E Jesus estava à obediência deles" (Lc 2, 51)
Meditação para Dia 18 de Fevereiro
1. a) "E lhes estava sujeito". Em que obedeceu Jesus? Em tudo. A oficina dum pobre artista não tinha nada de grande, de extraordinário, de brilhante. Jesus obedeceu nas coisas mais pequeninas, ajudando a sua mãe no serviço doméstico e a seu pai em seus trabalhos de oficial. b) Como obedeceu? Imediatamente, sem hesitar ou adiar, de boa vontade, humildemente e sujeitando o próprio juízo. A Sabedoria incarnada, infinita, sujeita-se a criaturas de inteligência ilimitada. E tu?Meditação para Dia 19 de Janeiro
Isto já diz o divino Infante desde o presépio. Deus se humilha ao ponto de vestir-se com a nossa carne. E mais. Aceitando um corpo humano, escolheu o que dos homens é mais desprezado: por mãe - uma virgem pobre; por pai nutrício - um humilde artista; por casa - uma estrebaria; por berço - um presépio; por vestes - pobres faixas. Escondeu sua majestade, seu poder, sua sabedoria e as demais qualidades divinas. Que contraste entre Jesus e teu modo de ver e de agir!1. "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração"
Sumário. Deu-nos Deus a Santíssima Virgem como exemplar de todas as virtudes, mas especialmente da paciência. Semelhante à rosa, ela cresceu e viveu sempre entre os espinhos da tribulação. Se, portanto, quisermos ser filhos desta Mãe, força é que procuremos imitá-la, abraçando com resignação as cruzes; e não somente as que nos vierem diretamente de Deus, mas também as que vierem da parte dos homens, tais como sejam as perseguições e os despresos.Patientia vobis necessaria est: ut volutantem Dei facientes reportetis promissionem - “A paciência vos é necessária, a fim de que fazendo a vontade de Deus alcanceis a promessa” (Hb 10, 36)
Sumário. Desde o instante em que a Santíssima Virgem recebeu a vida, e com esta o uso perfeito da razão, começou também a orar e nunca mais deixou de orar até ao seu último suspiro. Se Maria, tão santa e imaculada, foi tão amante da oração, quanto mais nós a devemos amar, que estamos tão propensos ao mal e temos inimigos tão fortes que combater? À imitação de nossa querida Mãe, habitemos com os nossos afetos no céu, nunca percamos de vista a eternidade e seja a oração o nosso único ornato.Oportet semper orare et non deficere - “Importa orar sempre e não cessar de o fazer” (Lc 18, 1)
Sumário. Para a nossa salvação, é mister que no dia do juízo a nossa vida se ache conforme à de Jesus Cristo. Esforcemo-nos, pois, por imitar os exemplos luminosos de virtude que Ele nos dá continuamente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia: a sua humildade profunda, a sua mansidão inalterável, aceitando de boa vontade o que Deus manda. Para suprirmos ao que nos falta, ofereçamos a Deus muitas vezes, e particularmente na missa, os merecimentos do divino Redentor.Qui appropinquant pedibus eius, accipient de doctrina illius - “Os que chegam a seus pés, receberão da sua doutrina” (Dt 33, 3)
Sumário. Na Santíssima Virgem tudo estava em perfeita harmonia, porque estava isenta do pecado original e cheia de graça. A carne obedecia prontamente ao espírito; e o espírito a Deus. Contudo ela foi tão amante da mortificação que se tornou um modelo perfeito desta virtude. Quanto mais mortificados não devemos ser nós que temos tantas más paixões a exprimir e quiçá tantas culpas a expiar. E somos tão delicados e tão amantes de nossa comodidade. A continuarmos assim, como nos poderemos gloriar de ser filhos de Maria?Manus meae stillaverunt myrrham, et digiti mei pleni myrrha probatissima - “As minhas mãos destilaram mirra, e os meus dedos estavam cheios da mirra mais preciosa” (Ct 5, 5)