

Antes, porém de tratarmos dela, temos de explicar as palavras do Evangelista, que as precedem. Diz São João (Jo 19):"Eis aí a tua mãe, eis aí o teu filho"
Das três mulheres, que em grupo estavam junto da cruz do Senhor, duas são conhecidíssimas, Maria, sua Mãe, e Maria Madalena. A respeito de quem fosse Maria, mulher de Cléofas, não há certeza: geralmente, porém se diz que era irmã germana da Bem-aventurada Virgem, Mãe de Deus, filha de Ana, sua Mãe, que, dizem, também tivera uma terceira filha, chamada Maria Salomé, porém esta opinião não se pode admitir de modo nenhum, porque nem é crível, que três irmãs tivessem o mesmo nome, e tem fundamento o juízo de eruditos e pios, que dizem, que Santa Ana nenhuma filha mais tivera além da Virgem Maria, nem nos Evangelhos se faz menção de alguma Maria Salomé."Estava junto da cruz de Jesus sua Mãe, Maria mulher de Cléofas, e Maria Madalena: e vendo Jesus sua mãe, que estava em pé, e o seu discípulo predileto, diz para sua Mãe: Eis aí o teu filho, e depois diz para o discípulo: Eis aí tua Mãe; — e desde aquela hora o discípulo a tomou naquela conta"
"Ali se imola de um modo incruento o mesmo Jesus Cristo que no altar da cruz, Se imolou de um modo cruento" - Idem ille Christus incruente immolatur qui in ara crucis seipsum cruente obtulit
"O meu amor é crucificado"
“Desejais gozar neste mundo. Se soubésseis como é glorioso para Deus e útil para vós sofrer; nunca havíeis de procurar em parte alguma o gozo, as alegrias desta vida. Ao invés, olharíeis a cruz que Deus vos põe aos ombros como de todas as graças a maior”
O Amor Divino cresce na dor. Quanto mais pungente é a dor, tanto mais vivas são as chamas do amor. É no Calvário que se ama verdadeiramente! Para se compreenderem bem certos segredos do amor, é necessário sofrer e sofrer muito. Os santos tinham fome do sofrimento e podiam dizer, com Santa Teresinha:“O sofrimento – diz Lehodey (1) – é o alimento necessário, substancial, do santo amor”
“Eu não poderia viver neste mundo sem o Amor e o sofrimento”
“Viver de amor não é, neste degredo, Fixar-se no Tabor: é, com Jesus, Subir pelo Calvário, sem ter medo, E olhar, como o maior tesouro, a Cruz. Hei de viver, hei de gozar lá no Empíreo, Então terá fugido, enfim, a dor, Mas, cá na terra, quero, em meu martírio, Viver de amor.”
“A invenção da Santa Cruz é uma festa comum para todos os cristãos, pois o sofrer é coisa que todo dia nos sucede. A exaltação da Santa Cruz é, pelo contrário, uma festa muito rara, porque poucas são as almas que louvam e exaltam a cruz, com cuja imposição lhes manifesta Deus o poder da sua graça.”