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Tag: paixão de cristo

Sobre a flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo

Capítulo XXIII

Tunc ergo apprehendit Pilatus Jesum, et flagellavit - "Então Pilatos mandou prender Jesus e flagela-lo." (Jo 19, 1)

Pilatos para se eximir de condenar o inocente como pediam os judeus, havia-o enviado a Herodes, e em seguida apresentara-o ao povo com Barrabás; mas vendo que estes meios não tinham sortido efeito, determinou-se a infligir-lhe qualquer castigo e pô-lo em liberdade. Nesta intenção, chama os Judeus e lhe diz:

“Apresentastes-me este homem como um sedicioso que arrasta o povo à revolta; em vossa presença o interroguei, e não o descobri culpado de algum dos crimes de que o acusais; Herodes tão pouco o achou criminoso. Todavia para vos contentar, vou-o fazer castigar, e em seguida deixá-lo-ei ir”

Grande Deus! Que injustiça! Declara-o totalmente inocente, e contudo oferece-se para o castigar! Ó meu doce Jesus! Estais inocente, e eis que por meu amor vos submeteis ao suplício dos escravos! Como, pois, pudestes amar até este ponto um ser tão vil e tão desprezível como eu? Assim Pilatos entregou Jesus aos seus soldados e lhes deu ordem para o flagelar. Contempla, ó minha alma! Como estes carnífices, a fim de executarem esta injusta ordem, arremetem furiosos sobre este cordeiro com gritos de alegria, o conduzem ao pretório e o amarram à coluna. Mas que faz Jesus? Sempre humilde e submisso, aceita por nossos pecados um tormento tão doloroso e tão humilhante. Vede os verdugos, de azorrague em punho: a um sinal dado, levantam os braços e todos juntamente começam a descarregar sobre esta carne sagrada açoites inúmeros. Parai, bárbaros, ides errados; sobre quem caem os vossos golpes? Esse que estais ferindo não é culpável, eu, eu é que o sou.

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Jesus preso e desamparado

Meditação para Dia 22 de Março

1. "Como se fora a um ladrão, saístes vós com espadas e paus para me prender". Eis a censura amorosa do divino Cordeiro. No momento em que é humilhado profundamente, tratado com desumana crueldade, não profere nem uma palavra menos compatível com seu amor. Seus inimigos, porém, não o querem compreender, pois, "puseram as mãos sobre Jesus e o prenderam". Terrível crime! As criaturas prendem a seu Deus; os pecadores, ao único que pode e que veio salvá-los. O céu, os elementos o permitirão? Sim, para que tu possas ser salvo.

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Jesus é conduzido diante de Herodes, que o despreza e trata como um insensato

Capítulo XXII

Sprevit illum Herodes cum exercitu suo, et illusit indutum veste olha, et remisit ad Pilatum - "Herodes e sua corte desprezou-o, e, tratando-o com irrisão, o revestiu de uma veste branca e o reenviou a Pilatos" (Lc 23, 2)

Tinha o nosso bom Mestre passado a noite no meio dos criados do sumo sacerdote: todos os insultos, todas as afrontas que é possível imaginar, sofrera em silêncio, sem se queixar, tudo oferecendo ao Pai para nos obter o perdão dos nossos pecados.
“Tendo chegado o dia, diz Santo Afonso de Ligório no Amor de Jesus, os judeus levam Jesus a Pilatos para que este o condene à morte; mas Pilatos declara-o inocente, e para se livrar das impertinências dos judeus, que continuam a pedir a morte do Salvador, envia-o a Herodes. Sumo prazer sentiu Herodes ao ver em sua presença Jesus Cristo; esperava que ele para se livrar da morte faria diante de si alguns daqueles prodígios de que tanto ouvia falar e assim começa a fazer-lhe muitas perguntas. Mas, porque Nosso Senhor não se queria livrar da morte, nem Herodes era digno de suas respostas, Jesus guardou silencio e nada respondeu. Então este rei soberbo, “com toda a sua corte o encheu de desprezos, e vestindo-lhe uma veste branca” para assim ser olhado como um ignorante e um insensato, o tomou a mandar a Pilatos.

