Remansit puer Iesus in lerusalem, et non cognoverunt parentes eius — “O Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais se apercebessem” (Lc 2, 43)Sumário. Consideremos a aflição e os incômodos que Jesus, Maria e José experimentaram na volta do Egito; consideremos em seguida a dor dos santos Esposos na perda do seu divino Filho, após a visita ao templo. Habituados como estavam a gozar a doce presença e companhia do Salvador, quantas lágrimas não devem ter derramado nos três dias à procura do objeto de seu amor? Tanto mais, porque na sua humildade receavam ter desagradado ao divino Menino, que por isso os quisesse privar da sua presença. Para a alma que pôs em Deus todo o seu amor, não há aflição maior do que a dúvida de o ter ofendido.
Sumário. Consideremos a obediência pronta de São José. Apenas recebida a ordem do Anjo, apresta-se para a viagem ao Egito, posto que previsse os incômodos que semelhante viagem, bem como a sua permanência naquele lugar, devia causar tanto a ele mesmo como a sua Esposa e seu divino Filho. Como é que nós obedecemos aos mandamentos de Deus e às ordens dos nossos superiores? Ao menos, esforcemo-nos para o futuro por imitar o santo Patriarca, e unamo-nos a estes santos peregrinos na viagem que estamos fazendo para a eternidade.Surge et accipe puerum et matrem eius, et fuge in Aegyptum — “Levanta-te e toma o Menino e sua Mãe, e foge para o Egito” (Mt 2, 13)
Sumário. Consideremos os doces colóquios dos santos Esposos sobre o mistério da Encarnação, durante a viagem de Nazaré a Belém. Imaginemos a tristeza de São José vendo-se com Maria expulso de Belém e obrigado a refugiar-se numa gruta. Mas a tristeza se trocou em alegria, quando o Patriarca ouviu o doce canto dos anjos, viu o Filho de Deus feito menino, e os pastores e os magos prostrados em adoração. Unamos os nossos afetos ao de São José e admiremos como o Senhor alterna as alegrias com as tristezas na vida dos justos.Ascendit autem et Ioseph ... in civitatem David, quae vocatur Bethlehem— “Subiu também José ... à cidade de Davi, que se chama Belém” (Lc 2, 4)
Prudência e Caridade de São José
Deus, cujos desígnios são impenetráveis, não quis revelar ao esposo de Maria o grande mistério que nela acabava de completar-se. Só depois que voltou de casa de Isabel é que José percebeu o estado em que Maria Santíssima se achava, o que o afligiu vivamente; mas, como ele era justo e não queria infamar esta esposa querida cuja virtude conhecia, resolveu deixá-la ocultamente. Exemplo admirável de doçura, prudência, moderação e caridade! A alta ideia, que ele tinha de santidade de sua casta esposa, não lhe permite que desconfie dela; suspende o seu juízo, poupa a reputação de Maria, tem para com ela as mesmas atenções, caridade e respeito, entrega tudo aos cuidados da divina Providência. Quantas suspeitas injuriosas, quantos juízos temerários, quantos pecados não evitaríamos nós, se tivéssemos a mesma prudência, reserva e caridade, quando julgamos ver algum defeito no procedimento do nosso próximo, quando somos tentados a julgá-lo e a condená-lo!Conveniência de Maria Santíssima ter um esposo
Transportemo-nos hoje em espírito ao templo de Jerusalém para presenciarmos um espetáculo em que a Virgem Maria não se mostra menos admirável, nem nos oferece instruções menos úteis, do que na sua Apresentação. Entrava nos desígnios de Deus que esta Virgem incomparável, escolhida desde toda a eternidade para ser Mãe do divino Redentor dos homens, mostrasse em sua pessoa o modelo completo de todas as virtudes nas diferentes condições da vida. Foi, portanto, sábia disposições da Providência que Maria, havendo de conceber milagrosamente e dar à luz, sem quebra de sua integridade, o Verbo Encarnado, tivesse uma testemunha e guarda, fiel de sua pureza, e fosse ao mesmo tempo o pai putativo e aio do Homem-Deus. Admiremos os segredos da divina sabedoria! Quão perfeita e retamente ordenados são todos os seus planos! Como ela sabe dispor tudo com força e suavidade para o complemento dos Seus desígnios!São José no Rosário
