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Por que a Igreja condenou O Espiritismo?

Por que a Igreja condenou o Espiritismo?

Contra a Heresia Espírita

Frei Boaventura, O. F. M

IMPRIMATUR
POR COMISSÃO ESPECIAL DO EXMO. E REVMO. SR. DOM MANUEL PEDRO DA CUNHA CINTRA, BISPO
DE PETRÓPOLIS. FREI LAURO OSTERMANN, O. F. M.
PETRÓPOLIS, 15-10-1953.

O Episcopado Brasileiro reafirmou a condenação do Espiritismo. E desta vez com denúncias enérgicas, com palavras severas e tomando posição insofismável. Por que tão intransigente atitude? Por que tanto rigor? Que mal fizeram ou que distúrbios estão a causar os espíritas que, como eles mesmos repetem com insistência, querem “apenas amor, caridade, paz, sinceridade e elevação moral”? Não há outros inimigos piores, muito mais ameaçadores e radicais? Ainda mais hoje, numa época de democracia e liberdade, não se compreendem atitudes dessas, de sabor nitidamente inquisitorial. Já não vivemos nos “sombrios tempos da Idade Média”! Jesus, o “divino modelo da tolerância”, não pode aprovar tão insolente condenação de pobres “irmãos em Cristo”. Não há ambiente para “perseguições religiosas…”

E vão nesse desfiar de protestos, reclamações, críticas e até mesmo de contra-ameaças, os comentários nos meios espíritas e em certos ambientes católicos. Sabemos que em alguns, católicos ou espíritas, as perplexidades e dúvidas são sinceras — e foi para estes que escrevemos o que segue.

ÍNDICE

I) A CONDENAÇÃO DO ESPIRITISMO
O texto condenatório
“Campanha Nacional contra a Heresia Espírita
As declarações e denúncias principais
Heresia e herege
Como devem ser tratados os espíritas
Os espíritas excluíram-se a si mesmos da Igreja
O que é a Excomunhão
Proibição dos livros espíritas
As obras de Allan Kardec e Pietro Ubaldi
Outros livros espíritas
A severidade desta proibição
Assistir às sessões espíritas
Proibição divina da evocação dos mortos
Finalidade dos Centros Espíritas
A traiçoeira e desleal propaganda espírita

II) AS HERESIAS DO ESPIRITISMO BRASILEIRO
1) O Espiritismo nega o mistério
2) O Espiritismo nega o milagre
3) O Espiritismo nega a inspiração divina da Sagrada Escritura
4) O Espiritismo nega a autoridade do Magistério Eclesiástico
5) O Espiritismo nega a infalibilidade do Papa
6) O Espiritismo nega a instituição divina da Igreja
7) O Espiritismo nega a suficiência da revelação cristã
8) O Espiritismo nega o augusto mistério da SS. Trindade
9) Grande parte dos espíritas nega a existência dum Deus Pessoal e distinto do mundo
10) O Espiritismo nega a liberdade de Deus
11) O Espiritismo nega a criação do nada
12) O Espiritismo nega a criação da alma humana
13) O Espiritismo nega a criação do corpo humano
14) O Espiritismo nega a união substancial entre o corpo e a alma
15) O Espiritismo nega a espiritualidade da alma
16) O Espiritismo nega a unidade do gênero humano
17) O Espiritismo nega a existência de anjos
18) O Espiritismo nega a existência de demônios
19) O Espiritismo nega a divindade de Jesus Cristo
20) O Espiritismo nega os milagres de Cristo
21) Grande parte dos espíritas nega a humanidade de Cristo
22) O Espiritismo nega os privilégios de Maria Santíssima
23) O Espiritismo nega a nossa redenção por Cristo
24) O Espiritismo nega o pecado original
25) O Espiritismo nega a graça divina
26) O Espiritismo nega a possibilidade do perdão dos pecados
27) O Espiritismo nega o valor da vida contemplativa e ascética
28) O Espiritismo nega toda a doutrina cristã do sobrenatural
29) O Espiritismo nega o valor dos Sacramentos
30) O Espiritismo nega a eficácia do Batismo
31) O Espiritismo nega a presença de Cristo na Eucaristia
32) O Espiritismo nega o valor da confissão
33) O Espiritismo nega a indissolubilidade do matrimônio
34) O Espiritismo nega a unicidade da vida terrestre
35) O Espiritismo nega o juízo particular depois da morte
36) O Espiritismo nega a existência do Purgatório
37) O Espiritismo nega a existência do Céu
38) O Espiritismo nega o Inferno
39) O Espiritismo nega a ressurreição da carne
40) O Espiritismo nega o juízo final

CONCLUSÃO
Negação total da Doutrina Cristã
Fé e caridade
O Exemplo dos Apóstolos

O EPISCOPADO BRASILEIRO SOBRE O ESPIRITISMO:
1) O Espiritismo nega não apenas uma ou outra verdade de nossa Santa Religião, mas todas elas.
2) O Espiritismo é o conjunto de todas as superstições e astúcias da incredulidade moderna.
3) Toda e qualquer participação nas sessões espíritas, sob qualquer pretexto, é gravemente proibida.
4) Todos os escritos, jornais, revistas e livros do Espiritismo são proibidos.
5) Os espíritas devem ser tratados como verdadeiros hereges — e por isso os espíritas:
a) não podem ser admitidos à recepção dos Sacramentos, sem que antes reparem os escândalos dados, abjurem o Espiritismo e façam profissão de fé (cân. 731 § 2);
b) não podem ser admitidos como padrinhos de Batismo (cân. 765 n° 2) e de Crisma (cân. 795 n° 2);
c) não podem ser enterrados pela Igreja (cân. 1240 § 1 n° 1);
d) não podem encomendar Missa exequial nem de sétimo dia nem qualquer outro ofício fúnebre (cân. 1241);
e) não podem casar com católicos nem os católicos com espíritas (cân. 1060).

I) A CONDENAÇÃO DO ESPIRITISMO

O texto condenatório.

“Ainda sob o eflúvio de graças do VI Congresso Eucarístico Nacional, os Cardeais e Arcebispos do Brasil, representando todo o Episcopado, nos reunimos (de 12 a 19 de Agosto de 1953), com a colaboração de numerosos Exmos. Snrs. Bispos e Prelados, em Belém do Pará, na primeira Sessão Ordinária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente o Representante da Exma. Nunciatura Apostólica, Mons. João Ferrofino, e, depois de orações e estudos, concordamos nas seguintes conclusões:

  • Considerando que a natural religiosidade do povo brasileiro não vem podendo até hoje contar com adequada formação, o que conduz a não poucos desvios doutrinários, dos quais o mais perigoso, no momento, é o Espiritismo;
  • Considerando que o Espiritismo nega não apenas uma ou outra verdade de nossa Santa Religião, mas todas elas, tendo, no entanto, a cautela de fazer-se cristão, de modo a deixar a católicos menos avisados a impressão erradíssima de ser possível conciliar Catolicismo e Espiritismo;

resolvemos:

  1. Reafirmar [que][1] o Espiritismo é o conjunto de todas as superstições da incredulidade moderna, que, negando a eternidade do inferno, o sacerdócio católico e os direitos da Igreja, destrói todo o Cristianismo. Os espíritas devem ser tratados, tanto no foro interno como no foro externo, como verdadeiros hereges e fautores de heresias, e não podem ser admitidos à recepção dos sacramentos, sem que antes reparem os escândalos dados, abjurem o Espiritismo e façam a profissão de fé.
  2. Os RR. Párocos e Confessores instruam e repreendam os fiéis que pensam lhes ser lícito frequentar as sessões espíritas, por não terem ouvido nunca aí coisas torpes ou ímpias, pois é clara e decisiva a resposta do Santo Ofício a este respeito: Toda e qualquer participação, sob qualquer pretexto, é gravemente proibida (24 de Abril de 1917). E lhes declarem que todos os escritos, jornais, revistas e livros do Espiritismo são proibidos (Cân. 1399; CPB 136).
  3. Determinar ao recém-criado Secretariado Nacional de Defesa da Fé e Moral que, através de sua secção antiespírita, articule, em plano nacional e nos moldes por nós indicados, uma Campanha contra o Espiritismo”.

“Campanha Nacional contra a Heresia Espírita”

O texto desta Campanha, de que fala o Episcopado, prevê uma atividade simplesmente preventiva entre os fiéis católicos, visando opor um dique à expansão da heresia espírita nos meios católicos do Brasil e procurando levar todos os católicos à informação segura e insofismável de que é impossível ser, ao mesmo tempo, católico e espírita, para deste modo destruir esse tipo híbrido de católico-espírita atualmente tão comum entre nós. Trata-se, pois, de uma campanha de esclarecimento dos católicos. Alarmados, os espíritas falaram logo em “perseguição religiosa”. A campanha não visa atacar os espíritas; quer apenas desmascarar sua doutrina, para mostrar a total e absoluta incompatibilidade e frontal oposição entre a Doutrina Cristã e a Doutrina Espírita. Por isso prevê e prescreve a todos os párocos e curas de alma pregações frequentes sobre a heresia espírita; manda incluir em todos os catecismos um capítulo especial sobre o Espiritismo; procura tornar aptos os catequistas e militantes da Ação Católica a refutar as vis e caluniosas acusações que os espíritas não se cansam de repetir contra a Igreja; prescreve cursos intensivos sobre o Espiritismo nos Seminários Maiores; exige de todos os membros de Associações Religiosas um juramento anti-espírita; aproveitará as devoções populares para instruir o povo sobre as superstições, a magia, a evocação dos mortos, etc.; favorecerá a prática das bênçãos dos enfermos; difundirá o uso dos sacramentais, pleiteando até mesmo a licença de administrá-los em língua vernácula; suscitará obras sociais católicas ou de inspiração católica; denunciará como espíritas todas as instituições que o sejam, apesar de se acobertarem sob nomes cristãos e católicos, etc. Portanto uma intensa campanha de esclarecimento e não de perseguição. Estamos em plano de defesa contra o ataque espírita que, por todos os meios e de todos os modos, procura insinuar-se nos ambientes católicos, divulgando as mais absurdas calúnias contra a Igreja, repetindo velhas acusações já mil vezes desfeitas e refutadas e propagando toda sorte de erros e heresias para confundir a boa fé de nossa gente católica.

As declarações e denúncias principais.

Do documento condenatório do Espiritismo destacamos algumas afirmações e denúncias que nos parecem de particular importância e que iremos depois estudar, analisar e desenvolver:

  1. O Espiritismo é, no momento, o mais perigoso desvio doutrinário para a natural religiosidade do povo brasileiro;
  2. O Espiritismo não nega apenas uma ou outra verdade de nossa Santa Religião, mas todas elas, destruindo o Cristianismo pela base;
  3. O Espiritismo é o conjunto de todas as superstições da incredulidade moderna;
  4. A propaganda espírita tem, no entanto, a fingida cautela de apresentar sua doutrina como cristã, de modo a deixar a católicos menos avisados a impressão erradíssima de ser possível continuar católico e aderir ao Espiritismo;
  5. Os espíritas devem ser tratados como verdadeiros hereges;
  6. Toda e qualquer participação nas sessões espíritas, sob qualquer pretexto, é gravemente proibida;
  7. Todos os escritos, jornais, revistas e livros do Espiritismo são proibidos.

