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Diálogo entre a Sabedoria Eterna e um de seus servos

Capítulo 1. Diálogo entre a Sabedoria Eterna e um de seus servos - Bálsamo Espiritual Sabedoria Eterna. — Não são discretos os que às vezes padece tribulações com pesar e queixas; pois meu paterno castigo e a vara com que os firo, procedem de profundo amor, o é suave e benigna, de forma que se pode considerar ditoso aquele que experimenta assim, pois sua aflição não procede de rigor e dureza, mas de meu terno amor; entenda-se isto, do qualquer gênero de cruz voluntariamente procurada, ou imposta, que gera virtudes; mas quando o aflito não se queira ver livre do mal contra minha vontade, antes o ofereça para minha glória eterna, com amorosa e humilde paciência; o grau desta é o quilate do seu prêmio. Grava o que te digo agora, escreve-o no íntimo do coração, e apareça sempre a teu espírito.

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Escravidão do pecado

Escravidão do pecado, Tesouros de Cornélio à Lápide

O pecado faz-nos escravos

Escutai aquilo que diz o mesmo Jesus Cristo: Em verdade, em verdade, Eu vos digo, todo aquele que peca, é escravo do pecado: Amen, amen dico vobis, quia omnis qui facitpeccatum, servus estpeccati (Jo 8, 34). Ó miserável servidão!, exclama Santo Agostinho; o escravo de um homem, cansado dos duros tratamentos de seu dono, pode algumas vezes achar repouso na fuga; porém, o escravo do pecado, onde poderá ocultar-se? Em qualquer parte onde se esconda, faz-se traição a si mesmo. A má consciência não pode fugir de si mesma, não há lugar onde possa ir para ser livre; persegue-se, ou melhor, sempre está ali; porque o pecado está em seu interior[1]. Prometem-se a liberdade, diz o Apóstolo São Pedro, quando, de fato, eles mesmos tornam-se escravos da corrupção; pois quem é vencido por outro, deste mesmo vencedor toma-se escravo: Libertatem illis promittentes, cum ipsi servi sint corruptionis; a quo enim quis superatus est, hujus et servus est (2 Pd 2, 19).

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Escândalo

Escândalo, Tesouros de Cornélio à Lápide

O que é o escândalo

O escândalo, diz Santo Tomás, é uma palavra ou uma ação que carece de retidão e causa a ruína do próximo: Dictum vel factum minus rectum, praebens alteri ruinam (De peccat.). O escandaloso é um homem perniciosíssimo, diz a Escritura; insinua-se com palavras pérfidas, seus olhos cintilam, faz sinais com o pé, fala com os dedos, maquina o mal em seu depravado coração, e em todo o tempo semeia discórdias (Pr 3, 13-15). O escandaloso, diz Santo Efrem, perde a fé, cai nos vícios, despreza os Sacramentos, zomba do Inferno, e jamais se ocupa do Céu (Serm. IV).

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Inveja (Envídia)

Inveja (Envídia), Tesouros de Cornélio à Lápide

O que é a inveja

A inveja, diz Santo Agostinho, é o ódio pela felicidade dos outros: Quid invidia, nisi odium felicitatis alienae? (Homil. XX, inter L.). O que é inveja?, perguntaram a Aristóteles. É, respondeu ele, a antagonista da prosperidade (Etich.). A inveja é o triste e secreto efeito de um orgulho pusilânime, que se sente rebaixado ou apequenado por qualquer brilho dos outros, e não pode suportar a mais insignificante luz.

A inveja é uma paixão abominável

A inveja é a mais baixa, a mais odiosa, a mais vituperada de todas as paixões, diz Bossuet; porém, talvez a mais comum e aquela de quem poucas almas acham-se inteiramente puras. Os homens querem manifestar delicadeza, e a compaixão de nosso amor próprio nos faz tão grandes à nossa própria vista que, então, consideramos um atentado a nós mesmos a menor esperança de contradição, e arrebatamo-nos por pouco que nos fira. Porém, o mais particular e desregrado em nós, é que tão delicados somos, que os prósperos nos irritam sem fazer-nos mal, ferem-nos sem tocar-nos.

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Endurecimento

Endurecimento, Tesouros de Cornélio à Lápide

O que é endurecimento

O que é um coração endurecido? - pergunta São Bernardo - É aquele que não tem horror de si mesmo, porque já não sente; é aquele que não se abre à compunção, não se abranda pela piedade, nem se comove pelas orações, nem se intimida pelas ameaças; é aquele que se endurece sob os golpes quer da graça, quer das vinganças de Deus. Não mostra reconhecimento pelos benefícios, é infiel aos bons conselhos, desapiedado para condenar aos outros, sem vergonha ao tratar das coisas mais desonestas, intrépido nos iminentes perigos de salvação, inumano no que diz respeito ao seus semelhantes, temerário frente a Deus, esquecendo o passado, perdendo o presente, e carecendo de previsão para o porvir. Do passado, recorda-se somente das injúrias recebidas; mata o presente, fecha os olhos ao tratar do futuro, e não os abre mais senão para vingar-se. Para expressar, em uma palavra, todos os horrores de um coração endurecido, basta dizer que é um coração que não teme a Deus, nem respeita aos homens[1].

