Evangelho segundo São Lucas 2, 21
Quando se completaram os oito dias, para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus indicado pelo anjo antes de ter sido concebido no seio materno.
SUMARIO
Consideraremos na nossa oração, a circuncisão de Nosso Senhor: 1.º Como um mistério de amor; 2.º Como um mistério de mortificação. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De começar o novo ano com um espírito de amor para com Jesus Cristo, e de praticar todas as nossas obras com a intenção bem viva de Lhe agradar; 2.° De sofrer de boa vontade, por seu amor todas as tribulações que a Providência nos enviar, e de Lhe oferecer como estreias alguns atos particulares de mortificação. O nosso ramalhete espiritual será esta palavra da Sagrada Escritura:"Agora é que eu começo uma vida nova" - Ecce nova facio omnia (Ap 21, 5)
II. Sermão para a Festa da Circuncisão
Pregado no 1° de janeiro de 1687, em Paris, na capela da Casa professa dos Jesuítas.
SUMÁRIO
Exordio. — Desenvolvimento do texto: Ipse salvum faciet populum suum a peccatis eorum... Proposição e divisão. —Jesus é o Cordeiro que tira os pecados do mundo: 1.º O pecado avilta a alma e dá-lhe a morte eterna, mas Jesus ressuscita-a pelo perdão; 2.° A alma perdoada é de novo arrastada ao mal, mas a graça de Jesus fortifica-a contra a tentação; 3.° Neste mundo estamos sempre, sujeitos a abusar da nossa liberdade, mas com a glória do céu torna-nos Jesus impecáveis. 1.º Ponto. — O pecado é um ato de rebelião contra Deus e de ódio contra o próprio indivíduo, um mal íntimo que apaga em nós por completo tudo que nos une a Deus. A graça de Jesus, fruto do Seu sangue divino, cura este mal nas almas penitentes. 2.º Ponto. — O pecado, entrando na nossa alma, e residindo sobretudo nela, faz-lhe chagas que não desaparecem juntamente com Ele, enfraquece a nossa natureza e produz-lhe as maiores alterações. A graça de Jesus, porém, está sempre preparada para nos lavar dos nossos pecados, para nos ajudar a triunfar, para nos premunir enfim contra novas fraquezas. 3.º Ponto. — Finalmente, para completar a sua vitória, a graça de Jesus Cristo há de ajudar-nos a alcançar o repouso eterno, isto é, esse estado em que a nossa alma, firmada na felicidade, não tornará jamais a pecar. Peroração. — Ai do que diz:Não se lembra de que o Omnipotente o espera no dia fatal, e que, certo do golpe que há de dar, não precipita a sua vingança. — Elogio do zelo da Companhia de Jesus.«Eu pequei e que mal me sucedeu?»
Vocabis nomen ejus Jesum: ipse enim salvum faciet populum suum a peccatis eorum E vós lhe chamareis Jesus, que quer dizer Salvador, porque é Ele quem há de salvar o povo dos seus pecados (Mt 1, 21)
I. Sermão para a Festa da Circuncisão
Pregado no 1º de janeiro de 1654 ou 1656.
SUMÁRIO
Exordio. — O poder real e o poder sacerdotal estão intimamente ligados e derivam naturalmente de duas inclinações que existem no Coração humano: a inclinação para Deus ou para a religião e a inclinação para o homem ou para a sociedade. Proposição e divisão. — Jesus Cristo é simultaneamente rei e pontífice, porque é salvador: Realeza de Jesus Cristo; em que consiste, como Ele a adquiriu e como a exerce; sacerdócio de Jesus Cristo e Sua excelência. 1.º Ponto. — Jesus Cristo veio ao mundo com um poder real: não é uma realeza temporal, como a entendiam os judeus e os próprios apóstolos, mas uma realeza inteiramente espiritual; e por isso, só durante a Paixão é que se ouve falar da Sua realeza: Tu dicis quia rex ego sum. Jesus reina em toda a parte: Christi regnum et nomen ubique porrigitur, ubique regnat ubique adoratur. Tertuliano. 2.º Ponto. — O sacerdócio de Jesus Cristo é muito mais perfeito do que o de Aarão. O nome de Jesus, que encerra todas as maravilhas da realeza e do sacerdócio, é um nome superior a todos os nomes. Amam-se os reis benfazejos, mas não se ama a Jesus, que é o mais generoso dos reis, Jesus, que deu o Seu sangue para a conquista da nossa alma. Peroração. — Povos, até quando hesitareis entre dois partidos?«Se Jesus é o vosso rei, prestai-lhe obediência; mas se o vosso rei é Satanás, colocai-vos ao lado de Satanás. O governo de Jesus sobre os vassalos de Satanás há de ser severo. Renovemos o nosso juramento de fidelidade que devemos a Jesus, o nosso grande rei»
Vocabis nomen ejus Jesum; ipse enim salvum faciet populum E vós lhe chamareis Jesus, porque é Ele quem salvará o vosso povo (Mt 1, 21)