Na segunda parte do presente opúsculo mostraremos como andaram mui acertados os Bispos do Brasil denunciando o Espiritismo como um sistema doutrinário que destrói o Cristianismo pela base. Aí os leitores poderão verificar que a doutrina espírita é de fato herética e mais herética do que qualquer outra já surgida, nos dois milênios passados, no seio do Cristianismo. Em vista daquelas múltiplas aberrações da Doutrina Cristã é bem verdade que, como acaba de reafirmar o Episcopado Nacional, os adeptos da doutrina espírita são heréticos no sentido mais próprio da palavra e, consequentemente, devem ser tidos e tratados como tais. É o que desenvolveremos agora.

Heresia e herege

A palavra heresia vem do grego háiresis, que quer dizer: escolha, seleção, preferência. Significava originariamente uma doutrina ou atitude doutrinária oposta ao ensinamento comum. É a escolha ou acomodação de alguns textos da Sagrada Escritura, sem tomar em consideração o conjunto todo, nem ligar ao sentir comum e tradicional dos séculos e ao ensino do Magistério Eclesiástico, adaptando os textos selecionados ao gosto, à inclinação e aos conhecimentos pessoais. O “herege” constitui-se a si mesmo suprema autoridade em questões da fé; é ele quem decide do sentido exato da Revelação Divina. Na acepção própria e usual de hoje, heresia é a negação duma verdade revelada por Deus, como tal pregada pelos Apóstolos, integralmente conservada e fielmente transmitida pela igreja através dos séculos. Em Teologia uma verdade que está nestas condições recebeu o nome técnico de “dogma”. É, portanto, herege a pessoa que nega um ou mais “dogmas”, ou defende doutrina evidentemente contrária à Revelação Divina. Mas nem toda pessoa nestas condições já deve ser considerada e tratada como herege formal. O Direito Canônico define assim o verdadeiro herege:

“Diz-se herético quem, depois de receber o batismo, conservando o nome de cristão, pertinazmente nega alguma das verdades de fé divina e católica ou dela duvida” (Cânon 1325 § 2).

Por conseguinte, para que alguém deva ser considerado e tratado como verdadeiro herege, são necessárias três condições:

1) deve tratar-se duma pessoa batizada (o pagão nunca é herege)

2) a pessoa deve fazer questão de chamar-se cristão

3) deve negar com pertinácia alguma das verdades de fé. Não basta negar simplesmente (por ignorância, ou levado por falaz propaganda, etc.): é necessário e essencial que negue obstinada e pertinazmente. Diz-se pertinaz a pessoa que, apesar de saber que Deus revelou e a Igreja definiu certa verdade, a nega ou dela duvida obstinadamente.

Como devem ser tratados os espíritas

Determinaram os Bispos do Brasil que “os espíritas devem ser tratados, tanto no foro interno como no foro externo, como verdadeiros hereges”. Encontramos no Direito Canônico oito prescrições a respeito do modo de tratar os hereges e que, portanto, devem agora ser aplicadas rigorosamente aos pertinazes e obstinados adeptos da doutrina espírita:

  1. Quanto à recepção dos sacramentos em geral, a própria declaração dos Bispos recorda a determinação do cânon 731 § 2, esclarecendo que os espíritas “não podem ser admitidos à recepção dos sacramentos, sem que antes reparem os escândalos dados, abjurem o Espiritismo e façam a profissão de fé”. Só sob estas três condições, portanto, poderia um espírita (ou um católico que quer ser também espírita) receber algum sacramento; 1) deve antes reparar os escândalos dados, 2) deve abjurar o Espiritismo, 3) deve tornar a fazer a profissão de fé.
  2. Segundo o cânon 751 não podem ser batizados os filhinhos dos espíritas, a não ser que estejam em perigo de morrer antes de chegarem ao uso da razão (cânon 750 § 1) ou lhes seja garantida uma educação católica e não espírita (cânon 750 § 2). Mas a respeito do “perigo de morrer”, não basta que a criança, ainda sã, se ache em perigo remoto de vida (como por ocasião de uma epidemia contagiosa): é preciso que haja receio real de morte prematura. Contra o padre que, não obstante, batizasse uma criança de pais espíritas, fora das condições indicadas, determina o cânon 2364: “O ministro que ousar administrar os Sacramentos aos que por Direitos Divino ou Eclesiástico estão proibidos de os receber, seja suspenso da administração dos sacramentos pelo tempo a ser determinado pelo prudente juízo do Bispo, e punido com outras penas proporcionais à gravidade da culpa”.
  3. De acordo com o cânon 765 n.° 2, os espíritas não podem ser padrinhos de batismo e, se não obstante forem convidados e admitidos, são inválidos.
  4. Pelo cân. 795 n.° 2 vale o mesmo para os padrinhos de crisma.
  5. O cânon 2266 § 2 proíbe rezar publicamente a Santa Missa por um espírita, a não ser que seja por sua conversão.
  6. O cânon 1240 § 1 n.° 1 veda aos espíritas falecidos o enterro eclesiástico. E quem presume ordenar ou obter por força a sepultura eclesiástica para um espírita, “incorre ipso facto em excomunhão nemini reservada” (cânon 2339) e o padre que espontaneamente se oferecesse a dar semelhante sepultura a um espírita, incorreria na pena prevista no final do mesmo cânon 2339.
  7. Pelo cânon 1241 proíbe-se aos espíritas a Missa ezequial, ou de sétimo dia, etc., como também qualquer outro ofício fúnebre.
  8. Afinal, conforme o cânon 1060, os católicos estão proibidos de casar com os adeptos do Espiritismo, qualquer que seja sua modalidade herética.

Vê-se que é sem dúvida severo e inexorável o modo de tratar os adeptos da doutrina espírita. Mas a pertinaz desobediência e o modo obstinado com que negam toda a Doutrina Cristã, equivale a uma revolta aberta contra a Igreja, perdendo eles com isso o direito de ser tratados como filhos submissos e fiéis.

Os espíritas excluíram-se a si mesmos da Igreja.

A Igreja é apenas consequente e coerente com o que os próprios espíritas escolheram e provocaram, quando aplica contra eles — que “devem ser tratados como verdadeiros hereges” — o cânon 2314, que diz: “Todos os apóstatas da fé, e todos e cada um dos heréticos e cismáticos:

  1. Incorrem ipso facto em excomunhão;
  2. Se admoestados não se arrependerem, privem-se do benefício, da dignidade, pensão, ofício ou doutro múnus, se algum têm na Igreja, declarem-se infames e os clérigos, repetida a admoestação, deponham-se”.

Já que consta com certeza e por declaração expressa da competente Autoridade Eclesiástica que os espíritas são “verdadeiros hereges e fautores de heresia”, deve-se concluir que “todos e cada um dos espíritas incorrem ipso facto em excomunhão”. E acrescenta o § 2 do mesmo cânon: “A absolvição da excomunhão referida no § 1, a dar no foro interno, é reservada speciali modo à Santa Sé”.

O que é a Excomunhão?

Sendo a excomunhão uma censura, é preciso conhecer primeiro o sentido desta palavra, que o cânon 2241 define assim;

Censura é a pena pela qual o homem batizado, delinquente e contumaz, é privado de alguns bens espirituais ou a estes anexos, até que, cessando a contumácia, seja absolvido”.

O obstinado adepto da heresia espírita tem, portanto, todos os requisitos, para incorrer na censura do cânon 2314, já citado, isto é: na excomunhão.

Excomunhão é a censura pela qual alguém é excluído da comunidade dos fiéis, com os efeitos enumerados nos cânones 2259 ss, os quais não podem separar-se” (cânon 2257)

Entre os efeitos enumerados pelos cânones citados, temos os seguintes:

Cânon 2259: “Todo o excomungado é privado do direito de assistir aos ofícios divinos, mas não à pregação da palavra de Deus”. Mas se assistir passivamente, não é necessário expulsá-lo, a não ser que seja “vitando”.

Cânon 2260: “O excomungado não pode receber os sacramentos”.

Cânon 2262: “O excomungado não participa das indulgências, dos sufrágios e das preces públicas da Igreja”.

Mas a Igreja está sempre disposta e pronta a tornar a receber todos aqueles que contra ela se revoltaram, logo que acabar a desobediência e contumácia.

Cânon 2242    §  3: “Considera-se terminada a contumácia, quando o réu se arrepender verdadeiramente do crime cometido e ao mesmo tempo der, ou ao menos seriamente prometer, côngrua satisfação pelos danos e escândalos; mas o julgar se é ou não verdadeira a penitência, côngrua a satisfação ou séria a sua promessa, pertence a quem se pede a absolvição da censura”.

Proibição dos livros espíritas

No texto de condenação do Espiritismo o Episcopado Brasileiro ordena aos párocos e confessores que declarem aos fiéis “que todos os escritos, jornais, revistas e livros do Espiritismo são proibidos”. A atividade editorial dos espíritas é muito grande no Brasil. Existem numerosas editoras espíritas. E a Editora da Federação Espírita Brasileira, no Rio, até Abril de 1952, já havia publicado e espalhado entre o nosso povo um milhão e duzentos e cinquenta e quatro mil exemplares das obras de Allan Kardec, o chamado codificador da Doutrina Espírita. Ainda outras editoras publicam estas mesmas obras de Kardec. Também os jornais, as revistas e os folhetos espíritas são abundantes e muito difundidos. Ora, toda esta literatura espírita está repleta de irreverências, aleivosias e calúnias contra o Papa, a Igreja e os Dogmas. Tudo o que a impiedade e o anticlericalismo dos liberais e racionalistas do século passado inventou, é amplamente divulgado pela Federação Espírita (através das obras de Leão Denis, “Padre” Alta, Pellicer, Cândido Xavier, C. Imbassahy, etc.) e fanaticamente repetido nos jornais ou nas colunas espíritas do Brasil inteiro como se fossem os últimos e definitivos resultados das investigações históricas. Assim, por exemplo, continua indiscutivelmente certo para os nossos espíritas que a Igreja falsificou os Evangelhos e queimou os originais; que o dogma da divindade de Cristo só apareceu no século IV e o da SSma. Trindade surgiu apenas no século VII; que a confissão foi inventada em 1215; que a Igreja assassinou (sic!) Galileu e queimou Joana d’Arc, sem falar dos “horrores da Santa Inquisição”, que voltam a ser relembrados hoje em quase todos os livros e artigos com os mesmos exageros e falsificações de ontem. Pouco instruído, o nosso povo não está habilitado a distinguir a verdade do erro e ficará forçosamente confundido em sua fé. Não há coisa mais fácil do que lançar a semente da confusão e do erro no meio do povo simples. É o que está fazendo entre nós a literatura espírita. Daí a necessidade de denunciar e proibir tais escritos.

As obras de Allan Kardec e Pietro Ubaldi

Já por decreto particular de 20 de Abril de 1864 a Santa Sé denunciou e proibiu as obras de Allan Kardec (aliás Leão Hipólito Denizart Rivail), compilador da Doutrina Espírita, colocando-os no índice dos livros proibidos. O mesmo vale da Revue Spirite e Revue Spiritualiste. Também as obras de Pietro Ubaldi, espírita italiano que agora se transferiu para o Brasil, e cujos livros foram traduzidos e estão à venda em muitas livrarias, foram condenadas por decreto de 8 de Novembro de 1939 e postas também no índice.