Nenhuma oração nos lembra tanto São José como o Rosário. Na contemplação dos mistérios gozosos não o podemos separar de Maria. Da Anunciação ao Encontro de Jesus no Templo, o Evangelho sempre nos mostra São José ao lado de Jesus e Maria. Que amargura e perplexidade angustiosa antes que lhe revelasse o Anjo o mistério da Encarnação! Que alegria e caridade na visita a Santa Isabel! E no presépio de Belém? Oh! Como é doce e amável São José na gruta em adoração ao Filho de Deus Encarnado, seu Filho adotivo e seu Deus! Na Apresentação ei-lo com Maria e Jesus a ouvir a profecia de Simeão. Três dias procura aflito o Deus Menino e o encontra entre os doutores. Tudo isto nossa piedade vai meditando ao desfiar as contas do Rosário nos mistérios gozosos. E sempre nos aparece a figura tão amável de nosso querido São José.Meditação para o Dia 19 de Março
Da vida de São José nada consta de extraordinário. Tudo simples. Não foi um taumaturgo, não fez milagres em vida, não profetizou, não consta fenômeno algum, a seu respeito, da natureza daqueles que, à leitura da vida de alguns santos, arrebatam-nos a admiração. O milagre maior do Santo Patriarca foi o do seu abandono e conformidade à Vontade de Deus. Que modelo de paciência! Pensa em abandonar a Esposa após a encarnação do Verbo. É avisado pelo Anjo e sem demora obedece. Nasce Jesus na pobre manjedoura, e ali está São José, cheio de amor e confiança, adorando o Verbo feito Homem.Meditação para o Dia 13 de Dezembro
1. "E José, seu esposo, como era justo e não a queria infamar, resolveu deixá-la ocultamente". Terrível provação para o esposo! Maria, o ideal de toda virtude, que São José diariamente teve de admirar, era mãe, mas ele ignorava a mensagem do anjo e a conceição milagrosa em virtude do Espírito Santo. Com tanta severidade Deus prova às vezes os justos! São José não pensou em fazer valer seus direitos, manifestando tudo. Resolveu antes deixar ocultamente sua esposa e não lhe manchar a reputação. És u tão solícito pela reputação alheia como São José?Meditação para o Dia 10 de Dezembro
1. a) Conformando-se com a vontade de Deus, Maria Santíssima despojou-se com São José. Não receava por sua virgindade, que lhe era sobremodo cara; confiava tranquilamente na Onipotência divina, que de fato lha conservou. Aprende de tua Mãe a confiar, plenamente, em Deus, por maiores que sejam as tuas necessidades. b) Deus não quis que a pureza de Sua Mãe fosse exposta a alguma suspeita. Cuidas assim de tua boa reputação, e também do bom nome de teu próximo? Deus quis que o mistério da Encarnação, por algum tempo, fosse desconhecido pelo mundo. Escondes, do mesmo modo, o que talvez tens de bom e de louvável? Vamos contemplar, neste capítulo, a figura de são José. No presépio, ele costuma estar um pouco recuado, quase na sombra, olhando para o Menino e amparando Maria e Jesus com a sua vigilância carinhosa. Que figura, a de são José! O Evangelho o define com uma só palavra: era justo (Mt 1, 19). Vale a pena meditarmos nisso. Pode ajudar-nos lembrar que, quando a Bíblia afirma que alguém é justo, quer dizer que é bom, que é reto, que está sempre «ajustado» com Deus, ou seja, que vive sempre em sintonia com Deus, com os seus preceitos e os seus pedidos. Numa palavra, que é santo e que, por isso mesmo, também é íntegro e honesto com os outros. Essas qualidades brilham mais quando lembramos que São José teve um caminho bastante sofrido, misto de sombras e de luzes, até chegar ao Natal. Foi reto no meio das perplexidades, foi totalmente leal a Deus e a Maria nos dias desconcertantes em que não podia entender o que estava acontecendo.