Sumário. O demônio, depois de obcecar tantas pobres ovelhas de Jesus Cristo, induzindo-as a pecar, faz como o lobo; apanha-as pelo pescoço, a fim de que não gritem por socorro, confessando-se sinceramente. E deste modo fazendo que cometam novo pecado, de ordinário mais grave que o primeiro, como é o sacrilégio, leva-as com segurança ao inferno. Oxalá que aquelas almas desgraçadas compreendessem o grande mal que causam a si mesmas, e o grande bem de que se privam pela maldita vergonha na confissão!Pro anima tua ne confundaris dicere verum —“Não te envergonhes de falar a verdade, quando se trata da tua alma” (Eclo 4, 24)
Necessidade de não adiar nossa conversão
É preciso converter-se, e converter-se logo. É preciso apressar nossa marcha, correr para nossa conversão, diz São João Crisóstomo: Cum opus est, et vehementi cursu (Homil. ad pop.). É preciso dispor-nos prontamente a seguir nossa viagem, porque o caminho é longo e a vida é curta. A vocação[1] de Deus insta-nos; há perigo no adiamento! Não tardes em converter-te ao Senhor, não adies (a tua conversão) de um dia para o outro, diz o Eclesiástico: Non tardes converti ad Dominum, et ne differas de die in diem (Eclo 5, 8). Quem é aquele que, tendo apanhado uma víbora, não a solta imediatamente? Quem teria em sua casa um inimigo capital, um assassino? Quem aguentaria sustentar o fogo na mão? O pecado mortal é uma víbora, um assassino, um fogo devorador. Por conseguinte, assim que o sintamos em nosso coração, devemos expulsá-lo. Santo Agostinho declara, com amargas lágrimas, o tempo que tardou em converter-se:Por que, pergunta-nos o Senhor no Eclesiástico, por que vós vos atrasais? Vossas almas estão ardendo de sede? Qui adhuc retardatis? Animae vestrae sitiunt vehementer (Eclo 51, 32).“Ó Formosura, sempre antiga e sempre nova, exclama ele, quanto tardei em vos amar!” (Lib. Confess.).
Divindade da Confissão
No dia da Ressurreição, Jesus Cristo apresentou-Se no meio de seus discípulos e disse-lhes: A paz esteja convosco! E repetiu-lhes: A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, assim Eu vos envio: Sicut missit me Pater, et ego mitto vos (Jo 20, 19-21). E, depois, que pronunciou estas palavras, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo; ficarão perdoados os pecados daqueles a quem vós os perdoardes; e ficarão retidos os de quem retiverdes: Haec cum dixisset, insuflavit, et dixit eis: Accipite Spiritum Sanctum; quórum remisseritis peccata, remittuntur eis; et quoum retinueritis, retenta sunt (Jo 20, 22-23). Conta-nos São Marcos que Jesus Cristo disse a seus discípulos: Empenho- vos minha palavra que tudo o que atardes sobre a terra será atado no céu; e tudo o que desatares sobre a terra, será isso mesmo desatado nos céus: Amen dico vobis, quaecumque ligaveritis super terram, erunt ligata et in coelho, et quaecumque solveritis super terram, erunt soluta in coelo (Mc 17, 18). Daqui infere-se que, para perdoar ou reter os pecados, para atar ou desatar as consciências, é necessário conhecer as faltas que foram cometidas. E como conhecê-las sem a Confissão?Meditação para a Quinta-feira da Quarta Semana da Quaresma
SUMARIO
Meditaremos sobre a terceira parte do Sacramento da Penitência, a satisfação de obra, e veremos: 1.° A sua importância; 2.° A sua extensão; 3.° A maneira de a cumprirmos. — Tomaremos depois a resolução: 1.º De cumprirmos a nossa penitência o mais cedo possível após a confissão, acompanhando-a de um grande desejo de nos tornarmos melhores; 2.º De sofrermos de bom grado todas as tribulações que a Providência nos enviar, e de lhes juntar algumas mortificações voluntárias, por exemplo, nas nossas refeições, na nossa curiosidade ou desejo de ver, na busca das nossas comodidades. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do concílio de Trento:"Toda a vida cristã deve ser uma perpetua penitência" - Tota vita christiana, perpetua debet esse paenitentia
Meditação para a Quarta-feira da Quarta Semana da Quaresma