Outros livros espíritas

Quanto aos outros livros espíritas não nominalmente denunciados pelas autoridades Eclesiásticas, principalmente os de Leão Denis, J. B. Roustaing, Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado, etc. etc., como também todos os lançados pela Editora “O Pensamento” de São Paulo, vale o prescrito do cânon 1399, que diz assim:

“São proibidos por direito comum:…

2.° os livros de quaisquer autores, se propugnarem uma heresia ou um cisma, ou tentarem subverter os próprios fundamentos da religião cristã;

3.° os livros que de propósito atacam a religião ou os bons costumes;…

6.° os livros que: a) impugnam ou expõem à irrisão qualquer dos dogmas católicos; b) defendem erros proscritos pela Santa Sé; c) mofam do culto divino; d) procuram destruir a disciplina eclesiástica;…

7.° os livros que ensinam ou recomendam qualquer espécie de superstição, sortilégio, adivinhação, magia, invocação dos espíritos e outras coisas do mesmo gênero”.

Esclarece ainda o cânon 1398 § 1:

“A proibição dos livros faz com que, sem a devida licença, não possam ser editados, lidos, retidos, vendidos, traduzidos e comunicados por qualquer forma a outras pessoas”.

A severidade desta proibição.

E para que todos saibam com que rigor e severidade são proibidos os livros que expõem e defendem a herética doutrina espírita (os de Allan Kardec, Leão Denis, João Roustaing, Carlos Imbassahy, etc.), considere-se ainda o cânon 2318 § 1:

“Incorrem ipso facto na excomunhão speciali modo reservada à Santa Sé, publicada a obra, os editores dos livros dos apóstatas, heréticos e cismáticos, que defendem a apostasia, a heresia e o cisma, e bem assim os que defendem ou cientemente lêem ou retêm esses livros ou outros proibidos nominatim por letras apostólicas”.

O que quer dizer que estão excluídos da comunidade dos fiéis (excomungados):

  1. todos aqueles que editam livros que expõem ou defendem a doutrina espírita ou parte dela (p. ex. a reencarnação), embora eles mesmos protestem não serem espíritas;
  2. todos aqueles que lêem livros espíritas, sem terem para isso a devida licença especial, muito embora eles mesmos declarem não serem nem quererem ser espíritas;
  3. todos aqueles que defendem tais livros espíritas;
  4. todos aqueles que retêm ou guardam, permanente ou transitoriamente, semelhantes livros consigo ou com outrem, mas de maneira a poderem usar deles à vontade.

Assistir às Sessões espíritas

Com relação às sessões espíritas declararam agora os Bispos do Brasil que “toda e qualquer participação, sob qualquer pretexto, é gravemente proibida“. Foi o que já decidira a Santa Sé em Abril de 1917 com estas palavras:

“Não é lícito, por médium ou sem eles, com ou sem hipnotismo, assistir a conversas ou manifestações de espiritismo, mesmo que apresentem aparências de honestidade e piedade, quer seja interrogando os espíritos e ouvindo respostas, quer simplesmente assistindo, ainda que haja protesto tácito ou expresso de não querer pacto com o demônio”.

E em Agosto de 1856, ao surgir o moderno movimento espírita, afirmava a Santa Sé que:

“Evocar as almas dos mortos e pretender receber suas respostas, manifestar coisas ocultas e distantes, ou praticar outras superstições análogas, é absolutamente ilícito, herético, escandaloso e contrário à honestidade dos costumes”.

Proibição divina da evocação dos mortos

A prática, agora generalizada pelo Espiritismo, de evocar os mortos, não é recente. O Espiritismo atual é a continuação da magia e da necromancia de tempos idos. Já no Antigo Testamento existem testemunhos das consultas aos mortos praticadas pelos hebreus. Apenas os nomes mudaram: hoje diz-se espiritismo, macumba ou umbanda, o que então se conhecia como necromancia ou magia; hoje chama-se médium, macumbeiro, pai de santo, babalaô ou cavalo, o que então era mago, pitonisa, adivinho, bruxa ou feiticeiro; hoje diz-se que o médium está em transe, então falava-se em furor sacro; hoje temos centros, terreiros, ou tendas espíritas, então eram os oráculos, as cavernas ou os antros; hoje evocam-se espíritos, orixás e exus, então chamavam por gênios ou numes. Mas o fim visado foi sempre o mesmo: evocar os mortos, para deles saber alguma coisa. O Espiritismo moderno, portanto, é a magia ou a necromancia da antiguidade. Ora, consta de textos insofismáveis, claros, repetidos, enérgicos e severíssimos do Antigo Testamento que Deus proibiu tais práticas:

  1. Êxodo 22, 18: “Não deixarás viver os feiticeiros”.
  2. Lev 20, 6: “A pessoa que se dirigir a magos e adivinhos e tiver comunicações com eles, eu porei o meu rosto contra ela e a exterminarei do seu povo”.
  3. Lev 20, 27: “O homem ou a mulher em quem houver espírito pitônico (e o exercer), sejam punidos de morte. Apedrejá-los-ão, o seu sangue cairá sobre eles”.
  4. Lev 19, 31: “Não vos dirijais aos magos, nem interrogueis os adivinhos, para que vos não contamineis por meio deles. Eu sou o Senhor vosso Deus”.
  5. Deut 18, 10-14: “Não se ache entre vós… quem consulte adivinhos ou observe sonhos e agouros, nem quem use malefícios, nem quem seja encantador, nem quem consulte pitões ou adivinhos, ou indague dos mortos a verdade. Porque o Senhor abomina todas estas coisas, e por tais maldades exterminará estes povos à tua entrada. Serás perfeito e sem mancha como o Senhor teu Deus. Estes povos, cujo país tu possuirás, ouvem os agoureiros e os adivinhos; tu, porém, foste instruído doutro modo pelo Senhor teu Deus”.
  6. 1 Reis 28, 5-25: É a história do rei Saul que foi consultar uma pitonisa e evocar o espírito de Samuel. A consequência da história toda se conta em 1 Paralel 10, 13: “Morreu, pois, Saul por causa das suas iniquidades, porque tinha desobedecido ao mandamento que o Senhor lhe tinha imposto e não tinha observado; e, além disso, tinha consultado a pitonisa e não tinha posto a sua esperança no Senhor; por isso ele o matou, e transferiu o seu reino para David, filho de Isaí”.
  7. 4 Reis, 17, 17: (enumerando os crimes de Israel, pelos quais foram castigados) “… e entregaram-se a adivinhações e agouros, e abandonaram-se a fazer o mal diante do Senhor, provocando sua ira. E o Senhor indignou-se sobremaneira contra Israel e rejeitou-os de diante de sua face”.
  8. Isaías 8, 19-20: “E quando vos disserem: consultai os pitões e os adivinhos, que murmuram em segredo nos seus encantamentos: Acaso não consultará o Povo ao seu Deus, há de ir falar com os mortos acerca dos vivos? Antes à Lei e ao Testamento é que se deve recorrer. Porém, se eles não falarem na conformidade desta palavra, não raiará para eles a luz da manhã”.

Finalidade dos Centros Espíritas

Não se iludam os católicos com relação à verdadeira e primária finalidade dos centros espíritas. As “Normas de Estatutos para Sociedades Espíritas”, publicadas neste ano de 1953 pela Federação Espírita, põe como primeira finalidade de cada Centro a ela associado o seguinte “O estudo do Espiritismo e a propaganda ilimitada de seus ensinamentos doutrinários, por todos os meios que oferece a palavra escrita, falada e exemplificada” (p. 18), sendo dever de cada sócio “estudar e aprender a Doutrina Espírita” e “frequentar as sessões de estudo da Doutrina” (p. 21 e 22).

E se olharmos para os estatutos dos Centros, Tendas, Congregações, Casas e Irmandades Espíritas, assim como foram publicados no Diário Oficial, veremos, efetivamente, que todos eles declaram ter como fim principal: “difundir a Doutrina Espírita”, “pregar e auxiliar o desenvolvimento da Doutrina Espírita”, “propagar por todas as formas e meios possíveis a Doutrina Espírita”, “proporcionar aos membros e frequentadores o conhecimento geral da Doutrina Espírita”, etc. Os mesmos estatutos ainda esclarecem: difusão do Espiritismo “segundo os ensinamentos de Allan Kardec”, propaganda “baseada nas obras da codificação kardeciana”, ou “dentro das normas umbandistas”, etc. Ora, esta doutrina propagada assim pelos nossos Centros, nega radicalmente todas as verdades que nós professamos no “Creio em Deus Padre”. E uma doutrina assim, tão distante dos ensinamentos de Cristo, radicalmente pagã, os centros espíritas querem propagar, como eles ainda declaram nos citados estatutos, “por todas as formas e meios possíveis”, “por todas as maneiras que oferece a palavra escrita e falada”, “por todos os meios ao seu alcance”, etc. Em vista disso, compreende-se perfeitamente a severa proibição de frequentar tais centros, que são focos de heresias, erros, blasfêmias, e superstições.

A traiçoeira e desleal propaganda espírita.

No texto condenatório do Espiritismo, o Episcopado Brasileiro denuncia a enganosa propaganda espírita que, embora negue o Cristianismo pela base, “tem, no entanto, a cautela de fazer-se cristão, de modo a deixar a católicos menos avisados a impressão erradíssima de ser possível conciliar Catolicismo e Espiritismo”. Não é nenhuma novidade na história do Cristianismo encontrar pessoas que se apresentam como cristãos para melhor insinuar-se nos meios cristãos e assim destruir o Cristianismo. Nosso Senhor o predisse quando admoestou:

“Cuidado com os falsos profetas que se vos apresentam em pele de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes” (Mt 7, 15)

São Paulo fala de “satanás que se transforma em anjo da luz… e seus servidores se transfiguram em servos da justiça” (2 Cor 11, 14-15). O estratagema do lobo em pele de ovelha ou do anjo das trevas transformado em anjo da luz, eis aí o método de propaganda dos espíritas. Já Allan Kardec ditou esta norma de ação:

“Cumpre nos façamos compreensíveis. Se alguém tem uma convicção bem firmada sobre uma doutrina, ainda que falsa, necessário é lhe tiremos essa convicção, mas pouco a pouco. Por isso é que muitas vezes nos servimos de seus termos e aparentamos abundar nas suas idéias: é para que não fique de súbito ofuscado e não deixe de se instruir conosco”[2].

Sendo o Brasil um país tradicionalmente cristão, os espíritas, de acordo com o citado princípio, se apresentam constantemente como “cristãos”. Começam por dizer que o Espiritismo é apenas ciência e filosofia, não cogitando de questões dogmáticas[3]; que eles não combatem crença alguma (sic!); que o católico, para ser espírita, não precisa deixar de ser católico; que todas as religiões são boas, contanto que se faça o bem e se pratique a caridade, etc. E por isso vão dando nomes de Santos nossos aos centros e às tendas espíritas[4]; nos próprios centros expõem imagens de Santos e de Cristo; nas sessões chegam a rezar exatamente as nossas orações mais populares, inclusive o Credo[5]; falam muito de Cristo, exaltando sua personalidade e enaltecendo seus ensinamentos sobre a caridade; citam até com muita piedade um ou outro raro texto escolhido da Sagrada Escritura; aconselham aos novatos que continuem a praticar a religião católica. Ao mesmo tempo já vão distribuindo os livros doutrinários do Espiritismo de Kardec ou de Umbanda; vão dando instruções sobre a “verdadeira” face da Igreja (sempre, naturalmente, “respeitando todas as crenças”!); vão ridicularizando os dogmas, a começar pelo inferno (sempre, é claro, com o máximo respeito pela opinião alheia), para assim, pouco a pouco, ir instilando e injetando o veneno mortal da Doutrina Espírita. Porque a verdadeira intenção deles lá está, no Diário Oficial: “Propagar por todas as formas e meios possíveis a Doutrina Espírita”; “difusão do Espiritismo segundo os ensinamentos de Allan Kardec”; “propaganda do Espiritismo, especialmente dentro das normas umbandistas”, etc.

