Sim, nossa esperança! Ninguém se salvará a não ser com Ela e sob a sua materna proteção. Com fervor seráfico bradava tantas vezes Santo Afonso de Ligório:
“Jesus meu amor! Maria minha esperança!”
“Ó Senhora, diz São Germano, sois minha única consolação, guia da minha peregrinação na terra, fortaleza de minha fraqueza, riqueza de minha miséria, liberdade de minha prisão, esperança de minha eterna salvação”.
São Boaventura ousou dizer:
“Ó Maria, vós sois a esperança até dos desesperados!”
Trememos ao pensar na sorte que nos está reservada depois de tantos pecados e gravíssimas ofensas, abusos da graça e ingratidões sem número para com Deus.
Meditação para o Décimo Sexto Sábado depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre a mortificação da imaginação, e veremos: 1.° Que a nossa felicidade neste mundo depende do governo da nossa imaginação e da repressão de seus extravios; 2.° Que a nossa salvação eterna não depende disto menos. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De manhã, ao acordar, de ocuparmos o nosso espírito em santos pensamentos e o nosso coração em piedosos afetos, para evitar os extravios da imaginação; 2.° De nos recolhermos dentro em nós a diversas horas do dia, para ver se não cedemos à nossa imaginação, e renovar a resolução de a combater. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Espírito Santo:
"Não ponhais o vosso coração nas vossas imaginações" - Ne dederis in illis (phantasis) cor tuum (Ecl 34, 6)
O Rosário, segundo o espírito de São Domingos e pelo desejo de Nossa Senhora, tem um duplo fim: — obter do céu a proteção e a graça por Maria, e, formar as almas na escola das virtudes que é a contemplação dos mistérios. É um brado de socorro ao céu e uma escola de virtudes. O primeiro movimento, diz Leão XIII, a atitude tradicional dos católicos nos perigos, e nas circunstâncias difíceis, foi sempre recorrer à Maria e se entregar em paz à sua maternal bondade. Esta piedade profunda e confiante na Rainha do céu, resplandece ainda mais quando se propaga o veneno das heresias, ou campeia a imoralidade, e os inimigos da fé parecem fazer periclitar a Igreja militante do Senhor. A história antiga, a história moderna, a história eclesiástica, relatam os votos, as orações públicas, e particulares, dirigidos à Mãe de Deus, e os socorros alcançados pela sua intercessão. A paz e a tranquilidade públicas, que Ela obteve do céu. Daí tantos e belos títulos com que A saúdam as nações cristãs: — Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora da Consolação, Nossa Senhora dos Exércitos, Nossa Senhora da Paz! Entre estes títulos, porém, diz Leão XIII, enfim, há um que se impõe e que consagra e imortaliza os insignes benefícios de Maria à cristandade — é o de Rainha do Santíssimo Rosário (1).
Meditação para a Décima Sexta Sexta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre a mortificação do próprio espírito, e consideraremos os seus três principais desvarios, que são: 1.° Os pensamentos inúteis; 2.° Os pensamentos estranhos; 3.° Os arrojos do próprio juízo. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De nos aplicarmos unicamente à obra que temos a fazer a cada momento, e a fazê-la com o fim de agradar a Deus; 2.° De expulsarmos os pensamentos inúteis ou estranhos, logo que os advirtamos; 3.° De desconfiarmos do nosso próprio juízo. O nosso ramalhete espiritual será a palavra da Imitação:
Breve introdução sobre o Recolhimento, Silêncio e o Apóstolo Patrono
Muitas pessoas há, que não podem, por mais que o queiram, recolher-se à solidão e separar-se das criaturas para se ocuparem só com Deus; cumpre, porém, observar que pode a gente gozar dos benefícios da solidão do coração em outros lugares que não sejam desertos e grutas. Aqueles mesmos que se vêem na necessidade de viver no mundo podem sempre conservar, ainda no meio dos caminhos, praças públicas e ocupações, a solidão do coração e a união com Deus, uma vez que tragam o coração livre de mundanos apegos. Nenhuma ocupação impede a solidão do coração, uma vez que tenha por objeto o cumprimento da vontade de Deus. Se quiseres entreter-te continuamente com Deus, ama a solidão. Toma a peito as palavras que o Senhor disse um dia a Santa Teresa:
“Com que gosto não falaria eu com muitas almas; mas o mundo faz tanto barulho em seus corações, que elas não ouvem mais a minha voz"
Por isso ocupa-te com o mundo só tanto quanto o exigirem teus deveres de estado, a obediência ou a caridade. Prepara no íntimo de teu coração uma camarazinha escondida para ai te recolheres em Deus. Para isso tem em grande apreço o silêncio, pois quem não o ama nunca achará a solidão. Segue o conselho de Santo Efrem:
“Fala muito com Deus e pouco com os homens"
Marca uma hora certa do dia para o silêncio e retira-te durante ela para um lugar solitário. Se isso não te for possível, procura ganhar de vez em quando alguns momentos livres para o recolhimento interior. Compenetra-te bem da verdade de que Deus está a teu lado em toda a parte e observa todas as tuas ações.