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“Mete a tua espada na bainha”

Meditação para Dia 21 de Março

1. "Vendo o que ia suceder-lhe, disseram: Senhor, batamo-los a espada?". São Pedro, não esperando resposta a esta pergunta dos demais apóstolos, e amando realmente a Jesus em extremo, "puxou da espada e feriu um servo do pontífice e lhe cortou a orelha direita". Começa a imitar o zelo do apóstolo, mas não em descobrir e censurar faltas e imperfeições dos outros, e sim fazendo desaparecer as tuas próprias.

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São Pedro nega três vezes a seu Divino Mestre – Seu arrependimento

Capítulo XXI

Petrus coepit anathematizare et jurare: Quia non novi hominem istum - "Pedro começou a fazer imprecações e a jurar: Não conheço este homem..." (Mc 14, 71)

Et egressus foras, flevit amare - "E tendo saído, chorou amargamente" (Mt 26, 75)

Oh! Como esta renuncia de São Pedro deveu trespassar o coração de Jesus! Pedro, o príncipe dos apóstolos; Pedro, honrado da confiança particular do seu Mestre, nega covardemente Aquele que há pouco prometera acompanhar até à morte! Oh! Jesus destinado ao suplício e declarado infame, reus est mortis. Jesus coberto de escarros por uma populaça vil. Jesus tratado com indigna derivação por uma turba ímpia e furiosa de criados. Jesus saciado de ignomínias, de penas, de insultos. Jesus abandonado já por vossos próprios discípulos, para que permitistes que a negação de São Pedro viesse ainda aumentar as vossas dores?... Ah! É que vosso amor queria-nos dar uma grande lição: queria-nos ensinar, pela queda do vosso apóstolo, a evitar a presunção, desconfiar das nossas próprias forças, e não confiar senão em vós; queríeis ensinar-nos a temer a nossa fraqueza, a não olhar longos anos passados em serviço vosso como um motivo de segurança.

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Beijo de Judas

Meditação para Dia 20 de Março

1. a) "Aquele a quem eu der um ósculo, prendei-o!". O ódio e a paixão nada esquecem. Judas lembrou-se que Jesus tinha escapado aos que o quiseram apedrejar e aos que o queriam coroar. Quanto era para desejar que com igual zelo fizesses o bem! b) "Deus te salve, Mestre", e beijou-o. O cúmulo da hipocrisia! Judas dá o "salve" a quem quer perder, abusando, pois, do sinal de amizade. Quantos não se assemelham a ele! Quantos até procedem de modo pior, recebendo Jesus em coração indigno! Não lhes darás alguma satisfação por tantos ultrajes?

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Jesus recebe uma bofetada de um dos oficiais do Sumo Sacerdote

Capítulo XX

Unus assistens minisirorum dedit alapam Jesu - "Um dos quadrilheiros, que ali estava, deu uma bofetada em Jesus" (Jo 18, 22)

Acabava o nosso divino Salvador de ser apresentado a Caifás, que, como pontífice naquele ano, “lhe fez perguntas sobre seus discipulos e qual era a sua doutrina. Eu falei publicamente ao mundo, eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, aonde concorreram todos os judeus, e em oculto nada disse. Para que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes falei: ei-los ai estão, sabem o que eu lhes ensinei”. Digna era esta resposta da sabedoria mesma que a proferira. Mas não obstante, um dos quadrilheiros que ali se achava, vira-se para Jesus e com insolência lhe diz: “Assim respondes ao pontífice?”. Dizendo isto lhe descarrega uma bofetada. Uma bofetada! Espíritos celestes, onde estais? Que fazeis, anjos Bem-aventurados! como podeis sofrer uma afronta destas ao vosso rei? Uma bofetada!!! Severamente devia ser punido o oficial que tal trato dera a Jesus; mas o pontífice aprovou, ao menos por seu silencio, ação tão bruta. A um tal desacato parece que a terra devia entreabrir-se para abismar este malvado; parece que Jesus devia fazer sentir a este.insolente que ele era o seu Deus; mas não. Jesus, abrasá-lo sempre do desejo de nos provar o seu amor e nos deixar salutares exemplos, sofre com toda a paciência esta afronta e se responde é só para evitar o escândalo, mostrando que não faltara ao respeito ao pontífice.