“… mas por dentro são lobos vorazes!” (Mt 7, 16).

Bondoso, pouco instruído, por tradição devoto dos Santos, por ignorância demasiado confiante em bentos e bentinhos, a que chegam a atribuir poderes infalíveis e mágicos, confundindo os sacramentais da Igreja com figas, amuletos, talismãs e outros preservativos; crédulo e religioso; não habilitado a distinguir a verdade do erro; em parte também religiosamente abandonado por falta absoluta de clero; muitas vezes pobre e desamparado em suas doenças e misérias; enganado ademais por declarações hipócritas, promessas falazes e fachadas mentirosas; curioso; naturalmente propenso às manifestações maravilhosas; com imensa saudade de seus mortos; disposto a dar tudo para ajudar os falecidos e deles receber algum sinal, — o nosso povo, em escala sempre ascendente, foi e está sendo vítima da traiçoeira propaganda espírita.

E foi assim que o Espiritismo acabou iludindo muita gente nossa. Surgiu assim o tipo híbrido e monstruoso dos que na hora do recenseamento não sabem se são católicos ou espíritas; dos que querem ser católicos de manhã e espíritas à tarde; dos que mandam sufragar seus mortos e vão evocá-los depois; dos que vão à mesa eucarística do Salvador e assistem à mesa dançante de Satanás; dos que se professam seguidores fiéis de Cristo e aceitam as elucubrações de Allan Kardec; dos que num dos nossos maiores jornais do Rio agradecem uma graça recebida por intermédio do Sagrado Coração de Jesus, da Imaculada Conceição e de Allan Kardec; dos que confiam tanto na água benta como na água fluídica de Yokaanam, etc.

Mas criar a confusão religiosa na cabeça de nossa gente é apenas o primeiro passo da treda propaganda espírita. Depois da confusão vem o descalabro total na fé católica. À medida que os espíritas vão verificando que a pessoa já está influenciada pelas idéias espíritas, eles vão descendo a máscara e vão expondo sua verdadeira doutrina, radicalmente anticristã, vão negando, uma por uma, as verdades centrais da nossa santa fé. Tendo-se apresentado no início como pura ciência, acabam por proclamar que o Espiritismo é a única religião verdadeira.

Já, a essa altura, está o candidato espírita maduro para ouvir as maiores diatribes contra a religião de seus antepassados.

Consumou-se a apostasia…

E deste modo, no segundo Congresso Panamericano, os espíritas do Brasil fizeram a seguinte solene declaração: “Os espíritas do Brasil, reunidos no II Congresso Espírita Panamericano, com as expressões de maior respeito à liberdade de pensamento e de consciência, afirmam que, no Brasil, a Doutrina Espírita, sem prejuízo de seus aspectos científico e filosófico, é fundamentada no Evangelho do Cristo, certo de ser ela o Consolador Prometido de que nos falam aqueles mesmos Evangelhos. Por isso é que nós outros, que vivemos no Brasil, ligados à Doutrina Espírita, consideramo-la a Religião”.

Veremos na segunda parte se esta “religião” ainda pode ser considerada cristã, fiel aos ensinamentos de Cristo Nosso Senhor.

II) AS HERESIAS DO ESPIRITISMO BRASILEIRO

Comprovaremos nesta segunda parte a grave denúncia dos Bispos do Brasil em que declaram que “o Espiritismo não nega apenas uma ou outra verdade de nossa Santa Religião, mas todas elas“. Apresentaremos quarenta aberrações dogmáticas na Doutrina Espírita, todas elas negativas, que julgamos serem as principais. Poderíamos desdobrá- las, pois que várias delas supõem e incluem outras muitas heresias. Assim, a negação da Trindade de Pessoas em Deus deita por terra todos os dogmas trinitários; a negação da divindade de Cristo compromete todas as teses cristológicas; a negação do pecado original incompatibiliza-se com toda a antropologia e soteriologia cristã; a negação da graça divina destrói pela base toda a vasta doutrina sobre a justificação, etc. Preferimos, porém, ater-nos aos pontos fundamentais que, assim mesmo, já são abundantes. Damos a nossa inteira garantia de que as heresias imputadas aqui ao Espiritismo se encontram de fato na Doutrina Espírita assim como ela é propagada entre nós, no Brasil. Aliás, documentaremos tudo com textos explícitos, tirados exclusivamente dos melhores doutrinadores espíritas, reconhecidos como tais pelo Espiritismo Brasileiro. Não havemos, pois, de recorrer a espíritas ingleses ou norte-americanos ou mesmo italianos ainda não importados e propagados pelos espíritas nacionais.

O Espiritismo nega o mistério

Proclama Allan Kardec, supremo mestre da Doutrina Espírita:

“Não podem existir mistérios absolutos e Jesus está com razão quando diz que nada há secreto que não venha a ser conhecido”[6].

Na edição brasileira de 1897 deste mesmo Evangelho segundo o Espiritismo, p. VI, grita o mestre espírita: “Queremos livres pensadores!” e depois, na p. X, declara:

“Para fundar a doutrina que deve servir de apoio aos espíritos de hoje, não é necessário, não é preciso milagres, é preciso, ao contrário, que a ciência com seu escapelo possa sondar todos os dogmas, todas as máximas, todas as manifestações; é preciso que a razão possa tudo analisar, tudo elucidar, antes de nada aceitar”

Diz por isso o mesmo mestre em suas Obras Póstumas (10a ed. p. 201):

“Proscrevendo a fé cega, (o Espiritismo) quer ser compreendido. Para ele, absolutamente não há mistérios, mas uma fé racional, que se baseia em fatos e que deseja a luz”.

É este o motivo por que Kardec não se cansa em repetir que a razão deve poder examinar tudo e rejeitar o que não compreende:

“O primeiro exame comprobativo (das revelações) é, pois, sem contradita, o da razão, ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos”[7].

“Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom-senso reprovarem”[8].

O Espiritismo nega o milagre

Alan Kardec concede a possibilidade absoluta do milagre, mas estabelece logo mais:

“Não sendo necessários os milagres para a glorificação de Deus, nada no Universo se produz fora do âmbito das leis gerais. Deus não faz milagres, porque, sendo, como são, perfeitas as suas leis, não lhe é necessário derrogá-las. Se há fatos que não compreendemos, é que ainda nos faltam os conhecimentos necessários”[9].

Mas Leão Denis, outro chefe espírita importado, contesta até a possibilidade do milagre:

“O que se denomina milagres são fenômenos produzidos pela ação de forças desconhecidas, que a ciência descobre cedo ou tarde. Não pode existir milagre no sentido de postergação das leis naturais”[10]; “a experiência e a razão têm demonstrado que o milagre é impossível. As leis da Natureza, que são leis divinas, não podem ser violadas, porque são elas que regulam e mantêm a harmonia do Universo. Deus não pode a si mesmo desmentir-se”[11].

O Espiritismo nega a inspiração divina da Sagrada Escritura

No fascículo de Janeiro de 1953, p. 23, do órgão oficial da Federação Espírita Brasileira, Reformador, encontramos a posição bem definida dos espíritas perante a Bíblia:

“Do Velho Testamento já nos é recomendado somente o Decálogo e do Novo Testamento apenas a moral de Jesus: Já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor algum, mais de 90% do texto da Bíblia. Só vemos na Bíblia toda um livro respeitável pelo seu valor cultural, pela força que teve na formação cultural dos povos do Ocidente”.

Carlos Imbassahy[12] define a Bíblia como “traço do estado selvagem de uma época, reflexo de impulsos e instintos, onde se identificam incisos bárbaros, ferozes, cruéis…”[13]. Vem de Allan Kardec dizer que o Decálogo é uma lei divina e o mestre acrescenta:

“Todas as outras leis que Moisés decretou, obrigado que se via, a conter, pelo temor, um povo de seu natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para imprimir autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o fizeram todos os legisladores dos povos primitivos”[14].

Falando dos escritos apostólicos do Novo Testamento, escreve o mesmo mestre espírita:

“Todos os escritos posteriores (aos Evangelhos), sem exclusão dos de S. Paulo, são apenas, e não podem deixar de ser, simples comentários ou apreciações, reflexos de opiniões pessoais, muitas vezes contraditórias, que, em caso algum, podem ter a autoridade da narrativa dos que receberam diretamente do Mestre as instruções”[15].

E Leão Denis doutrina:

“Se os Evangelhos são aceitáveis em muitos pontos, é, todavia, necessário submeter o seu conjunto à inspeção do raciocínio. Todas as palavras, todos os fatos que neles estão consignados não poderiam ser atribuídos ao Cristo”[16].

Daí a conclusão de Carlos Imbassahy:

“Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O Espiritismo não é um ramo do Cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta os seus princípios nas Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia… A nossa base é o ensino dos Espíritos, daí o nome — Espiritismo”[17]; rematando, na p. 232: “A Bíblia não pode ser razão de peso contra o ensino dos Espíritos”.

E aí está o “cristianismo” dos espíritas…

O Espiritismo nega a autoridade do Magistério Eclesiástico

“É chegada a hora em que a Igreja tem de prestar contas do depósito que lhe foi confiado, da maneira por que pratica os ensinos do Cristo, do uso que fez da sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade a que levou os espíritos… Deus a julgou e reconheceu inapta, daqui por diante, para a missão de progresso que incumbe a toda autoridade espiritual”[18].

O magistério passou para o Espiritismo:

“O Espiritismo é a chave com que podemos penetrar no espírito, isto é, no pensamento da letra evangélica… O Evangelho deve ser interpretado à luz do Espiritismo, porque sem o auxílio do Espiritismo jamais poderíamos aceitar conscientemente certas passagens evangélicas… Temos observado que atualmente se procura inverter a posição dos assuntos: o Espiritismo é que está sendo interpretado pelo Evangelho, quando na realidade o Evangelho é que deve ser interpretado pelo Espiritismo… Não é o Evangelho que explica o Espiritismo, mas o Espiritismo é que explica o Evangelho”[19].

Já Allan Kardec postulara o mesmo:

“Muitos pontos dos Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral são ininteligíveis, parecendo alguns até disparatados por falta de chave que faculte se lhe apreenda o verdadeiro sentido. Esta chave está completa no Espiritismo”[20].

Em outro lugar pergunta:

“Quem tem a liberdade de interpretar as Escrituras Sagradas? Quem tem esse direito? Quem possui as necessárias luzes?… Neste século de emancipação intelectual e de liberdade de consciência, o direito de exame pertence a todos e as Escrituras não são mais a arca santa na qual ninguém se atreveria a tocar com a ponta do dedo, sem correr o risco de ser fulminado” (p. 26).

Por isso o Espiritismo “proclama o direito absoluto à liberdade de consciência e do livre exame em matéria de fé”[21].

O Espiritismo nega a infalibilidade do Papa

Segue-se da negação precedente. Mas convém acentuar este ponto particularmente. Escreve Kardec:

“O Papa, príncipe temporal, espalha o erro pelo mundo, em vez do Espírito de Verdade, de que ele se constituiu o emblema artificial”[22].

E falando do Papa e do Sacro Colégio:

“Todos esses homens são obstinados, ignorantes, habituados a todos os gozos profanos; necessitam do dinheiro para satisfazê-lo” (p. 267).

