

"Quanto maior sois, tanto mais vos deveis humilhar em todas coisas" - Quanto magnus es, humillia te in omnibus (Ecl 3, 20)
"Repassarei diante de vós pela memória toda a minha vida com amargura da minha alma" - Recogitabo tibi omnes annos meos in amaritudine animae meae (Is 28, 15)
Exordio. — A história do Filho pródigo é um quadro da vida humana e uma perfeita imagem das graças da penitência.
Proposição e divisão. — 1.° Os prazeres são mananciais de dores; 2.° As dores são mananciais de prazeres.
1.º Ponto. — Como sucedeu com o pródigo, os cristãos que se entregam aos prazeres caem, pelo próprio excesso desses prazeres, num abismo de dores; e o corpo e a alma desses infelizes são vítimas de perniciosos efeitos; são como que escravos de si mesmos.
2.º Ponto. — A semelhança do pródigo, podem por meio da dor, estar na posse tranquila duma perfeita alegria. As tristezas da Penitência são salutares, e são fecundas em consolações e alegrias.
Peroração. – O homem desprendido dos prazeres não achará a morte inexorável, nem cruel.
Homo quidam habuit duos filios, et dixit adolescentior ex illis patri: Pater, da mihi portionem substantiœ quœ me contingit.
Um homem tinha dois filhos, e o mais novo disse um dia ao pai: Meu pai, dê-me a parte da herança que me cabe.
"Miserável serás onde quer que estejas e para onde quer que te voltes, se não te converteres a Deus. Por que te afliges se te não sucede o que queres e desejas? Quem é que tem todas as coisas à medida dos seus desejos? Por certo, nem eu, nem tu, nem homem algum sobre a terra. Ninguém vive no mundo sem alguma tribulação ou angústia, ainda que seja rei ou papa.
Pedro compreendeu a lição. Voltou e sujeitou-se corajosamente ao martírio. Jesus continua ainda a sofrer. E até o fim dos séculos há de carregar, em seus ombros feridos, o peso enorme de nossos pecados.“Para onde vais, meu Senhor?”, pergunta o apóstolo. “Para Roma, diz Jesus, e para ser de novo crucificado”
«Mas tenho de fazer sempre aquilo que quero?»