A principal causa da infelicidade íntima é o egoísmo ou amor-próprio. Aquele que, jactando-se, se dá a si mesmo importância, está a apresentar credenciais da sua falta de valor. É o orgulho uma tentativa para criar a impressão de que somos o que, realmente, não somos. Quão mais feliz seria a gente, se, em lugar de exaltar o seu eu até o infinito, o reduzisse a zero. Encontraria, então, o verdadeiro infinito, mediante a mais rara das virtudes modernas, a humildade.
A humildade é a verdade de nós mesmos. Não é humilde o homem que, tendo de altura 1,80 cm, disser:
«tenho 1,60 cm». Aquele que, sendo bom escritor, disser:
«sou um escrevinhador», também não é humilde. Fazem-se tais afirmações com o fim de poder obter um desmentido e assim granjear louvores.