“Nele vivemos, nos movemos e somos” (At 17, 28)
Esse pensamento te ajudará a evitar todo o pecado e ter em vista unicamente o beneplácito de Deus em tudo que fizeres. Acostuma-te a dirigir tuas vistas das criaturas a Deus, que lhes deu a existência e destinou-as ao nosso serviço. Faze então atos de agradecimento e amor, recordando-te que Deus, desde toda a eternidade, pensou em obrar tantas maravilhas para ganhar teu coração. Procura, além disso, avivar a tua fé na verdade de que Deus mora de um modo especial em lua alma:
“Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espirilo de Deus mora em vós?" (1 Cor 3, 16)
Ele habita em ti cheio de amor e bondade para te iluminar, te dirigir e te assistir em tudo que pode servir para tua eterna salvação. Acostuma-te por isso a falar com Ele da maneira mais íntima, cheio de confiança e amor como com teu melhor amigo. Ele gosta que te entretenhas mui familiarmente com Ele. Os amigos, no mundo, tem suas horas marcadas, em que se entretêm mutuamente e as em que estão separados uns dos outros; mas não há hora de separação entre Deus e ti, contanto que queiras. Ele não se separa de ti, mesmo quando descansas. Fala, portanto, com Ele tanto quanto te for possível; se amas, sempre terás alguma coisa a dizer-Lhe. Trata com Ele a respeito de teus negócios, teus planos, teus sofrimentos e tudo o que te diz respeito. Ele acha satisfação se Lhe comunicas tudo, mesmo as mínimas coisas, até as mais vulgares. Entretém-te repetidas vezes com Ele por meio de curtas mas fervorosas jaculatórias e suspiros de amor. Se te ocupaste por mais tempo com negócios que distraem, cuida em te recolher novamente em Deus por meio de piedosas aspirações. Sumário I. A sua natureza II. Do Amor à Solidão III. Do Silêncio IV. Do andar na Presença de Deus V. O Recolhimento do Redentor VI. A Prática do Recolhimento e do Silêncio VII. Orações para alcançar a Virtude do Mês
Leão XIII afirma sempre em suas Encíclicas com a tradição, que o Rosário foi instituído por São Domingos sob a ordem e inspiração da Mãe de Deus, a Rainha do céu (1).
"O Rosário, diz, cujo rito a Mãe de Deus ensinou em pessoa a São Domingos para que ele o propagasse" - Magne Dei Matris, 7 de Setembro 1892
Todos os Papas desde Xisto IV aceitaram esta tradição e a confirmaram em preciosos documentos. No século XVIII, o Bolandista Cuyper contestou esta gloriosa tradição em nome da crítica histórica e escreveu:
“Só temos a autoridade dos Papas e confessamos que ela é grande e é favorável à Tradição. Todavia, num assunto puramente histórico, os eruditos católicos podem discutir e ter opiniões contrárias. As bulas deste gênero não confirmam fatos históricos. Em geral os Papas dizem como provável o que apresentam”
Meditação para a Décima Sexta Quinta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre a mortificação da língua, e veremos: 1.º Quão nociva é a língua, quando se não sabe refreá-la; 2.° Quão útil é, quando refreada. — Tomaremos depois a resolução: 1.º De nos lembrarmos, quando falarmos, de que Deus ouve todas as nossas palavras e nos obrigará a dar uma rigorosa conta delas; 2.° De nunca falarmos do próximo senão para dizer bem dele ou ao menos de nada dizermos que o ofenda; 3.° De falarmos pouco e com moderação: quem fala muito e fala alto, fala sem reflexão e sem prudência. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Apóstolo São Tiago:
"Se algum cuida que tem religião não refreando a sua língua, a sua religião é vã" - Si quis putat se religiosum esse, non refrenens linguam suam... hujus vana est religio (Zc 1, 26)
O Rosário é uma prática de devoção em honra de Jesus e Maria. Desde a sua Encíclica primeira, a definiu Leão XIII:
“É uma fórmula composta por São Domingos que nos recorda em ordem, os mistérios de nossa salvação, para a nossa meditação, e, junta a esta meditação, uma coroa mística composta de dezenas de Ave-Marias intercaladas de Pai-Nossos”
Está aí a definição clássica e completa do Rosário dada pelo Papa na Encíclica Supremi Apostolatus de 1.º de Setembro de 1883. Rosário, como o lembra a etimologia da palavra, vem de rosa. É uma coroa de rosas de Ave-Marias em honra de Maria Santíssima, a Rosa Mística. Compõe-se de quinze dezenas de Ave-Marias e 15 Pai-Nossos.
Meditação para a Décima Sexta Quarta-feira depois de Pentecostes
SUMARIO
Meditaremos sobre a mortificação de gênio, e veremos: 1.° As tristes consequências do gênio não mortificado ou do mau gênio; 2.° As vantagens do gênio mortificado ou do bom gênio; 3.° Os meios de corrigir o nosso gênio. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De pedirmos muitas vezes a Deus a reforma do nosso gênio; 2.° De nunca falarmos, obrarmos ou tomarmos uma decisão, quando estivermos de mau humor, mas de tomarmos tempo para refletir antes de obrar, ou de falar. O nosso ramalhete espiritual será o conselho do Espírito Santo:
"Não façais todas aquelas coisas, que quereis" - Non quaecumque vultis, ilia faciatis (Gl 5, 1)
Outubro é verdadeiramente o nosso mês das flores. O mês das rosas. A primavera. Maio só o podemos chamar o mês das flores da nossa piedade e fervorosa devoção à Maria. É o nosso outono. Só temos flores nos jardins porque vivemos numa primavera eterna. Já não é assim outubro. Vicejam rosas e lírios, as flores simbólicas de Nossa Senhora. É o nosso mês de Maria — Rosa mística, a Rainha do Santíssimo Rosário. Ao mês de maio quis a piedade católica juntar mais um mês durante o ano, consagrado à Mãe de Deus. E como o Rosário é a mais bela e a mais alta expressão do culto à Maria, a rainha das devoções marianas, e, em outubro, se celebra a Festa litúrgica de Nossa Senhora do Rosário, ficou pois naturalmente consagrado este belo mês ao Rosário.