Angustia superveniente, requirent pacem, et non erit - “Ao sobrevir-lhes de repente a angústia, eles buscarão a paz e não a haverá” (Ez 7, 25)
Sumário. Consideremos o estado infeliz de um moribundo que viveu mal, especialmente se era pessoa consagrada a Deus. Que remorso lhe causará o pensamento de que, com os meios que o Senhor lhe proporcionou, até um pagão se faria santo! Desejará então um instante daquele tempo que agora se perde, ou é empregado no pecado, mas em vão. Irmão meu, a fim de que não tenhamos tal desgraça, tomemos agora as resoluções que então havíamos de tomar. Talvez seja esta a última vez que Deus nos chama.
Statutum est hominibus semel mori; post hoc autem iudicium - “Está decretado que os homens morram uma só vez, e que depois venha o juízo” (Hb 9, 27)
Sumário. É utilíssimo para a salvação eterna dizermos muitas vezes conosco: “Hei de morrer um dia”; e entretanto escolhermos nos negócios da vida o que na hora da morte quiséramos ter feito. Com efeito, meu irmão: nesta terra um vive mais tempo, outro menos; mas mais cedo ou mais tarde, para cada um chegará o fim e então nada nos consolará senão o havermos amado Jesus Cristo e o termos padecido por seu amor e com paciência as dificuldade da vida presente.
Legião fulminante
São Fotino
Heresia de Marcos e a confissão dos pecados Legião fulminante
A São Aniceto sucedeu São Sotero que se distinguiu muito pelos benefícios que fez aos romanos e a todos os fiéis da cristandade. Durante seu pontificado, fez Deus um milagre que foi causa de que o imperador Marco Aurélio olhasse com…
Os homens crescem e se desenvolvem. Deus não cresce nem se desenvolve. Desenvolver-se quer dizer aperfeiçoar-se. Como Deus é infinitamente perfeito, não pode desenvolver-se. Mas o homem não é perfeito; mister se faz, pois, que cresça e se desenvolva. A Igreja é uma sociedade composta de homens; a Igreja deve, portanto, crescer, de aperfeiçoar-se, aproximar-se-ia do seu fim, tal como o homem se aproxima da morte, quando não se desenvolve mais física e espiritualmente. Quando o Salvador deixou a terra, a Igreja compunha-se de alguns apóstolos e quiçá de uns duzentos fiéis. Havia Pedro, havia os apóstolos; havia também esta ordem: “Ide, ensinai todas as nações...” Cristo lançara a semente, cumpria que ela crescesse. O primeiro crescimento importante realizou-se no décimo dia após a ascensão de Nosso Senhor, quando São Pedro, em seguida ao seu discurso do dia de Pentecostes, batizou 3.000 homens (At 3, 41). Quantas reflexões podemos fazer sobre os primeiros dias do cristianismo nascente, quando pela primeira vez ecoou em ouvidos humanos esta advertência de São Paulo: Agora não há mais nem judeu, nem grego, nem homem, nem mulher, nem homem livre, nem escravo, - Jesus de Nazaré elevou-os todos ao mesmo nível!
Baptismo habeo baptizari, et quomodo coarctor, usquedum perficiatur - “Tenho de ser batizado com um batismo; e quão grande não é a minha ansiedade até que ele se cumpra” (Lc 12, 50)
Sumário. Podia Jesus salvar-nos sem sofrer. Mas não; por nosso amor quis abraçar uma vida de dores e de desprezos, sem qualquer consolação terrena. Mais, durante toda a sua vida suspirava continuamente pela hora de sua morte, a fim de ser batizado com o seu próprio sangue e limpar-nos das imundícies dos nossos pecados. Em vista de tudo isso, como poderemos deixar de amá-Lo de todo o nosso coração, e recusar-nos a sofrer alguma coisa por seu amor?
Fortis est ut mors dilectio - “O amor é forte como a morte” (Ct 8, 6)
Sumário. Assim como a morte nos desprende de todos os bens terrestres, das riquezas, das dignidades, dos parentes e amigos e de todos os prazeres do mundo; assim o amor de Deus, quando reina num coração, desprende-o do afeto a todos os bens caducos. Queremos, pois, saber se amamos a Deus e se somos inteiramente d'Ele? Examinemos se estamos desapegados de todas as coisas terrestres. Vejamos sobretudo se já estamos desapegados de nós mesmos, pela morte do maldito amor próprio, que quer intrometer-se mesmo nas ações mais santas.