A história dos Papas resume-se nisso:

“Se no catálogo dos Papas criados desde a fundação da Igreja até ao nosso tempo, quiséssemos fazer duas secções, acharíamos na primeira mendigos e desocupados que só trilharam a estrada do vício para desfrutarem os deleites do mundo; e veríamos na segunda subir a cadeira pontifícia um bando de intrigantes, que, vivendo carregados de crimes, todos desceram ao sepulcro cobertos da execração pública”[23].

O Espiritismo nega a instituição divina da Igreja

É o que transparece de todos os livros espíritas quando falam da Igreja. Particularmente veementes são as expressões dos espíritas “científicos” do Redentor, que apresentam a Igreja como “a mais tirana” de todas as religiões, “a mais negocista, a mais materialona[24], a mais imoral”, “religião de mentiras e comédias bufas”, “seita negocista, ultra-perversa, baseada num Deus material, à sua imagem diabólica”, “uma associação, quando muito, de idolatria, imitadores do paganismo grego e nada mais”, “o maior foco de todas as mentiras, de todas as vergonhas, de todas as misérias morais que se conhecem”, “a mais pulha, a mais lavradez, a mais assassina de quantas (seitas) se conhecem”, etc.[25]. Segundo o modo de ver espírita, pois, a Igreja faliu totalmente e o Espiritismo vem substituí-la:

“O Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel na “Terra. Ele reformará a legislação ainda tão frequentemente contrária às leis divinas; retificará os erros da história; restaurará a religião do Cristo, que se tornou nas mãos dos padres objeto de comércio e de tráfico vil; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar”[26].

E a respeito dos padres, respigamos nos livros espíritas — dos mesmos que não se cansam em repetir que “respeitam todas as crenças” — alguns mui carinhosos qualificativos: “Grandes bandidos”, “maldita casta”, “urubus de batina”, “figuras quixotescas e perversas”, “velhacos, chupins, urubuzada, masmorras de batina”, “tonsurados de má-sorte”, “os mais perigosos homens”, “recua de cavadores, corja de vadios”, “indivíduos sem escrúpulos, malandros”, etc.

O Espiritismo nega a suficiência da revelação cristã

São unânimes os espíritas em proclamar que a promessa do Espírito da Verdade (Jo 16, 13) não se cumpriu no dia de Pentecostes, mas no Espiritismo de agora. O “espírito” que se comunicou com Allan Kardec era o próprio “espírito da verdade” em pessoa![27] É por isso a “Terceira Revelação”, expressão corrente entre os espíritas para designar o Espiritismo. Vem de Allan Kardec[28]. A primeira Revelação seria a de Moisés (Antigo Testamento), a Segunda teria sido efetuada por Jesus (Novo Testamento), corrigindo e completando a Primeira, e o Espiritismo seria a Terceira Revelação, completando por sua vez a segunda.

O Espiritismo nega o augusto mistério da Trindade

“Há mais do que uma pessoa em Deus? Resposta: Não, a razão nos diz que Deus é um ser único, indivisível; que o Pai Celeste é um só para todos os filhos do Universo”[29].

A noção católica de Deus seria “o resultado das paixões e dos interesses materiais que entraram em jogo no mundo cristão, depois da morte de Jesus. A noção da Trindade, colhida numa lenda hindu, que era a expressão de um símbolo, veio obscurecer e desnaturar essa alta idéia de Deus (trazida por Cristo)… Essa concepção trinitária, tão incompreensível, oferecia, entretanto, grandes vantagens às pretensões da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus. Conferia ao poderoso Espírito, a que chama seu fundador, um prestígio, uma autoridade cujo esplendor sobre ela recaía e assegurava o seu poder. Nisso está o segredo de sua adoção pelo concílio de Nicéia”[30]. Numa carta particular, nos escreve um popular espírita do Norte do país o seguinte:

“Não admitimos o mistério da SS. Trindade, por achá-lo absurdo e inexplicável. Deus é Deus e Jesus jamais afirmou ser Deus, quando de sua peregrinação aqui na terra”.

Numa polêmica com um espírita de Petrópolis, tivemos o desgosto de ler frases como estas: “Este dogma monstruoso (da SSma. Trindade), negação da razão humana, não passa de uma construção almejada, de um andaime arbitrário e fictício de deduções fantásticas, livremente tiradas da aproximação de passagens isoladas, emprestadas de livros originariamente independentes um do outro”; “no primitivo cristianismo nem Jesus, nem Pedro, nem João, nem Tiago e nem Paulo jamais cogitaram desta trilogia… Paulo mesmo sempre foi antitrinitário… Este tema foi arranjado pelo catolicismo, de acordo com as crenças pagãs, já adotadas pelos povos de uma época inconcebível, quiçá antidiluviana”, etc. E para os espíritas “Cientistas Cristãos”, nosso Deus seria “um boneco manipançudo[31], paganizado”, um Deus “animalizado, escravocrata e vingativo”, um “Deus manipançudo que tem Mãe a quem denominam Maria, um Deus, portanto, católico apostólico romano, feroz, vingativo, estúpido, que atira os seus filhos para as caldeiras do inferno”, um “Deus assuinado[32], cevado e assim materializado”, “Deus- Bezerro, Deus-Chacal, Deus Vingativo, Deus que manda as suas partículas para as profundezas do inferno”, etc. E isso é Espiritismo “Racional, Científico, Cristão…”

Grande parte dos espíritas nega a existência dum Deus pessoal e distinto do mundo.

Allan Kardec pessoalmente não quer ser panteísta[33]. Mas a grande maioria, mesmo entre os Kardecistas, resvalou para um evidente panteísmo. Leão Denis: “Deus é infinito e não pode ser individualizado, isto é, separado do mundo, nem subsistir à parte”[34]; “o Ser supremo não existe fora do mundo, porque este é a sua parte integrante e essencial” (ib. p. 124); “Deus é a grande alma universal, de que toda alma humana é uma centelha, uma irradiação. Cada um de nós possui, em estado latente, forças emanadas do Divino Foco”[35].

“Deus é como uma folha de papel, rasgadinha em milhões, bilhões e não sei quantas mais divisões. Lançados esses pedacinhos de papel no Universo, cada pedacinho de papel representa um homem e um ser existente, todos reunidos, formando o todo, é Deus”[36].

As outras correntes espíritas brasileiras, não- kardecistas, são todas elas panteístas”[37].

O Espiritismo nega a liberdade de Deus

No Livro dos Espíritos ensinam os “espíritos superiores” que Deus devia criar necessariamente sob pena de ser um Deus inativo e ocioso (p. 36). E não só teve que criar desde toda a eternidade:

“Sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente” (p. 78).

“Existindo, por sua natureza, desde toda a eternidade — doutrina A. Kardec em A Gênese, p. 107 — Deus criou desde toda a eternidade e não poderia ser de outro modo”.

O Espiritismo nega a criação do nada

Embora empreguem a palavra “criação”, usam-na para exprimir o efeito das “irradiações do Foco Divino”:

“Não há, portanto, criação espontânea, miraculosa; a criação é contínua, sem começo nem fim. O Universo sempre existiu; possui em si o seu princípio de força, de movimento. Traz consigo seu fito. O Universo renova-se incessantemente em suas partes; no conjunto é eterno. Tudo se transforma, tudo evolui pelo jogo contínuo da vida e da morte, mas nada perece”[38].

Allan Kardec ridiculariza a idéia da criação do nada como sendo uma “criação miraculosa”[39] e se decidiu para o mais crasso evolucionismo[40].

O Espiritismo nega a criação da alma humana

Que, segundo o Espiritismo, a alma não seja criada no momento de sua união com o corpo, é evidente em vista da teoria reencarnacionista. Mas nem mesmo muito tempo antes a alma é criada:

“O Espírito (a alma) não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização”[41].

“A espécie humana provém material e espiritualmente da pedra bruta, das plantas, dos peixes, dos quadrúpedes, do mono. E, de homem, ascenderá a espírito, a anjo, indo povoar mundos superiores”[42].

O Espiritismo nega a criação do corpo humano

É uma consequência lógica do evolucionismo absoluto e monofilético abraçado pelos espíritas (nn. 11, 12). Sustentam que o nosso corpo veio do macaco:

“Como na natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência”[43], e por isso Allan Kardec julga muito provável que “em vez de se fazer para o Espírito um invólucro (corpo) especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem” (ib. p. 200).

O Espiritismo nega a união substancial entre o corpo e a alma

“A alma é independente do corpo, não passando este de temporário invólucro: a espiritualidade é-lhe essência, e a sua vida normal é a vida espiritual. O corpo é apenas instrumento da alma para exercício das suas faculdades nas relações com o mundo material; separada desse corpo, goza dessas faculdades mais livre e altamente. A união da alma com o corpo, em ser necessária aos primeiros progressos, só se opera no período que podemos classificar como da sua infância e adolescência; atingido, porém, que seja, um certo grau de perfeição e desmaterialização, essa união é prescindível, o progresso faz-se na sua vida de Espírito”[44].

“Não, essa união (entre corpo e alma) mais não é na realidade do que um incidente, um estádio da alma, nunca o seu estado essencial” (ib. p. 105).

O Espiritismo nega a espiritualidade da alma

Por mais paradoxal que possa parecer esta afirmação, é, entretanto, um fato que Allan Kardec chegou a negar nitidamente a espiritualidade da alma ou dos espíritos, para ensinar que, no fundo, tudo é material. Ele faz depender a alma intrinsecamente do “perispírito”[45], que “é matéria”[46], “verdadeira matéria”[47], a “quintessência da matéria”[48]. Falando da natureza mesma do Espírito, declara que “é a matéria quintessenciada”[49]. O supremo mestre da Doutrina Espírita chega mesmo a propor que, para evitar futuros desentendimentos, se adote a seguinte divisão do reino criado: “matéria inerte”, que seria o que nós denominamos simplesmente matéria, e “matéria inteligente”, que seriam os espíritos[50].

O Espiritismo nega a unidade do gênero humano

“Aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro, nem o único a povoar a Terra”[51].

Adão foi “um mito ou uma alegoria que personifica as primeiras idades do mundo” (ib. p. 65).

O Espiritismo nega a existência de anjos.

Além das almas humanas, não há outros seres espirituais:

“Os anjos são as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo em sua plenitude a prometida felicidade”[52].

“Os anjos são as almas que galgaram o último grau da escala, grau que todos podem adquirir”[53].

O Espiritismo nega a existência de demônios

“O Espiritismo não admite os demônios… no sentido vulgar da palavra, porém, sim, os maus espíritos… são seres atrasados, ainda imperfeitos, mas aos quais Deus reservará o futuro”[54].

“Os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não purificadas, mas que podem, como as outras, ascender ao mais alto cume da perfeição”[55].

O Espiritismo nega a divindade de Jesus Cristo

O principal compilador da Doutrina Espírita escreveu um tratado inteiro para provar que Cristo não é Deus[56]. Também os outros chefes espíritas importados, como Leão Denis, João B. Roustaing e outros, contestam todos eles a divindade de Cristo. Igualmente nos diversos jornais, revistas e livros espíritas do Brasil, sempre que falam desta questão, encontramos a mesma negação. Um simples espírita do povo nos escreveu do Sul do país uma carta em que dizia:

“Agora vamos esclarecer vossa opinião sobre Cristo: Dizeis que Ele é Deus, eu digo e todos os espíritas o dizem: Cristo não é Deus e, sim, um filho de Deus como todos nós o somos”.

