Carregando a sua cruz encaminhou-se Jesus para o lugar chamado Calvário, em Hebreu, Gólgota. Ao sair da cidade encontraram eles um homem de Cirene que por ali passava de volta do seu campo, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo e o constrangeram a carregar a cruz atrás de Jesus. Acompanhava-o uma grande multidão de povo e de mulheres, que, batendo nos peitos o lamentavam. Mas Jesus, voltando-se para elas disse: “Não choreis por mim, mas chorai por vós e por vossos filhos, porque tempo virá em que se há de dizer: felizes as estéreis, as entranhas que não geraram e os seios que não amamentaram. Então começarão a dizer às montanhas: — caí sobre nós; e aos outeiros: ocultai-nos. Porque se o lenho verde é assim tratado que há de ser do seco?” Conduziram também com Ele dois outros malfeitores para serem mortos.Esmagado sob o peso da cruz, Nosso Divino Redentor atravessa as ruas de Jerusalém entre as multidões que o insultam, e seguido de assassinos e ladrões arrancados à prisão para o suplício e a morte. Quanta humilhação e vergonha! Nas estações da Via-Sacra, três vezes contemplamos Nosso Senhor caído por terra. Tão esmagador era o peso da cruz e tanto sangue lhe corria das chagas abertas! Temeram que expirasse, antes da morte ignominiosa do Calvário, e obrigaram o Cireneu a ajudá-lo a carregar a Cruz. E nesta via dolorosa, nesta hora de opróbrios e amarguras, surge entre a multidão uma mulher — Maria Santíssima. Vai ao encontro de seu Filho amado e o abraça, e segue com Ele até o Calvário! Ao contemplarmos este mistério do Rosário lembremos a cena do encontro de Maria com seu Divino Filho, unamo-nos às dores de Nossa Mãe Santíssima e recitaremos melhor nosso Rosário! As quedas de Jesus nos consolam e servem de tremenda lição. Uma lição de sangue e de dores. Mostram-nos como somos fracos, e como tantas vezes, recaímos no pecado, voltamos às mesmas vergonhosas misérias que nos humilham.
Os soldados do governador, Conduzindo Jesus ao Pretório, reuniram em torno dele toda a corte, e despojando-o das suas vestes, o cobriram com um manto de púrpura. Depois entrelaçando uma coroa de espinhos a puseram sobre a cabeça, e na mão direita uma cana. Ajoelhando-se diante dEle, o escarneciam os soldados, dizendo: “Deus te salve, rei dos Judeus!” E lhe davam bofetadas, e cuspiam-lhe na face, e tomando a cana, batiam-lhe na cabeça.Depois da flagelação, a coroação de espinhos. Ainda não bastavam os açoites. A crueldade dos inimigos de Jesus prepara-Lhe uma coroa de agudos e penetrantes espinhos que ferem a Sacrossanta cabeça do Redentor. E batem com a cana para que mais fundo penetrem os espinhos. Terrível suplício! Jesus se vê abandonado e entregue às zombarias e insultos dos inimigos. Batem-Lhe na face e zombam da sua realeza dizendo:
— Deus te salve, Rei dos Judeus!
A Flagelação de Jesus
Diz simplesmente o Evangelho:A flagelação era um horrível tormento e, de todos, o mais humilhante, depois da crucifixão, suplício de escravos. Embora o Evangelho seja lacônico em tratar da flagelação de Jesus, podemos afirmar com certeza ter sido um suplício dos mais horrorosos da Paixão. A lei dos judeus ordenava não passasse de quarenta golpes. Para Nosso Senhor, entretanto, não havia mais lei, nem medida, nem número. Fora entregue à ira dos carrascos. Batem furiosamente sobre o corpo santíssimo do Redentor e O ferem da cabeça aos pés. Rasgam-Lhe as carnes e o sangue corre até o chão. Golpes sobre golpes e sobre as feridas já abertas. Jesus é uma chaga viva. Ninguém o reconhece. É a figura de um leproso de chagas abertas: Vidimus eum quasi leprosum, dizia o profeta."Pilatos, pois, tomou então a Jesus e O mandou flagelar" (São João 19,1 — São Mateus 27 — São Marcos 15).
A Agonia de Jesus no Horto
Evangelho de São Mateus: 26, 30-46; São Marcos: 14, 26-42; São Lucas: 22, 39-46; São João: 18, 1Depois destas palavras, tendo recitado o hino de ação de graças, saiu Jesus com os discípulos para além da torrente de Cedron. Dirigindo-se para o monte das oliveiras, segundo costumava, chegaram a um lugar chamado Getsêmani, onde havia um jardim onde entrou com seus discípulos. Chegando a esse lugar disse-lhes Jesus: “Sentai-vos aqui enquanto eu vou ali fazer oração. Orai também para que não entreis em tentação”. Depois, tomando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, começou a sentir pavor e angustia, e caiu em tristeza e abatimento. — Minha alma está triste até a morte, lhes disse Ele, Ficai aqui e velai comigo. Adiantando-se um pouco afastou-se deles à distancia de um tiro de pedra, prostrando-se com a face no chão, e começou a orar para que se fosse possível, se afastasse dele aquela hora. Meu Pai, meu Pai, dizia Ele, se é possível, afaste-se de mim este cálice; todavia faça-se a vossa vontade e não a minha. Voltando aos discípulos, encontrou-os dormindo, acabrunhados pela tristeza, e disse a Pedro: “Simão, tu dormes? Assim não pudeste vigiar uma hora comigo? Vigiai e orai para não entrardes em tentação, porque o espírito está sempre pronto mas a carne é fraca” Afastou-se de novo e orou pela segunda vez, dizendo: “Meu Pai, se não pode passar este cálice, sem que eu beba, faça-se a vossa vontade” Voltou ainda e encontrou-os outra vez dormindo, porque tinham os olhos pesados; e não sabiam o que lhes responder. Tendo-os deixado foi de novo, e orou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. E tendo caído em agonia, multiplicava as orações. Sobreveio-lhe, então, um suor como de gotas de sangue que corriam até o chão. Mas apareceu um Anjo do céu e o confortou. Levantando então da oração, pela terceira vez voltou aos seus discípulos e lhes disse: “Dorme agora e descansai. Eis que chegou a hora e o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos e vamos: — Está próximo aquele que me há de entregar”.
Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém por ocasião da festa da Páscoa. Chegando, pois, o Menino aos doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume, no dia desta solenidade. Voltando eles para Nazaré depois de terminada a festa, o Menino Jesus se deixou ficar em Jerusalém sem que os pais o percebessem. Pensando que Ele estivesse com alguém da comitiva, caminharam um dia inteiro e o procuraram entre os parentes e conhecidos. Mas não o encontrando, voltaram a Jerusalém a fim de procurá-lo. E aconteceu que ao terceiro dia o foram encontrar no templo, sentado entre os Doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam se admiravam da sua sabedoria e das suas respostas. Vendo-o, se admiraram, e sua mãe disse: “Meu filho, por que procedeste assim conosco? Eis que teu pai e eu te procuramos aflitos. Mas Jesus lhes respondeu: “Porque me procuráveis? Não sabeis que me devo ocupar nas coisas que são do serviço de meu Pai?” E eles não compreenderam o que lhes dizia Jesus. Descendo com eles veio Jesus a Nazaré e lhes era submisso. Sua Mãe conservava todas estas coisas no coração, e Jesus progredia em sabedoria, idade e em graça diante de Deus e dos homens.Grande foi a dor de Maria ao perder seu Divino Filho. Há quem diga, escreve Santo Afonso, que esta dor foi uma das maiores, senão a maior. E a razão é que nas outras dores, Maria tinha Jesus consigo. Padeceu na fuga para o Egito e pela profecia de Simeão no Templo, mas sempre tinha Jesus, e, com Jesus. Agora porém sofre sem Jesus e sem saber onde Ele se encontra.
"Apareceu naquele tempo um edito de Cesar Augusto para que se fizesse o recenseamento dos habitantes de toda a terra. Este primeiro recenseamento foi feito por Cirilo, governador da Síria; e todos ia fazer-se inscrever, cada qual na sua cidade. Subiu, também, José da cidade de Nazaré, na Galileia, à cidade de Davi, que se chamava Belém, na Judeia, porque era da casa e da família de Davi, a fim de se alistar com Maria, sua esposa, que ia ser mãe. Estando nessa cidade, completaram-se os dias da maternidade de Maria, e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em panos e reclinou num presépio, porque não havia lugar para eles na estalagem. Ora, naquela mesma região, havia uns pastores que velavam, revezando-se durante a noite, na guarda dos seus rebanhos. Eis que lhes apareceu um Anjo do Senhor, envolvendo-os em uma claridade divina, e eles se encheram de grande temor. Mas o Anjo lhes disse: “Não temais, porque vos trago uma notícia que será de grande alegria para todo o povo: é que hoje, na cidade de Davi, vos nasceu um salvador que é o Cristo Senhor. E este é o sinal que vo-lo fará conhecer. Encontrareis o menino envolto em panos, reclinado em um presépio”. No mesmo instante uniu-se ao Anjo uma multidão da milícia celeste que louvava a Deus dizendo: Glória, a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos homens de boa vontade. Logo que os Anjos se retiraram e foram para o céu, os pastores começaram a dizer uns aos outros: “Vamos até Belém para vermos este prodígio que aconteceu”. Partiram, pois, a toda pressa, e encontraram Maria, José e o Menino deitado em um presépio. E contemplando-o reconheceram a verdade do que lhes fora dito a seu respeito. Todos aqueles que ouviram falar deste prodígio se admiraram do que lhes disseram os pastores. Maria, porém, conservava estas coisas todas, meditando-as no seu coração. E os pastores votaram, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham ouvido e presenciado, conforme lhes anunciara o Anjo"
Nesse tempo, Maria levantando-se, pôs-se a caminho e foi a toda pressa, a uma cidade de Judá que ficava nas tantas e, entrando na casa de Zacarias, saudou a Izabel. Aconteceu que, ouvindo Izabel a saudação de Maria, logo estremeceu de alegria a criança que tinha em seu seio. Izabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em altas vozes: “Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Mas, donde me vem esta honra de ser visitada pela mãe do meu Senhor? Porque assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos logo exultou de alegria o filho que trago em minhas entranhas. Bem-aventurada és Tu, porque acreditaste; pois tudo aquilo que te foi dito da parte do Senhor, se há de realizar”. Então disse Maria: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito exultou em Deus, meu Salvador, porque atendeu à humildade da sua serva. Eis que daqui por diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois Aquele que é poderoso fez em mim grandes coisas. O seu nome santo se entende de geração em geração, sobre todos aqueles que o temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os que se orgulhavam nos pensamentos do seu coração. Depôs do Trono os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os que tinham fome, e despediu os ricos com as mãos vazias. Lembrado da sua misericórdia, tomou debaixo da sua proteção a Israel seu servo como tinha prometido a nossos pais, e a posteridade para sempre”. Ficou Maria com Izabel cerca de três meses e depois voltou para sua casa.