A vida de Nosso Senhor Jesus Cristo foi a santidade encarnada, a tal ponto que seus inimigos os mais terríveis não lhe puderam exprobar um só defeito. Ele perguntou de fronte erguida a seus inimigos: “Quem de vós me arguirá de pecado?” (Jo 8, 46). E todos lhe escutaram a pergunta sem dizer uma palavra. É natural que a Igreja, que teve um santo Fundador, também seja santa. É natural que se deva aplicar, palavra por palavra, à verdadeira Igreja de Cristo, o elogio entusiasta pronunciado por São Paulo a respeito da Igreja:
“Cristo amou a Igreja e entregou-se a si próprio por ela, afim de santifica-la depois de havê-la purificado na agua batismal, para fazê-la surgir diante de si, gloriosa, sem macula, sem ruga, sem anda de semelhantes, porém santa e imaculada” (Ef 5, 25-27).
Consoante as palavras do apóstolo, a Igreja de Cristo deve ser “santa”. Eis-nos, pois, em presença da questão: saber se as palavras de São Paulo convém à Igreja Católica. Na nossa última instrução ocupamo-nos da primeira marca da verdadeira Igreja de Cristo: a unidade. Nesta agora, estudaremos a segunda, e perguntaremos:
Temos o direito de dizer que na nossa Igreja se acha também a segunda marca: a “santidade”? Temos o direito de chamar a base da nossa religião simplesmente de “a Igreja”, porém de “a santa Igreja”?
Beata quae credidisti, quoniam perficientur ea, quae dicta sunt tibi a Domino - “Bem-aventurada és tu, que creste, porque se hão de cumprir as coisas que te foram ditas da parte do Senhor” (Lc 1, 15)
Sumário. Maria Santíssima teve fé tão viva, que excedeu a de todos os homens e de todos os anjos, porquanto viu Jesus Cristo sujeito a todas as misérias humanas e sempre o reconheceu por seu Deus verdadeiro. Se quisermos ser dignos filhos da divina Mãe, imitemo-la nesta virtude como em todas as demais. Exercitemo-nos em fazer contínuos atos de fé e vivamos segundo as verdades da nossa fé: porque a fé sem as obras é morta.
Será um fato certo que Cristo fundou uma sociedade visível, organizada, a que Ele próprio chamou “Igreja”?
Perfeitamente. Basta ler as palavras dirigidas a São Pedro em Filipe de Cesaréia: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Será certo também que uma só Igreja pode ser a verdadeira Igreja de Cristo?
Sem dúvida. Porque há um único Senhor, de quem procede a Igreja, e uma única verdade ensinada por Cristo. Cristo não fundou várias igrejas, mas uma única, - esta verdade é certa, tanto histórica quanto logicamente. Eis, porém, que se apresenta aqui a grande, decisiva e importante questão:
Qual é a verdadeira Igreja de Cristo?
É com a alma dolorosamente comovida que temos de saber, pela história, que sobre a doutrina de Cristo têm passado lutas fratricidas que têm rasgado a veste inconsútil de Cristo e dividido a cristandade. Quando o Salvador subiu aos céus e deixou discípulos e fiéis, membros da primitiva Igreja, então só havia realmente uma única cristandade, havia uma única Igreja. Mas já desde o tempo dos apóstolos vemos aqui e acolá surgirem hereges que se apartam da verdadeira Igreja de Cristo, atraindo os fiéis para as sendas do erro. E, à medida que avançam os séculos, folhas e ramos cada vez mais numerosos, às vezes até enormes galhos, tombam da árvore da Igreja, afirmando que pulsa neles a força vivificante de Cristo. Espetáculo doloroso e contristador o dos cismas e das heresias. E na alma humana levanta-se com justa razão esta pergunta, esta decisiva pergunta, que aguarda uma resposta categórica, definitiva:
Onde está então hoje a verdadeira Igreja de Cristo?
Surge, et accipe puerum et matrem eius, et fuge in Aegyptum - “Levanta-te, e toma contigo o Menino e sua Mãe, e foge para o Egito” (Mt 2, 13)
Sumário. Considera que Jesus apenas nascido é perseguido de morte por Herodes, sendo assim obrigado a fugir para o Egito, a fim de salvar a vida. Quão penosa devia ser aquela fuga para a sagrada Família e especialmente para o Coração extremamente sensível do Menino Jesus. Minha alma, associa-te àqueles três pobres exilados, compadece-te deles, e quando o Senhor te provar com tribulações, une os teus padecimentos aos daqueles santos personagens. Considera igualmente que pelos pecados que cometeste, renovaste para Jesus a perseguição de Herodes.