O Espiritismo nega os milagres de Cristo

Contestando a possibilidade geral do milagre (n. 2), os mestres espíritas são consequentes negando também os milagres narrados nos Evangelhos: São apenas “efeitos do magnetismo, do sonambulismo, da anestesia,  da transmissão dovpensamento”, etc., pois “nada há de anormal em  que Jesus     possuísse faculdadesvidênticas às dos nossos magnetizadores, curadores, sonâmbulos, videntes, médiuns”, etc.[57]. Jesus era “um médium      incomparável”[58], era  o “médium    de Deus”[59]. Com tais premissas explica Allan Kardec todos os milagres de Jesus[60]. E quando não dá, como no caso das ressurreições, ele nega o fato[61], como também nega a ressurreição do próprio Cristo[62].

Grande parte dos espíritas nega a humanidade de Cristo.

Repetindo a antiquíssima heresia dos docetas, sustentam que Cristo não tinha verdadeiro corpo carnal, mas apenas um corpo aparente ou fluídico. Esta teoria é sustentada oficialmente pela Federação Espírita Brasileira, cujo Diretor compendiou toda esta doutrina no título que deu ao livro: “Jesus nem Deus nem Homem”[63]. Mas há, entre os kardecistas, muitos que não concordam com esta doutrina. O próprio Allan Kardec a combateu.

O Espiritismo nega os privilégios de Maria Santíssima

Não aceitando a divindade de Cristo (n. 19), não podem logicamente admitir a Maternidade Divina de Nossa Senhora. Sustentando até muitos espíritas que Cristo nem era verdadeiro homem (n. 21), mas que tinha apenas um corpo aparente, negam de todo que Maria era a Mãe de Cristo. Opondo-se à doutrina do pecado original (n.° 24), o dogma da Imaculada Conceição fica sem sentido. Ridicularizando a fé cristã na ressurreição final (n. 39), também o novo dogma da Assunção já é inútil e incompreensível. E assim desmorona nas mãos dos espíritas toda a Mariologia Cristã. De resto, em vista da grande devoção que nosso povo tem à Mãe de Jesus, os espíritas são muito reservados neste ponto.

O Espiritismo nega a nossa redenção por Cristo

“A salvação não se obtém por graça nem pelo sangue derramado por Jesus no madeiro”, mas “a salvação é ponto do esforço individual que cada um emprega, na medida de suas forças”[64].

“Jesus não podia, nem quis assumir todas as responsabilidades individuais, contraídas ou por contrair, emanadas dos pecados dos homens e muito menos podia, pelo sacrifício da sua vida, remir a Humanidade da pena do desterro a que fora condenada… A redenção da Humanidade não se firma, pois, nos méritos e sacrifícios de Jesus, e, sim, nas boas obras dos homens… Que cegueira! Quanta aberração! Supor e afirmar que os sofrimentos e a morte do Justo foram ordenadas do Alto, em expiação dos pecados de todos, é a mais orgulhosa das blasfêmias contra a justiça do Eterno”[65].

Leão Denis:

“Não, a missão do Cristo não era resgatar com o sangue os crimes da Humanidade: O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo; resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os Espíritas, aos milhares, afirmam, em todos os pontos do mundo”[66].

O Espiritismo nega o pecado original

Leão Denis:

“Apresentado em seu aspecto dogmático, o pecado original, que pune toda a posteridade de Adão, isto é, a Humanidade inteira, pela desobediência do primeiro par, para depois salvá-la por meio de uma iniquidade ainda maior — a imolação de um justo — é um ultraje à razão e à moral… Do seu passado criminoso (nas encarnações anteriores) perdeu o homem a recordação pessoal, mas conservou um vago sentimento: Daí proveio essa concepção do pecado original, que se encontra em muitas religiões, e da expiação que ele requer. Dessa concepção errônea derivam as da queda, do resgate e da redenção pelo sangue de Cristo, os mistérios da encarnação, da virgem- mãe, da imaculada conceição, numa palavra, todo o amontoado do Catolicismo. Todos esses dogmas constituem verdadeira negação da razão e da justiça divinas… Não é admissível houvesse Deus criado o homem e a mulher com a condição de não se instruírem. Menos admissível, ainda, é que ele tenha, por uma única desobediência, condenado a sua posteridade e a humanidade inteira à morte e ao inferno… Se considerarmos o dogma do pecado original e da queda qual o é, realmente, isto é, como um mito, uma lenda oriental, exatamente como se depara em todas as cosmogonias antigas; se destruirmos com um sopro tais quimeras, todo o edifício dos dogmas e mistérios imediatamente se desmorona”[67].

O Espiritismo nega a graça divina

Para ele não há “nem favores, nem privilégios que não sejam o prêmio ao mérito; tudo é medido na balança da estrita justiça”[68]. Deus não pode conceder favores ou privilégios imerecidos:

“Qualquer privilégio seria uma preferência, uma injustiça”[69].

“Todos são filhos de suas próprias obras”[70]. A criatura “atinge a felicidade pelo próprio mérito”[71].

“As almas atingem o grau supremo senão pelos esforços que façam por se melhorarem e depois de uma série de provas adequadas à sua purificação”, pelas reencarnações[72].

“O Grande Foco (Deus) não perdoa nem castiga, não é escravocrata e deu às suas partículas (às almas) todos os elementos para que, por si próprias e sob sua inteira responsabilidade, possam lutar na vida e purificar-se”[73].

O Espiritismo nega a possibilidade do perdão dos pecados.

Segundo os espíritas, Deus não pode perdoar pecados sem que preceda expiação e reparação feita pelo próprio pecador. Eles não concebem a possibilidade de uma satisfação vicária. Por isso negam a nossa redenção por Cristo (n. 23). Cada qual deve expiar as suas próprias culpas em reiteradas vidas.

“Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes”[74].

O arrependimento só não basta:

“O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado”[75].

O Espiritismo nega o valor da vida contemplativa e ascética

Em vista da doutrina do número precedente, estranha esta nova negação. Allan Kardec pergunta aos “espíritos superiores”:

“Têm, perante Deus, algum mérito os que se consagram à vida contemplativa, uma vez que nenhum mal fazem e só em Deus pensam?”

Resposta dos “espíritos”:

“Não, porquanto, se é certo que não fazem o mal, também o é que não fazem o bem e são inúteis. Demais, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que o homem pense nele, mas não quer que só nele pense, pois que lhe impôs deveres a cumprir na terra. Quem passa todo o tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma vida pessoal e inútil à humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito”[76].

Dos que se resolveram para o celibato voluntário, diz que “assim vivem por egoísmo e desagradam a Deus e enganam o mundo” (p. 324) e “os sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem” (p. 333). Na p. 347 pergunta:

“Que se deve pensar dos que vivem em absoluta reclusão, fugindo ao pernicioso contacto do mundo?”

Resposta: “Duplo egoísmo” e declara logo mais que nem mesmo seria meritório essa retraimento “se tiver por fim uma expiação, impondo-se aquele que o busca uma provação penosa”.

O Espiritismo nega toda a doutrina cristã do sobrenatural

Não havendo pecado original (n. 24), sendo absurda a idéia da nossa redenção por Cristo (n. 23), não podendo Deus conferir privilégios, favores ou graças (n. 25), nem conceder o perdão dos pecados sem rigorosa expiação própria (n. 26), torna-se inteiramente impossível todo o maravilhoso ensinamento da Igreja a respeito da vida sobrenatural.

“Para nós (espíritas) não há coisa alguma sobrenatural”[77].

“Pretender-se que o sobrenatural é o fundamento de toda religião, que ele é o fecho de abóbada do edifício cristão, é sustentar perigosa tese… O de que necessitam as religiões não é do sobrenatural, mas do princípio espiritual”[78].

“O Espiritismo derroca o império do maravilhoso e do sobrenatural e, conseguintemente, a fonte da maior parte das superstições” (ib. p. 32). “O milagre e o sobrenatural são produtos da ignorância humana”[79].

O Espiritismo nega o valor dos Sacramentos

Claro está que, se não há graça (n. 25), nem vida sobrenatural (n. 28), nem merecimentos de Cristo em nosso favor (n. 23), os Sacramentos, como “canais de graças”, são perfeitamente supérfluos. Sustenta, aliás, Leão Denis que a Igreja tomou à índia “seus sacramentos e símbolos”[80]. Para ele os Sacramentos são apenas “instituições respeitáveis, consideradas como figuras simbólicas, como meios de adestramento moral e disciplina religiosa”[81]. Proclamando a nulidade dos Sacramentos, quer Allan Kardec que o Espiritismo não tenha nem “culto, nem rito, nem templos”[82]. E o Conselho Federativo Nacional dos espíritas, em sua reunião de 5 de Julho de 1952, declarou, “por unanimidade, que o Espiritismo é Religião sem ritos, sem liturgia e sem sacramentos”[83].

O Espiritismo nega a eficácia do Batismo

É consequência de negação geral dos Sacramentos.

“A água — diz Leão Denis, mostrando uma profunda ignorância a respeito do conceito verdadeiro de sacramento — é impotente para limpar de suas máculas as almas”[84].

Mas os espíritas recomendam o Batismo e a Confirmação, porque vêem neles um “ato de transmissão dos dons fluídicos” (ib. p. 105).

O Espiritismo nega a presença de Cristo na Eucaristia

“Donde provém este mistério afirmado pela Igreja?” pergunta L. Denis; e responde:

“De palavras de Jesus, tomadas ao pé da letra, e que tinham caráter puramente simbólico. Esse caráter, ao demais, é claramente indicado na frase por ele acrescentada: “Fazei isto em memória de mim”. Com isso afasta o Cristo qualquer idéia de presença real. Não pretendeu, evidentemente, falar senão do seu corpo espiritual, personificando o homem regenerado pelo espírito de amor e caridade”[85].

“A transubstanciação feita em altares, com sacerdotes e sacrifícios, é idolatria condenável, e, ipso facto, anticristã”[86].

Por isso zombam os espíritas do Sacrifício Eucarístico, como se fosse “pantomima” (ib. p. 102); “comédia de Missa, palhaçada do Catolicismo”[87], “latinório incompreensível, adoração de manipanços” (ib. p. 9).

O Espiritismo nega o valor da confissão

“Se consultarmos todos os textos em que se funda a instituição da confissão, neles só encontramos uma coisa: é que o homem deve reconhecer as ofensas cometidas contra o próximo; é que ele deve confessar diante de Deus as suas faltas. Desses textos antes resulta esta consideração: a consciência individual é sagrada; só depende de Deus diretamente. Nada aí autoriza a pretensão do padre, de se erigir em julgador”[88].

“A confissão auricular nunca foi praticada nos primeiros tempos do Cristianismo; não foi instituída por Jesus, mas pelos homens” (ib. p. 106).

Ademais, Deus não perdoa mesmo, porque não pode (cf. n. 26).

O Espiritismo nega a indissolubilidade do matrimônio

A indissolubilidade absoluta, declaram os “espíritos superiores”, “é uma lei humana muito contrária à da Natureza”[89]. “O divórcio é a lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina… Nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento” (ib. p. 281). Daí o grito espírita: “Somos positivamente divorcistas”[90].

O Espiritismo nega a unicidade da vida terrestre

“A pluralidade das existências, cujo princípio o Cristo estabeleceu no Evangelho, sem todavia defini-lo como a muitos outros, é uma das mais importantes leis reveladas pelo Espiritismo, pois que lhe demonstra a realidade e a necessidade para o progresso”[91].