SUMARIO
Meditaremos sobre a confissão e veremos que ela deve ser: 1.° Humilde; 2.° Sincera; 3.º Inteira. — Tomaremos depois a resolução de aplicar estas três condições a todas as nossas confissões; e conservaremos para ramalhete espiritual o conselho do Espírito Santo:"Não te envergonhes de confessar os teus pecados" - Non confundaris confiteri peccata tua (Eclo 4, 31)
Meditação para a Quinta-feira da Terceira Semana da Quaresma
SUMARIO
Meditaremos sobre o segundo motivo de contrição: é o sumo desagrado que causam a Deus: 1.º O pecado venial; 2.º O pecado mortal. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De evitarmos com grande cuidado os pecados veniais, pois que Deus tanto os abomina; 2.º De deplorarmos, todos os dias da nossa vida, os pecados mortais que tivemos a desgraça de cometer no passado. Conservaremos como ramalhete espiritual a palavra do Salmista:"O meu pecado diante de mim está sempre" - Peccatum meum contra me est semper (Sl 50, 5)
Meditação para a Quarta-feira da Terceira Semana da Quaresma
SUMARIO
Como a contrição, para ser válida, deve fundar-se em motivos de fé, como vimos na nossa última oração, meditaremos sobre o primeiro destes motivos, e veremos: 1.° Quanto o pecado, considerado como ofensa de Deus, é um mal digno de todas as nossas lágrimas; 2.° Quanto mais horrendo ainda o tornam as circunstâncias em que o pecador o comete. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De nos penetrarmos bem deste grande motivo de contrição antes de nos apresentarmos no sagrado tribunal; 2.º De o recordarmos cada dia, de manhã e à tarde, para nos excitarmos ao horror do pecado. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do filho pródigo:"Meu Pai, pequei contra o céu e diante de vós, já não sou digno de ser chamado vosso filho" - Pater, peccavi in caelum et corum te: jam non sum dignus vocari filius tuus (Lc 15, 18.19)
Meditação para a Terça-feira da Terceira Semana da Quaresma
SUMARIO
Consideraremos, na nossa próxima oração, dois outros caracteres essenciais da contrição; e veremos que ela deve ser: 1.º Suma; 2.° Sobrenatural. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De despertarmos na nossa alma a fé nestas duas verdades, e de conservarmos em nós o sentimento habitual delas; 2.° De fazermos atos de fé mais decisivos, todas as tardes, no nosso exame de consciência e cada vez que nos confessarmos. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Salmista:"Eu aborreci e abominei a iniquidade" - Iniquitatem odio habui, et abominatus sum (Sl 128, 163)
Meditação para a Segunda-feira da Terceira Semana da Quaresma
SUMARIO
Prosseguiremos as nossas meditações sobre o Sacramento da Penitência, interrompidas pelos Evangelhos, tão cheios de interesse, que temos meditado, e veremos que devemos ter nas nossas confissões: 1.° Uma contrição verdadeiramente interior; 2.° Uma contrição verdadeiramente universal. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De fazermos todas as tardes, em seguida ao nosso exame de consciência, um ato de contrição interior e universal; 2.° De fazermos, de dia ou de noite, a cada pecado que cometamos, um ato de contrição interior. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Salmo:"Sacrifício para Deus é o espírito atribulado; ao coração contrito não o desprezareis, ó Deus" - Sacrificium Deo spiritus contribulatus: cor contritum... Deus, non despicies (Sl 1, 19)
Meditação para a Sábado da Septuagésima
SUMARIO
Meditaremos: 1.° Na natureza e importância do exame particular de consciência; 2.° Na maneira de o fazer — Tomaremos depois a resolução: 1.º De cumprirmos fielmente daqui em diante este exercício; 2.° De o fazermos consoante as regras dos mestres da vida espiritual. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Jeremias:"Constitui-te para arrancares e destruíres, para edificares e plantares" - Constitui te... ut evellas, et destruas... aedifices, et plantes (Jr 1, 10)