Parte V Capítulo VII
Demorei-me mais nos pontos antecedentes, que servem para conhecer os progressos feitos na vida espiritual; porque o exame dos pecados tem em mira a confissão daqueles que não aspiram a perfeição. Entretanto, é bom deter-se em cada um desses pontos, considerando o estado da alma e as faltas maiores que se poderão ter cometido. Mas, para resumir tudo, limitemos este exercício ao exame das paixões e consideremos unicamente o que temos sido e como nos temos comportado quanto aos pontos seguintes:Parte V Capítulo VI
Cumpre amar a um marido ou a uma esposa com um amor suave e tranquilo, firme e contínuo, e isso porque Deus assim o quer. O mesmo. digo dos filhos, dos parentes próximos e amigos, segundo o grau dos laços que nos unem. Mas, para falar em geral, quais são as disposições do teu coração para com o próximo? Amas sinceramente a todos por amor a Deus? Para o conheceres, relembra-te de algumas pessoas desagradáveis, enfadonhas e mal asseadas; é exatamente aqui onde se mostra o amor ao próximo, por Deus, ainda mais quando se tratam bem aqueles que nos ofenderam por suas ações ou palavras.Meditação para o Dia 15 de Abril
Ninguém é mais livre do que a alma inteiramente abandonada à Vontade de Deus. Nada a perturba e embaraça. Luta, sofre, trabalha, sempre feliz, numa paz inalterável. As almas imperfeitas sofrem muito. Uma palavrinha as perturba, qualquer moléstia ou contrariedade as atira num mar de aflições e queixas desesperadas. A alma abandonada, confiante, só tem um ideal: fazer a vontade de Deus. Passará da saúde para a doença, da secura para as consolações, da calma para a tentação, dos reveses da sorte para a prosperidade, sempre conformada, humilde, feliz por cumprir a Vontade Daquele que tudo dispõe, neste mundo, para nosso bem.Parte V Capítulo IV
1. Que diz o teu coração com respeito ao pecado mortal? Tens a firme resolução de não cometê-lo por nada neste mundo? Nisto consiste realmente o fundamento da vida espiritual. 2. Que diz o teu coração relativamente aos mandamentos de Deus? Ele os acha bons, suaves e agradáveis? Ah! Filotéia, quem tem o paladar e o estômago sadio gosta dos pratos bons e rejeita os maus. 3. Que diz o teu coração acerca do pecado venial? É impossível velarmos tanto sobre nós mesmos que não cometamos nenhum. Mas não há algum para o qual tenhas uma inclinação especial, ou, o que seria pior ainda, ao qual tenhas afeto?Parte V Capítulo III
O segundo ponto deste exercício é um tanto longo e por isso aconselho-te que o tomes por partes, por exemplo, tomando de uma vez o que concerne com teu procedimento para com Deus; o que diz respeito a ti mesmo, para outra; depois o que toca ao próximo e enfim a consideração das paixões. Não é necessário estar de joelhos senão ao princípio, para te apresentares a Deus, e no fim, para fazer os afetos. As outras partes deste exame, podes fazê-las com utilidade, mesmo na cama, se puderes estar aí algum tempo deitada sem adormecer; mas para isto é necessário que as tenhas lido atentamente. Cumpre que faças tudo o que concerne a este segundo ponto em três dias e duas noites no máximo, tomando cada dia e cada noite algumas horas para isto, conforme te for possível; pois, fazendo estes exercícios em ocasiões distantes uma da outra, eles já não farão as impressões que deverão produzir.Meditação para o Dia 13 de Abril
Para construir a Jerusalém celeste, quer o Senhor, pedras bem talhadas, obras-primas de arte e estátuas belas e vivas de amor. E Ele, o Divino Escultor, é quem prepara, talha e aperfeiçoa, com o cinzel das criaturas, as pedras vivas da Pátria celeste. O escultor, ante o bloco de mármore, sente palpitar a chama do seu ideal de artista. E bate, corta, desbasta, até que apareça aos seus olhos a estátua que idealizou. Assim faz Nosso Senhor conosco. Somos pedras vivas, destinadas à construção da Jerusalém celeste.Parte V Capítulo II
1. Considera os pontos dessa protestação. O primeiro é ter detestado, deixado e renunciado para sempre todo o pecado mortal. O segundo é ter consagrado tua alma, teu corpo, com todas as suas potencias e faculdades, ao serviço de Deus. O terceiro é que, se cometeres alguma falta, te levantes imediatamente. Não são estas resoluções louváveis, justas, generosas? Pensa, pois, quão razoável, santa e desejável é esta protestação. 2. Considera a quem fizeste esta protestação: a Deus. Se os compromissos tomados deliberadamente com os homens nos obrigam tão estritamente, quanto mais os que assumimos com Deus!Ah! Senhor, dizia David, a ti foi que eu disse: Meu coração formou uma boa resolução, da qual nunca me esquecerei.
Parte V Capítulo I
O primeiro ponto deste exercício consiste em reconhecer bem a sua importância. A fragilidade e as más inclinações da carne, que agravam a alma e arrastam para as coisas da terra, nos fazem abandonar facilmente as nossas boas resoluções, a menos que, a força de as guardar, nos esforcemos muitas vezes para nos elevar aos bens celestes, como os pássaros, que, para não cair por terra, precisam bater continuamente com as asas no ar. Eis aí a razão, Filotéia, por que deves renovar assiduamente os bons propósitos de servir a Deus, com receio de que com o tempo recaias no primeiro estado ou, antes, noutro muito pior ainda, porque as quedas na vida espiritual nos colocam sempre muito abaixo ainda do que estávamos antes nas veredas da devoção.Meditação para o Dia 11 de Abril
Soror Elisabete da Trindade dizia na hora da morte:Solene, sim, porque era a de sua passagem para a Eternidade, era a hora de se apresentar à Justiça Divina.“Como é solene a hora em que me acho!”
"Experimento – acrescentou ela – um sentimento indefinível, algo da Justiça e da Santidade de Deus. Acho-me tão pequenina e desprovida de méritos! Como é preciso dar confiança aos agonizantes!" (1)