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Jesus traído pelo pérfido Judas e preso como um ladrão

Capítulo XIX

Comprehenderunt Jesum, et ligaverunt eum - "Prenderam a Jesus e o manietaram" (Jo 18, 12)

O pérfido Judas decidira-se a trair Jesus. Acompanhado de uma multidão de soldados romanos e de criados armados de lanternas e varapaus dirigiu-se para o jardim das Oliveiras, onde sabia que seu divino Mestre ia orar à noite. De caminho disse à sua tropa:

“Como não conheceis de vista a Jesus de Nazareth, notai aquele em quem eu der um beijo: esse é que deveis prender; mas conduzi-o com precaução e olhai não vos escape”

O sinal e os conselhos eram dignos de Judas. Depois de medidas tão bem tomadas, entra no jardim; deixa a sua tropa a alguma distancia e reconhecendo Jesus, seu Salvador, corre a ele dizendo: “Eu te saúdo, Mestre”, e lançando-se ao pescoço o beija. O Cordeiro de Deus não recusou este beijo, por ventura o mais cruel de todos os tormentos da sua paixão; mas como conhecia o desígnio deste desgraçado, a ver se ainda o ganhava e fazia cair em si mesmo, diz-lhe com uma doçura capaz de abrandar um tigre e converter um celarado ordinário:

“Judas, pois é com um beijo que entregas o teu Mestre?”

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Tristezas de Nosso Senhor no Jardim das Oliveiras, seu suor de sangue, sua resignação à vontade de Deus

Capítulo XVIII

Tristis est anima mea usque ad mortem - "A minha alma está numa tristeza mortal" (Mt 26, 38)

Começa aqui o cruento curso da paixão do nosso divino Salvador; agora é que nós vamos ver este bom Mestre vitima de anil e mil tormentos por nosso amor. Depois de haver instituído o sacramento da Eucaristia, depois de haver dado aos seus apóstolos as ultimas instruções, Jesus, a quem agora neste mundo só restava sofrer e morrer, “foi, como costumava, para a outra banda do Ribeiro de Cedron, ao monte das Oliveiras, a um lugar chamado Getsemani, onde havia um horto no qual entrou ele e seus discípulos”. Como chegava o momento do combate, quis para nossa instrução preparar-se para ele com a oração.

“Disse, pois, a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou acolá e oro ; orai também vós para que não entreis em tentação. E levou consigo Pedro, Thiago e João”

Mas mal chegou ao lugar mais retirado do horto, “começou a ter pavor, e a angustiar-se em extremo”, e esta angustia foi tanto além, que ele, que nunca se queixou de nada, ele que tanto ansiava sofrer, julgou dever dizer a seus discípulos:

“A minha alma acha-se numa tristeza mortal”...

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Amor que nos testemunhou Jesus Cristo instituindo a Santa Eucaristia para nutrir e consolar nossa alma

Capítulo XVII

Sciens Jesus quia venit hora ejus et transeat ex hoc mundo ad Patrem cum dilexisset suos qui erant in mundo, in finem dilexit eos - "Sabendo Jesus que era cliogada a sua hora de passar d'este mundo ao Pai, como tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim" (Jo 13, 1)

Accipite et comedite: hoc est corpus meumn - "Tomai e comei, este é o meu Corpo" (Mt 26, 26)

É no momento da morte quando urge separar-se das pessoas amadas, que cresce e redobra o afeto dos verdadeiros amigos; é então que mais que nunca procuram dar-lhe as ultimas lembranças do seu amor. Em todo o curso da sua vida mortal nunca Jesus cessara de nos dar testemunhos da sua ternura; por mil e mil maneiras nos mostrara quanto sabe amar-nos; mas chegada que foi a hora de voltar para o seu eterno Pai, não contente com o que por amor nosso já operara, não contente com derramar até à ultima gota de sangue, quis fazer mais ainda, quis deixar-nos mais extremosa prova do seu ardente amor para conosco. Prova mais extremosa!... Pois que! É possível dar mais que a vida para provar que se ama?... Ah! O que a nós é impossível, não o é à ternura de um Deus. Escutemos. Era numa quinta-feira à tarde. Jesus depois de haver comido a ultima páscoa com os seus apóstolos, acaba de lhes lavar os pés; eles estavam ainda todos fora de si a um tão inaudito exemplo de humildade do seu bom Mestre. Sem duvida guardavam um religioso silencio; sem duvida anteviam que algum grande mistério ia realizar-se; sem duvida, se eles estavam atentos, divisavam no rosto do Salva¬dor o que quer que é de maior, mais majestoso, mais divino ainda que de ordinário...

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