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Emprego do tempo

Emprego do tempo, Tesouros de Cornélio à Lápide

O tempo é pouquíssima coisa considerado em si mesmo

O tempo é uma sombra, um vapor, um vaidade, um nada... O tempo é uma cena de teatro na qual se contam as fábulas desta vida: os homens são os atores: entram e saem; e o lugar do teatro é a Terra. Uma geração passa, e sucede-lhe outra, diz o Eclesiástico: Generatio praeterit, et generatio advenit (Eclo 1, 4). Há duas portas para esta encenação: a porta do nascimento e a porta da morte. Cada ator desempenha um papel. Depois que um rei representa deixa muito prontamente suas vestes de púrpura, e o mesmo acontece aos demais. Esta comédia acaba logo em seguida. Deus quer que não termine senão em horrível tragédia. Ó palácios, propriedades de recreação, cidades, casas, terra, ouro e prata, dizei-me: quantos donos tivestes? Quantos outros tereis? Dizei-me: onde está Salomão, tão sábio? Sansão, tão forte? Absalão, tão formoso? Cícero, tão eloquente? Aristóteles, tão entendido? Alexandre, tão grande conquistador? E César Augusto, monarca tão poderoso? Onde estão hoje todos aqueles amigos, aquela abundância de coisas, aqueles homens considerados como oráculos, aqueles exércitos fortes e numerosos, aquela multidão de nobres, de cavaleiros, de príncipes e de homens ilustres? Em um abrir e fechar de olhos, tudo desapareceu! Ó, pasto de vermes! Ó, gota de orvalho! Ó, vaidade! Ó, nada!

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Festa de Santa Ana, Mãe de Maria Santíssima

Laudemus viros gloriosos et parentes nostros in generatione sua — “Louvemos aos varões gloriosos e aos nossos pais na sua geração” (Eclo 44, 1)

Sumário. A dignidade de Santa Ana e de São Joaquim é tão grande, que a inteligência humana não a pode compreender. São os pais de Maria Santíssima e portanto os avoengos de Jesus Cristo quanto à natureza humana. A sua santidade é proporcionada à sua dignidade, porquanto é fora de dúvida que Deus lhes comunicou graças proporcionadas ao ofício ao qual os quis destinar. Alegremo-nos com os santos esposos e vejamos se lhes temos uma devoção especial, pela imitação das suas virtudes, especialmente do seu espírito de sacrifício e do seu amor para com Deus e o próximo.

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Jesus, modelo de Obediência

Humiliavit semetipsum, factus oboediens usque ad mortem — “Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte” (Fl 2, 8)

Sumário. A fim de nos ensinar a obediência, o Filho de Deus desce ao seio de uma virgem, sua criatura, e se faz servo não só de Maria e José, mas ainda de Pilatos, que o condena à morte, e dos algozes, que o açoitam, coroam de espinhos e crucificam. E, apesar de tal exemplo, quantos não há que, recusando obedecer a Jesus Cristo e aos seus representantes, se fazem escravos do demônio! Se, infelizmente, fomos tão loucos, reparemos depressa a nossa falta e roguemos ao Senhor que nos prenda nos seus doces laços.

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Embriaguez

Embriaguez, Tesouros de Cornélio à Lápide

A embriaguez é um pecado

Cuidai, disse Jesus Cristo, de que não se ofusquem vossos corações na libertinagem e na embriaguez: Attendite vobis, ne gaventur corda vestra in crápula et ebrietate (Lc 21, 34). Quando a embriaguez chega a alcançar a perda voluntária da razão, comete-se pecado mortal. Segundo Santo Agostinho, aquele que se esforça para embriagar a alguém, fazendo-o beber em demasia, dar-lhe-ia menos prejuízo matando-o a punhaladas do que matando sua alma com a embriaguez[1]. Não aceites os convites dos bêbados, dizem os Provérbios: Noli esse in conviviis potatorum (Pr 23, 20). Porque aqueles que se entregam ao vinho serão afastados da herança de seus pais, acrescentam os Provérbios (Pr 23, 24). O vinho introduz-se suavemente; porém, ao final, morde como a serpente, e derrama seu veneno como o basilisco: Vinum ingreditur blande; sed in novíssimo mordebit ut coluber (Pr 23, 31-32). O vinho e as mulheres fazem os sábios apostatarem, diz o Eclesiástico: Vinum et mulieres apostatare faciunt sapientes (Eclo 19, 2).

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