Meditação para o Dia 20 de Agosto
Segundo a Imitação de Cristo, Cap. XX - L. III
Ai! Que vida esta, cercada, de todos os lados, de tribulações e misérias, onde tudo está cheio de laços e de inimigos! Ainda uma tribulação ou tentação não é passada já outra está conosco. Ainda não saímos de uma batalha, já outras muitas estão sobre nós sem as esperarmos. E como se pode amar uma vida cheia de tantas amarguras, sujeita a tantas calamidades e misérias? Como se pode até chamar vida o que gera tantas dores e mortes? Contudo, muitos a amam e trabalham para nela descobrir sua felicidade.
Meditação para o Dia 15 de Agosto
Segundo a Imitação de Cristo, Cap. XII vs. 11 - L. II
Quando chegares ao estado em que a aflição te seja suave e gostosa por amor de Jesus Cristo, dá-te então por feliz, porque achaste o paraíso na terra. Mas, enquanto o padecer te for molesto e buscares evitá-la, crê que te vai mal, e onde quer que fores, contigo irá a tribulação. Se te resolveres, como deves, a sofrer e morrer, logo te irá melhor e acharás a paz. E, ainda quando fosses arrebatado, como São Paulo, ao terceiro Céu, nem por isso estarias isento de padecer. “Eu lhe mostrarei – diz Jesus – quando convém que ele sofra por meu nome”.
Meditação para o Dia 05 de Fevereiro
São Francisco de Sales, admirável nas suas comparações geniais, referindo-se à vara de Moisés, que se transformava em serpente quando no chão, e voltava a ser vara na mão do profeta, escreveu:“Se olhais para a terra, a vara, de que se serviu Moisés diante do Faraó, é medonha serpente, mas, se a vedes na mão de Moisés, é uma varinha com a qual ele opera milagres. São assim as tribulações. Consideradas em si, na verdade, são horríveis e intoleráveis; consideradas na mão de Deus, são amáveis e deliciosas”
Meditação para o Dia 04 de Fevereiro
Nas tribulações, quando nos impacientamos, perdemos um rico tesouro de graças que, aproveitadas, dariam um aumento de glória no Céu e um bom desconto nas dívidas de nossos enormes pecados. Vai esclarecer-nos uma parábola. Um rei mandou prender dois súditos que lhe deviam grandes somas e nada possuíam para resgate das dívidas. Sua Majestade foi à prisão, levando duas bolsas cheias de ouro, que atirou com força às cabeças dos seus devedores. Um deles, indignado, com a cabeça a latejar de dor,arremessou para um canto, sem ter querido saber de seu conteúdo, a bolsa que lhe fora destinada.2º Domingo do Advento
Sumário. É muito grande a utilidade que nos trazem as tribulações. O Senhor no-las envia para em seguida nos enriquecer com as melhores graças. Considerai, com efeito, que São João, estando encarcerado, chega a conhecer as obras de Cristo, e recebe dele os mais elevados elogios. No tempo das tribulações, em vez de nos lastimarmos, abracemos a cruz com resignação e com ação de graças.Ioannes autem cum audisset in vinculis opera Christi... - “Como João, estando no cárcere, tivesse ouvido as obras de Cristo...” (Mt 11, 2)
20º Domingo depois de Pentecostes
Sumário. Em nossas tribulações não nos é proibido pedirmos a Deus que nos livre delas; mas é necessário que nos conformemos com a sua vontade. Estejamos certos de que Deus não nos envia as cruzes para nossa perdição, mas para nossa salvação e para nos comunicar as suas graças. Vede o bom régulo de quem nos fala o Evangelho. Talvez nunca tivesse pensado em ser discípulo de Jesus Cristo; mas o Senhor atraiu-o a si por meio da enfermidade do filho, e comunica-lhe, a ele e a toda a família, o mais precioso de seus dons, a fé.Credidit ipse et domus eius tota - “Creu ele e toda a sua família” (Jo 4, 53)
Sermão de John Hernry Cardeal Newman
Quarto domingo depois da Epifania
Comentário ao Evangelho de Mt 8, 27
(30 de janeiro de 1848)
Nosso Senhor ordenou aos ventos e o mar, e os homens que o viram se maravilharam, dizendo:“Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?” (Mt 8, 27).Foi um milagre que mostrou o poder de nosso Senhor sobre a natureza. E, portanto, eles se perguntavam, porque não conseguiam entender – e com razão – como um homem poderia ter poder sobre a natureza, a menos que lhe fosse concedido por Deus. A natureza trilha seu próprio caminho e não podemos alterá-la. O homem não pode alterá-la; só pode usá-la. A matéria, por exemplo, descende: a pedra, o ferro, todos precipitam-se sobre a terra, quando deixados a si mesmos. Mais uma vez, deixados a si mesmos não podem se mover, exceto pela queda. Só se movem quando são puxados ou empurrados à frente. A água nunca fica em porção ou massa, mas flui por todos os lados, tanto quanto pode. O fogo sempre queima, ou tende a queimar. O vento sopra de um lado para outro, sem qualquer regra ou lei detectável, e não podemos dizer como vai soprar amanhã observando como sopra hoje. Vemos todas estas coisas; elas têm o seu próprio curso, não podemos alterá-las. Tudo que tentamos fazer é usá-las; nós as tomamos da maneira que as encontramos e as usamos. Não tentamos mudar a natureza do fogo, da terra, do ar ou da água, mas observamos qual é a natureza de cada um e tentamos nos beneficiar. Nós nos beneficiamos do vapor, e o usamos em carros e navios; nos beneficiamos do fogo e o usamos de mil maneiras.
Sumário. Lida que foi a sentença de morte, Jesus não espera que os algozes lhe impusessem a cruz: Ele mesmo a abraça, beija-a e põe-na sobre os ombros chagados e vai ao Calvário. Quis o Senhor ensinar-nos o modo como também devemos abraçar as cruzes que nos envia, para remédio dos pecados cometidos e para penhor da felicidade eterna. Persuadamo-nos de que, para sermos glorificados com Jesus Cristo, é mister que primeiro padeçamos com Ele, e que, exceção feita as crianças, ninguém entrou no céu senão pelo caminho das tribulações.Et baiulans sibi crucem, exivit in eum qui dicitur Calvariae locum - “Carregando sua cruz, foi ao lugar chamado Calvário” (Jo 19, 17)