“A idéia da pluralidade das existências se vulgariza com pasmosa rapidez, em razão de sua extrema lógica e conformidade com a justiça de Deus. Quando ela for reconhecida como verdade natural e aceita por todos, que fará a Igreja?”[92]

Portanto à doutrina cristã opõem os espíritas a doutrina pagã da reencarnação, mina rica de abundantes e perniciosas aberrações e heresias. “Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, esta é a lei”[93].

O Espiritismo nega o juízo particular depois da morte

“A fixação irrevogável, depois da morte, seria a negação absoluta da justiça e da bondade de Deus, porque há muitos que não puderam esclarecer-se suficientemente na existência terrena, sem falar dos idiotas, imbecis, selvagens e de elevado número de crianças que morrem sem ter entrevisto a vida”[94].

Aliás, a ilusão reencarnacionista em que vivem os nossos espíritas brasileiros (os espíritas anglo-saxões não admitem a teoria da reencarnação!), nem lhes permite aceitar a doutrina católica do juízo particular.

O Espiritismo nega a existência do Purgatório

Os espíritas falam também dum purgatório; mas o tal purgatório seria esta terra, a vida atual[95]. Allan Kardec escreveu um capítulo inteiro para refutar a doutrina católica sobre o purgatório[96], dizendo que não está no Evangelho e que apareceu apenas em 593 e que “as preces pagãs transformaram o purgatório em mina mais rendosa que o inferno” (ib. p. 61).

O Espiritismo nega a existência do Céu

Apesar de ensinar que os espíritos evoluídos e perfeitos são felizes, os espíritas teimam em ridicularizar de todos os modos a doutrina católica sobre o céu, como se se tratasse de uma “bem-aventurança estúpida e monótona”[97], uma “inútil contemplação perpétua”[98], “ociosidade contemplativa, que seria, como temos dito muitas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade”[99].

“O estado de contemplação perpétua seria uma felicidade estúpida e monótona; seria a ventura do egoísta, uma existência interminavelmente inútil”[100].

O Espiritismo nega o Inferno

Não há ensinamento de Cristo mais furiosa, blasfema e frequentemente combatido pelos espíritas do que o inferno. Em todos os livros e diríamos quase em cada artigo espírita transparece a negação do inferno. Allan Kardec dedicou a este tema quase um livro inteiro e declarou em 1865:

“A crença na eternidade das penas perde terreno dia a dia, de modo que, sem ser profeta, pode prever-se-lhe o próximo fim”[101].

E veja-se este texto de um espírita patrício a polemizar com um pastor protestante:

“Convença-se o nosso irmão pastor de que a Bíblia não se refere ao sofrimento eterno do condenado. Se conseguissem convencer-nos de que é isso o que a Bíblia afirma, nós a renegaríamos como falsa; e se nos provassem que ela é autêntica, nós renegaríamos o próprio Deus, porque não podemos adorar uma entidade cujos sentimentos de amor, justiça e misericórdia sejam inferiores aos nossos. E se há um Deus capaz de condenar uma de suas criaturas a sofrer eternos horrores por uma falta momentânea, cometida contra quem for, então esse Deus está muito abaixo das solas dos nossos sapatos. Nós nos julgaremos, por isso, muito superior a um tal Deus!…”[102]

O Espiritismo nega a ressurreição da carne

“Uma vez que o estado espiritual é o estado definitivo do Espírito e o corpo espiritual não morre, deve ser esse também o seu estado normal. O estado corporal é transitório e passageiro”[103].

“A Ciência demonstra a impossibilidade da ressurreição, segundo a idéia vulgar… Racionalmente, pois, não se pode admitir a ressurreição da carne, senão como uma figura simbólica do fenômeno da reencarnação”[104].

O Espiritismo nega o juízo final

“A doutrina de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à Humanidade, repugna à razão, por implicar inatividade de Deus, durante a eternidade que precedeu à criação da Terra e durante a eternidade que se seguirá à sua destruição”[105].

“Moralmente um juízo definitivo e sem apelação não se concilia com a bondade infinita do Criador” (ib. p. 376). “Não há, portanto, juízo final propriamente dito” (ib. p. 377).

CONCLUSÃO

Negação total da Doutrina Cristã.

Como conclusão, tornamos a recordar a acertada denúncia do Episcopado Brasileiro:

“O Espiritismo não nega apenas uma ou outra verdade de nossa Santa Religião, mas todas elas”.

Foi o que acabamos de ver e documentar. A doutrina espírita é a negação completa e total da Doutrina Cristã; é a sistematização mais ou menos irracional das heresias do passado. Os princípios fundamentais dos grandes hereges, desde os primeiros séculos cristãos até aos nossos dias, formaram o fundamento e os postulados da arrogante e blasfema “Terceira Revelação” dos “espíritos superiores” de Allan Kardec e de seus seguidores franceses e brasileiros. Pelo que vimos, adotam os espíritas os princípios do Racionalismo (cf. ns. 1, 2, 3, 4), do Protestantismo Liberal (ns 3, 4), do Liberalismo Religioso (n. 3), do Luteranismo (ns 4, 5, 6), do Quakerismo (n. 7), do Panteísmo (n. 9), do Monismo (ns. 10, 11), do Emanatismo (ns. 9, 11), do Modalismo Trinitário (n.    8), do Evolucionismo (ns. 11,  12,  13), do Poligenismo (n. 16), do Materialismo (n. 15), do Origenismo (n. 14), do Saduceísmo (ns. 17, 39), do Arianismo (n. 19), do Docetismo (n. 21), do Pelagianismo (ns. 24, 25, 28), do Nestorianismo (n. 22), do Divorcismo (n. 33), do Reencarnacionismo (n. 34), do Gnosticismo (ns. 35, 40)…

Na verdade, não está aí o dedo de Deus. São os frutos enfeixados da cizânia do “inimicus homo” (Mt 13, 28). Não conhecemos, em toda a história, um movimento similar que abrangesse, ao mesmo tempo e num só corpo doutrinário e ainda sob piedosa capa de Cristianismo, tão ampla negação da Doutrina Cristã. Nem podemos imaginar maior cinismo do que o dos espíritas quando, não obstante, continuam a proclamar em todos os seus livros e jornais, que “o Espiritismo e o Cristianismo ensinam a mesma coisa”; que “os espíritas não se separam, por uma vírgula, do que Cristo ensinou”; que “o Espiritismo é o mais puro e legítimo Cristianismo”, etc.

Fé e Caridade.

Para conservarem as aparências cristãs e se acobertarem sob manto cristão, os espíritas repetem as palavras de Jesus sobre a caridade (que, aliás, para eles se identifica com a filantropia pagã) e proclamam o princípio: “Fora da caridade não há salvação”. É sem dúvida certo: sem a caridade cristã não há salvação e quem não tiver esta caridade não é verdadeiro discípulo de Cristo. E a Igreja seguramente não condenou o Espiritismo por causa deste princípio. A Igreja Católica tem sido sempre e ainda hoje continua sendo o pregoeiro máximo da caridade cristã. É preciso ter os olhos cegos pelo fanatismo para não vê-lo. Quem poderá contar as instituições de caridade mantidas, dirigidas ou inspiradas pela Igreja em todo o mundo? Quem poderá contar o número de católicos que se dedicam exclusiva e totalmente à caridade? Os maiores heróis da caridade, mesmo aqueles apregoados pelos espíritas, eram Santos catolicíssimos. O erro dos espíritas não consiste na pregação da caridade (nisso, pelo contrário, eles são dignos de aplauso e louvor), o erro deles está em dizer que basta a caridade somente. Cristo nunca ensinou isso. Pois Jesus, o Evangelista da caridade, foi também o Evangelista da fé. Sua doutrina não é apenas moral. São Marcos nos refere as últimas e solenes palavras de Cristo, dirigidas aos Apóstolos pouco antes de se elevar aos céus:

“Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a todas as criaturas. Quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crer, será condenado!” (Mc 16, 15-16).

Quem não crer será condenado! São também palavras de Cristo. E em São Mateus damos com estas outras palavras, não menos solenes e formais:

“A mim me foi dado todo o poder no céu e na terra. Ide pois e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que eu vos tenho mandado. E eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mt 28, 18-20).

O exemplo dos Apóstolos.

Instruídos por Cristo e fortalecidos pelo Espírito Santo, os Apóstolos saíram a pregar. Advertidos por Cristo, eles sabiam que o inimigo tudo faria para dispersar a grei que o Senhor queria una; alertados por Cristo, sabiam que os lobos viriam vestidos em pele de ovelha e que o anjo das trevas se apresentaria lisonjeiro como anjo da luz; prevenidos por Cristo, sabiam que o “inimicus homo” aproveitaria as sombras da noite e a desprevenção dos homens que dormem para espargir o erro e a discórdia. Por isso conservaram-se vigilantes e enérgicos. E quando, p. ex., na novel comunidade dos gálatas se infiltrou o erro dos judaizantes, São Paulo não hesitou:

“Ainda que nós ou um anjo do céu vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, seja anátema. Repito mais uma vez o que já disse: Se alguém pregar outra doutrina do que recebestes, seja anátema” (Gál 1, 8; cf. 2 Cor 11, 4).

E ao despedir-se da Ásia Menor em Mileto (At 20), o que mais pesava em sua alma era a previsão dos primeiros vestígios do Gnosticismo, de um sincretismo de seitas judaístas, de filosofias helenistas e de religiões de mistérios que rebaixavam Cristo a um dos espíritos (anjos) cujo culto propagavam; implora, então, aos presbíteros responsáveis:

“Tende cuidado de vós e de todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos para pastoreardes a Igreja de Deus, que ele adquiriu com seu precioso sangue. Sei que depois da minha partida virão a vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho. E dentre vós mesmos surgirão homens ensinando doutrinas perversas a fim de atraírem discípulos após si. Vigiai, portanto, lembrando-vos de que por três anos, noite e dia, não cansei de admoestar-vos com lágrimas, a cada um de vós” (At 20, 28-31).

Igual solicitude pela pureza da fé encontramos nas epístolas aos Efésios, aos Colossenses, e sobretudo nas pastorais a Timóteo e Tito.

“Conjuro-te em face de Deus e de Jesus Cristo: prega a sã doutrina, insiste nela a propósito e fora de propósito, avisa, repreende, admoesta com toda a paciência e doutrina. Porque virá tempo em que acharão insuportável a sã doutrina, e pelo prurido de ouvir acrescentarão mestres sobre mestres a seu capricho e talante, apartando os ouvidos da verdade e voltando-se para as fábulas” (2 Tim 4, 1-4).

“Depois de admoestar uma ou duas vezes a um herege, evita-o, na certeza de que esse tal é um perverso, que pelo seu pecado se condena a si próprio” (Tit 3, 10-11).

O mesmo modo inexorável de tratar os hereges nos é recomendado por São Judas Tadeu e também pelo “discípulo do amor”, São João, que chega até a proibir qualquer relação com o herege:

“Não o recebais em casa, nem mesmo o cumprimenteis” (2 Jo, 10).

Foi neste mesmo espírito de apostólico zelo que os nossos bispos denunciaram a heresia do Espiritismo, para conservar no nosso povo não apenas a caridade, que é necessária e deve incendiar a todos os corações cristãos, mas também a fé, ensinando- nos a observar tudo que Cristo mandou. Pois “quem não crer será condenado” (Mt 16, 16) e “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11, 6).

