I
Havia um ano que João Batista pregava, anunciando a magnificência mais que humana d’Aquele «que estava entre os homens, mas que os homens ainda não conheciam». Quanto a Ele, reconhecera-O antes à margem do Jordão, e dava disso testemunho dizendo:O filho de Zebedeu ainda não O tinha visto, mas tudo o que ouvia dizer desse Mestre sobre-humano incitava cada vez mais o desejo de conhecê-lO e despertava-lhe os primeiros ardores daquela caridade que ia tornar-se inseparável de seu nome. A escola de João Batista era para seu discípulo uma escola de doutrina superior e toda celestial, e ao mesmo tempo o noviciado de uma vida santamente contrita. Seguindo o exemplo do Mestre, dedicou-se ao nazaritismo, instituto de perfeição em que os Judeus se consagravam mais particularmente a Deus, fazendo voto de abster-se de qualquer licor fermentado e de deixar crescer intacta a cabeleira (Nm 6, 1-21). É de crer que recebera também o batismo do Precursor. Porém este rito exterior era apenas o sinal da pureza espiritual, e da renovação moral que o grande Profeta exigia, como preparação ao batismo d’AqueIe que devia batizar com o fogo e o Espírito. O discípulo bem o compreendera; preparara nele os caminhos do Senhor, e tornara retas suas veredas: o Senhor podia vir. Jesus Cristo, Filho de Deus, veio à Judeia nas margens do Jordão no 15° ano do reinado de Tibério, o 30° da era vulgar, e, segundo o cálculo de sábios cronologistas, no começo da primavera.“Eu vi o Espírito Santo descer do céu em forma de pomba, e pairar sobre Ele. Eu o vi, e dei testemunho de que este é o Filho de Deus" (Jo 1, 32-34)