Aproxima-se a festa da Páscoa, a maior e mais solene de nossa fé cristã. Não há festa como a Páscoa!
Infelizmente, na consciência dos cristãos não é tão clara esta magnitude, esta central importância da Festa pascal para a nossa fé.
É impressionante esta constatação! Trata-se de uma gravíssima falha na nossa evangelização!
Basta ver as igrejas replenas na Sexta-feira santa e apenas modestamente cheias na santa Vigília Pascal, à qual muitos, espantosamente, chamam ainda de “Sábado do Aleluia”!
Que indigência teológica, espiritual e litúrgica!
E, no entanto, não há festa como a Páscoa: por ela, e só por ela, somos cristãos! Só por ela nossa vida tem esperança e cremos em Jesus nosso Senhor!
Efetivamente, não cremos no Senhor Jesus porque Ele pregava bonito – tantos falam belamente!
Não somos discípulos de Jesus porque Ele realizou milagres ou era um homem bom – tantos são bondosos e, verdadeira ou falsamente, realizam prodígios!
Cremos em Jesus, professamo-Lo, somos Seus discípulos, servos e adoradores porque Ele ressuscitou, venceu a morte, passou desta vidinha nossa, chocha, pequena, provisória, para a plenitude da Vida eterna, da Vida do próprio Deus – Vida sem fim, sem peias, na qual não mais há pranto, saudade, sofrimento, tristeza!
O próprio Cristo prevenira:
“Saí do Pai e vim ao mundo; de novo deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16,28).
Isto mesmo: Jesus passou deste mundo para o Pai, para o mundo de Deus: fez a Sua Páscoa! Entrou, agora, na plenitude da Vida; Ele que, feito homem, assumira esta nossa vida tão limitada! Mas, não é só:
“Sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).
Sua passagem para o Pai, atravessando o vale da nossa morte, foi por amor! Ele, feito homem até a morte, viveu e morreu como nós, venceu a nossa morte, que fizera Sua, e nos dá agora a possibilidade de, Nele, vencermos também a morte: as pequenas e grandes mortes de cada dia: as tristezas e decepções, as derrotas e quedas, os medos e solidões, as lágrimas e desesperos…
Ele, que experimentou tudo quanto experimentamos, nos dá a força de vencer tudo isto, que Ele mesmo venceu! Mas, não é só: Ele nos faz vencer a última morte, aquela, física, final, que todos, cedo ou tarde, enfrentaremos! A Sua ressurreição é motivo da nossa; a Sua vitória Ele no-la dá, pois nos deu o Seu Espírito de Ressurreição!
Ó irmãos, eis a Páscoa! A cruz da vida, as paixões que sofremos têm agora um novo sentido, pois podemos vivenciá-las unidos ao nosso Jesus. Não mais estaremos sozinhos. A vida não é mais tragada pelo absurdo da injustiça, da maldade e da morte, pois o Senhor transformou tudo isto em amor ao Pai e aos irmãos. Nossa vida, unida a Cristo, desemboca não mais na morte, no nada ou no vazio absurdo mas, passando pelo vale da morte, deságua na Vida, na Vida eterna – aquela Vida plena, Vida do próprio Deus!
Celebrar a Páscoa é nunca mais perder a esperança, é nunca mais dizer que o mundo e a vida são assim mesmo: tenebrosos, votados à derrocada e à tristeza. Celebrar a Páscoa é nunca se conformar com o mal e o pecado. Celebrar a Santa Festa é ter a certeza que, para além do mal, das trevas, do egoísmo e da morte, a Vida do Ressuscitado nos dará a Vida!
Ó irmãos, que nossa fé, nossa vida e esperança sejam pascais! Cristo venceu e vencerá em nós! Vinde! De joelhos, boquiabertos de admiração e alegria, adoremos o Vencedor:
“Eu sou a Ressurreição e a Vida! Quem crê em Mim não morrerá para sempre!”(Jo 11,25s).
Feliz Páscoa, irmãos! O nosso Irmão, Jesus, ressuscitou!