Sejamos, portanto, integralmente cristãos. Sigamos a Cristo, Evangelista da caridade; mas sigamos também a Cristo, Evangelista da fé. Caridade ardente e fé inabalável: eis as duas asas com que nos alçaremos ao céu, para “tomar posse do reino que nos está preparado desde o princípio do mundo” (Mt 25, 34).


Referências

[1] Para maior clareza tomamos a liberdade de explicitar o texto que, no original, diz assim: “Resolvemos reafirmar os artigos 65, 66 e 1194 da Pastoral Coletiva de 1915 do Episcopado Brasileiro, revista e reassinada pelos Srs. Bispos em 1948, e pedir a cada Exmo. Ordinário que aplique aludidos artigos na respectiva Circunscrição Eclesiástica”.

[2] O Livro dos Médiuns 20» ed. p. 336.

opúsculo. Tudo isso é “não discutir dogmas” e “não combater ninguém”?

[4] Todos conhecem Centros Espíritas com denominações católicas. Mas o interessante é que a este respeito o “Conselho Federativo” dos espíritas resolveu prescrever a seguinte norma geral: “As sociedades adesas (à Federação Espírita Brasileira), mediante entendimento com a Federação, quando esta julgar oportuno e as convidar para isso, cuidarão de modificar suas denominações no sentido de suprimir delas o qualificativo de “santo” e de substituir por outras, tiradas dos princípios e preceitos espíritas, dos lugares onde tenham suas sedes, das datas de relevo nos anais do Espiritismo e dos nomes dos seus grandes pioneiros”. Assim p. ex., começa algum Centro espírita por chamar-se “Centro São Francisco de Assis”; depois, quando a Federação julgar oportuno, suprimirá o qualificativo “santo”; e afinal, quando os adeptos apostataram inteiramente, será “Centro Allan Kardec…”

[5] Temos em mão alguns livros de “Preces Espíritas”, onde encontramos, além do Padre-Nosso e Ave-Maria, o Credo, a Ladainha de Nossa Senhora, a Salve Rainha e outras orações mais em voga entre os católicos.

[6] Alian Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 295.

[7] Alian Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 19 s.

[8] Alian Kardec, O Livro dos Médiuns, 2(0′ ed. p. 242 s; outros textos cf. REB 1952, 299-303.

[9] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 253; cf. também O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 26 s.

[10] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 79, nota 68.

[11] Idem, ib. p. 159.

[12] Que é para os espíritas “o nosso maior polemista, o nosso maior conhecedor do Espiritismo’ entre nós” (cf. Revista Internacional do Espiritismo, Janeiro de 1953, p. 255).

[13] O Poder (jornal espírita de Belo Horizonte), 20. 3. 1953, p. 1.

[14] Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 42.

[15] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 110 s. 558.

[17] Carlos Imbassahy, A Margem do Espiritismo, 2a ed. p. 219

[18] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 279.

[19] Deolindo Amorim, em Almenara (jornal espírita do Rio), Abril de 1953, p. 2.

[20] Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo, 39a ed. p. 16.

[21] Allan Kardec. Obras Póstumas, 10a ed. p. 201.

[22] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 282.

[23] Dr. Yvon Costa (espírita kardecista), O novo clero, 1926, p. 146. Outros textos cf. REB 1952, 560-562. — Comprazem-se os espíritas em citar um veemente discurso que o Bispo Strossmayer teria pronunciado no Concílio Vaticano contra a infalibilidade do Papa. Com muita frequência alegam eles este discurso ou trechos dele. Em qualquer discussão sobre o Papa, aparece infalivelmente Strossmayer. Sabe-se, com efeito, que este valente Bispo croata era contra a oportunidade da definição dogmática da infalibilidade do Papa. Os inimigos da Igreja aproveitaram-se deste fato e, já durante o Concílio Vaticano, venderam nas ruas de Roma este discurso e depois o espalharam pelo mundo inteiro e hoje anda pelos jornais e revistas espíritas. O Bispo Strossmayer, imediatamente, numa declaração datada de 20 de Dezembro de 1871 e publicada no Achiv fuer katholisches Kirchenrecht protestou energicamente, declarando que o tal discurso era uma detestável falsificação, desde a primeira até à última palavra. Lançou o mesmo protesto contra a impostura numa carta pastoral de 28 de Janeiro de 1881, chamando-o um “discurso funesto, que, sob nosso nome, está sendo propagado no mundo inteiro”. Ainda assim continuaram os caluniadores e falsificadores em sua tarefa inglória. Um certo Bellay, padre apóstata, no jornal Reformation, publicara atrevidamente que ele próprio, como um dos secretários do Concílio, tinha ouvido ao Bispo Strossmayer proferir o mencionado discurso no dia 15 de Abril de 1870, etc. Mas contra este novo impostor ergueu-se o Dr. Friedrich, testemunha presencial, pois assistiu ao Concílio, escrevendo no jornal Wartburg que o comunicado do Sr. Bellay era falso na sua íntegra, e que além disto, o tal Sr. Bellay nunca fora secretário do Concílio e por conseguinte não podia ser admitido àquelas sessões e que precisamente no dia 15 de Abril não houve sessão alguma por ser Sexta-Feira Santa… (Cf. Pe. A. Martin, O Espiritismo, Tip. Ave Maria, São Paulo 1911, p. 145 s).

[24] Materialona: adj+sf (fem de materialão); Materialão: Diz-se do indivíduo grosseiramente materialista; bestial.

[25] Cf. as páginas de Espiritismo Racional e Científico (Cristão), organizado pelo “Astral Superior”, ed. de 1926; cf. também Cartas ao Cardeal Arcoverde, edição do mesmo Centro Espírita Redentor, 1938.

[26] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 268 s.

[27] Cf. Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 244 ss.

[28] Cf. Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, pp. 13-50.

[29] Jornal Espírita (do Rio), Março de 1953, p. 4, na “secção infantil”.

[30] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 75. — Outras irreverências espíritas contra o mistério trinitário cf. REB 1952, 798-800.

[31] Manipanço (grafa atual: manipanso) – s.m. África. Ídolo africano, feitiço; qualquer coisa ou objeto, tanto real quanto abstrato, que possa ser utilizado para realização de um culto; cuja essência pode ser sobrenatural. Figurado. Pej. Indivíduo excessivamente gordo. (Etm. de origem africana)

[32] Que tem feição de, que lembra suíno, ou porco.

[33] Ao menos fala diversas vezes contra o panteísmo (cf. O Livro dos Espíritos, 22a ed. p. 53 s e Obras Póstumas 10a ed. p. 179); mas encontram-se também nele expressões panteístas (cf. O Livro dos Espíritos, 22a ed. p. 58 e A Gênese ed. de 1949, p. 61 ss.). Por exemplo, neste último lugar citado lemos o seguinte: “Nada obsta a que se admita, para o princípio da soberana inteligência, um centro de ação, um foco principal a irradiar incessantemente, inundando o Universo com seus eflúvios, como o Sol com a sua luz”.

[34] Leão Denis, Depois da Morte, 6a ed. p. 114.

[35] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 246.

[36] Cf. Rangel Veloso, Pseudo-Sábios ou Falsos Profetas, 1947, p. 34; não se trata duma opinião do autor (que é espírita), mas ele declara ter ouvido esta expressão num Centro Espírita.

[37] A quinta das conclusões unanimemente adotadas pelo Primeiro Congresso do Espiritismo de Umbanda soa assim: “Sua filosofia consiste no reconhecimento do ser humano como partícula da divindade, dela emanada límpida e pura, e nela finalmente reintegrada ao fim do necessário ciclo evolutivo, no mesmo estado de limpidez e pureza, conquistado pelo seu próprio esforço e vontade”.

[38] Leão Denis, Depois da Morte, 6a ed. p. 124.

[39] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 82).

[40] Vejam-se os textos todos na REB 1952, 800-807.

[41] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 111.

[42] Leopoldo Machado, em Revista Internacional do Espiritismo, Matão, S. P. 1941, p. 193.

[43] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 201.

[44] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16 ed. p. 108.

[45] Um terceiro elemento essencial que os espíritas adotaram para explicar a natureza do homem.

[46] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 64. A Gênese, p. 262.

[47] Allan  Kardec, A Gênese, ed. de 1949. p. 63.

[48] Allan  Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 160.

[49] Allan  Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 78.

[50] Allan  Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 58.

[51] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 58.

[52] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 101. — Observe-se, todavia, que o Espiritismo de Umbanda reconhece a existência de seres espirituais à parte que são espécies de divindades, cultuados com verdadeiros “sacrifícios”.

[53] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 15.

[54] Allan Kardec, O que é o Espiritismo, 10a ed. p. 92.

[55] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 15.

[56] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. pp. 110-141.

[57] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 114.

[58] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 81.

[59] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 294.

[60] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, pp. 292-336.

[61] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, pp. 315 s.

[62] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 333.

[63] Guillon Ribeiro, Jesus nem Deus nem Homem, ed. de 1941 pela Federação Espírita Brasileira.

[64] Reformador (órgão oficial da Federação Espírita Brasileira), Out. de 1951, p. 236.

[65] Roma e o Evangelho (obra mediúnica, editada pela Federação Espírita Brasileira). 5a ed. p. 129-131.

[66] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 88.

[67] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 82-84.

[68] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 32.

[69] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 76.

[70] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 28.

[71] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 75.

[72] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 20a ed. p. 15.

[73] Cartas ao Cardeal Arcoverde (do Centro Espírita Redentor), 1938, p. 55.

[74] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 88.

[75] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 448.

[76] Allan Kardec. O Livre dos Espíritos 21a ed. p. 308

[77] Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 20′1 ed. p. 21.

[78] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 255.

[79] Espiritismo Racional e Cientifico (Cristão), Centro Redentor, Rio 1926, p. 15.

[80] Leão Denis, Depois da Morte, 6a ed. p. 77.

[81] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 105.

[82] Allan Kardec, Obras Póstumas, 10a ed. p. 235.

[83] Cf. Reformador, Agosto de 1952, p. 183.

[84] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 105.

[85] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 107.

[86] Dr. Yvon Costa, O Novo Clero, 1926, p. 103.

[87] Cartas ao Cardeal Arcoverde, do Centro Espírita Redentor, p. CVIII.

[88] Leão Denis, Cristianismo e Espiritismo, 5a ed. p. 105.

[89] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 324.

[90] Leopoldo Machado, em Revista internacional do Espiritismo, Matão, S. P., Out. de 1952, p. 189.

[91] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 29.

[92] Allan Kardec, O que é o Espiritismo, 10a ed. p. 98.

[93] Inscrição gravada no monumento que os espíritas erigiram em memória de seu venerado mestre, no cemitério de Père-Lachaise, em Paris.

[94] Allan Kardec,  O que é o Espiritismo, 10a ed.  p. 164.

[95] Allan Kardec,  O que é o Espiritismo, 10a ed.  p. 166.

[96] Allan Kardec,  O Céu e o Inferno, 16a ed. pp.    60-65.

[97] Allan Kardec,  O Livro dos Espíritos, 21a ed.  p. 437.

[98] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 34.

[99] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 32.

[100] Allan Kardec, O que é o Espiritismo, 10a ed. p. 167.

[101] Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 16a ed. p. 66.

[102] Cf. Carlos Imbassahy, À Margem do Espiritismo, 2ª ed. p. 162.

[103] Allan Kardec, O Céu e o inferno, 16a ed. p. 30 s.

[104] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 21a ed. p. 458.

[105] Allan Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p. 375.