Capítulo VI
A morte de Jesus é nossa vida.
1. Escreve São João que nosso Redentor, antes de expirar, inclinou a cabeça:Inclinou a cabeça para significar que aceitava a morte, com plena submissão, das mãos de seu Pai, a quem prestava humilde obediência.“E tendo inclinado a cabeça, entregou seu espírito” (Jo 19,30).
Jesus, estando na cruz com os pés e as mãos nela cravados, não tinha liberdade de mover outra parte do corpo além da cabeça. Diz Santo Atanásio que a morte não ousava tirar a vida ao autor da vida e por isso foi preciso que ele mesmo, inclinando a cabeça (única parte que podia mover), chamasse a morte para que viesse tirar-lhe a vida (Quo. Antioc.). Referindo-se a isso, diz Santo Ambrósio que São Mateus, falando da morte de Jesus, escreve: “Jesus, porém, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt 27,50), para significar que Jesus não morreu por necessidade ou por violência dos carrascos, mas porque o quis espontaneamente, para salvar o homem da morte eterna a que ele estava condenado.“Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl 2,8).