A desobediência é pecado
Se aquele a quem desobedeceis com a violação de seus Mandamentos não fosse mais que vosso Senhor e Dono, diz São Gregório, e não vosso Criador, vosso Redentor e vosso Deus, a transgressão de que vos faríeis culpáveis seria grave; porém, julgai quão grave e vituperável ela é, sendo Aquele a Quem vos negais a obedecer, vosso Deus, vosso Criador, vosso Redentor e Conservador! Desobedeceis às ordens de vosso Deus que vos tirou do nada, que vos criou à Sua imagem, que vos fez superiores a todos os seres corpóreos, e declarou-vos rei, e rei por toda a eternidade! Não é o vosso Deus, de uma maneira especial, Aquele que vos cumulou de tantos e tão grandes favores? E, sem embargo, desprezais seus Preceitos, que, embora não sejam comuns a todas as criaturas, vós os deveis observar porque foram feitos para vós, são-vos próprios, e foram depositados sob a guarda de vosso livre arbítrio (Lib. Moral.).Sumário. São muitas as prerrogativas concedidas àqueles que se fizeram alistar na Confraria do Carmo, mas entre todas têm a primazia a promessa feita pela Santa Virgem ao Bem-aventurado Simão Stock; a saber, que serão preservados da condenação eterna e que serão livrados do purgatório no primeiro sábado depois da sua morte. Para gozar destes privilégios não bastam trazer o santo escapulário, mas é preciso cumprir também as condições prescritas e ter ao menos a vontade de deixar o pecado.Gloria Libani data est ei, decor Carmeli et Saron — “A glória do Libano lhe foi dada, a formosura do Carmelo e de Saron” (Is 35, 2)
Causas da desesperação
Os motivos que alegamos para deixar-nos levar pelo desespero são os seguintes: 1.° Que são demasiado grandes nossos pecados para esperar misericórdia. Assim foi a desesperação de Caim: Minha maldade - disse o primeiro dos desesperados - é tão grande, que não posso esperar perdão: Major est iniquitas mea, quam ut veniam merear (Gn 4, 13); 2.° Enumeramos as faltas de que nos fizemos culpáveis; 3.° Pomos, na frente, a força do costume, que nos impede de esperar quando, na verdade, nós os podemos corrigir; Há também outras causas do desespero: 4.° Os escrúpulos; 5.° A falta de confiança em Deus; 6.° A astúcia do demônio para fazer com que o homem peque, ocultando-lhe a fealdade do pecado, e tratando de apresentá-lo pleno de doçuras e encantos. E logo, quando triunfou, a fim de deter o pecador no caminho do mal, o demônio apresenta-lhe mil obstáculos que lhe impedem de levantar-se daquela queda; 7.° As grandes tentações; 8.° O tédio; e 9.° A adversidade. Porém, todos esses motivos de desesperação estão mal fundados e são enganosos, porque não há nenhum crime que não possa ser perdoado mediante um sincero arrependimento e uma verdadeira penitência.O que temos de desejar
O que temos de desejar? Temos de desejar a Jesus Cristo. Se alguém tem sede, diz Jesus Cristo, venha a mim e beba: Si quis sitis, veniat ad me, et bibat (Jo 7, 37). Sedenta está minha alma, diz o Rei Profeta, do Deus forte e vivo. Quando chegarei e me…
Necessidade de não adiar nossa conversão
É preciso converter-se, e converter-se logo. É preciso apressar nossa marcha, correr para nossa conversão, diz São João Crisóstomo: Cum opus est, et vehementi cursu (Homil. ad pop.). É preciso dispor-nos prontamente a seguir nossa viagem, porque o caminho é longo e a vida é curta. A vocação[1] de Deus insta-nos; há perigo no adiamento! Não tardes em converter-te ao Senhor, não adies (a tua conversão) de um dia para o outro, diz o Eclesiástico: Non tardes converti ad Dominum, et ne differas de die in diem (Eclo 5, 8). Quem é aquele que, tendo apanhado uma víbora, não a solta imediatamente? Quem teria em sua casa um inimigo capital, um assassino? Quem aguentaria sustentar o fogo na mão? O pecado mortal é uma víbora, um assassino, um fogo devorador. Por conseguinte, assim que o sintamos em nosso coração, devemos expulsá-lo. Santo Agostinho declara, com amargas lágrimas, o tempo que tardou em converter-se:Por que, pergunta-nos o Senhor no Eclesiástico, por que vós vos atrasais? Vossas almas estão ardendo de sede? Qui adhuc retardatis? Animae vestrae sitiunt vehementer (Eclo 51, 32).“Ó Formosura, sempre antiga e sempre nova, exclama ele, quanto tardei em vos amar!” (Lib. Confess.).