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Author page: Gabriel

Que o homem por si mesmo nada tem de bom e de nada se pode gloriar

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XL

1. A alma: Senhor, que é o homem, para que vos lembreis dele, ou o filho do homem, para que o visiteis? (Sl 8,5). Por onde mereceu o homem que lhe deis a vossa graça? Como me posso queixar, se me desamparais, ou que posso justamente opor, se não me concedeis o que peço? Decerto, com verdade posso pensar e dizer: Senhor, nada sou, nada posso, nada de bom tenho de mim mesmo, mas falta-me tudo, e sempre pendo para o nada. E se vós não me ajudais e ensinais, fico de todo tíbio e relaxado. Vós, porém, Senhor, sempre sois o mesmo e permaneceis eternamente bom, justo e santo, e boas são vossas obras todas, e justas e santas, e dispondes tudo com sabedoria. Mas eu, que sou mais inclinado à negligência que ao aproveitamento espiritual, não sei conservar-me no mesmo estado, porque mudo sete vezes por dia. Mas logo me vai melhor, quando vos apraz estender-me a mão para me socorrer; porque só vós, sem auxílio humano, me podeis ajudar e dar-me firmeza, de tal modo que jamais se mude meu rosto, mas só a vós se converta meu coração e em vós descanse.

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Que o homem não seja impaciente nos seus negócios

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XXXIX

1. Jesus: Filho, confia-me sempre teus negócios, eu disporei tudo bem a seu tempo. Espera minha determinação, e disso tirarás proveito. 2. A alma: Senhor, de mui boa vontade vos confio todas as coisas, porque pouco adianta o meu cuidado. Oxalá não me perturbasse com os conhecimentos futuros, mas me oferecesse sem demora ao vosso beneplácito!

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Do bom procedimento exterior, e do recurso a Deus nos perigos

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XXXVIII

1. Jesus: Filho, nisto deves empenhar toda a diligência, que em todo lugar, ação ou ocupação exterior estejas interiormente livre e senhor de ti mesmo, dominando todas as coisas, e a nenhuma sujeito. Deves ser o senhor e diretor de tuas ações e não servo ou escravo; cumpre sejas livre e verdadeiro israelita, que chega à condição de liberdade dos filhos de Deus. Esses elevam-se acima das coisas presentes e contemplam as eternas; só de relance olham para as coisas transitórias, e têm a vista presa nas celestiais. Não se deixam atrair e prender pelas coisas temporais, mas servem-se delas conforme o fim para que foram ordenadas por Deus e destinadas pelo supremo Artífice, que nada deixou sem ordem nas suas criaturas.

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Da pura e completa renúncia de si mesmo para obter liberdade de coração

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XXXVII

1. Jesus: Filho, deixa-te a ti, e achar-me-ás a mim. Despe tua vontade e teu amor-próprio, e sempre tirarás lucro. Porque, logo que te entregares a mim sem reservas, se te acrescentará a graça. A alma: Senhor, em que devo renunciar-me, e quantas vezes? Jesus: Sempre e a toda hora tanto no muito como no pouco. Nada excetuo, mas quero te achar despojado de tudo. De outra sorte, como poderás ser meu e eu teu, se não estiveres, exterior e interiormente, desapegado de toda vontade própria? Quanto mais prontamente isso fizeres, tanto melhor te acharás, e quanto mais pleno e sincero for teu sacrifício, tanto mais me agradarás e maior lucro terás.

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Contra os juízos dos homens

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XXXVI

1. Jesus: Filho põe tua confiança em Deus e não temas os juízos humanos, enquanto tua consciência te der testemunho da tua piedade e inocência. É bom e salutar sofrer deste modo, nem isso será penoso ao coração humilde, que confia mais em Deus que em si mesmo. Muitos falam com demasia, e por isso não se lhes deve dar muito crédito. Mas também não é possível satisfazer a todos. Ainda que Paulo se empenhasse por agradar a todos no Senhor, fazendo-se tudo para todos (1Cor 9,22), contudo, fez pouco caso de ser julgado no tribunal dos homens (1Cor 4,3).

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Como nesta vida não há segurança contra a tentação

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XXXV

1. Jesus: Filho, nunca estarás seguro nesta vida, mas, enquanto viveres, terás necessidade de armas espirituais. Andas cercado de inimigos, que à direita e à esquerda te acometem. Logo, se não te armares por todos os lados com o escudo da paciência, não estarás por muito tempo sem ferida. Demais, se não firmares em mim teu coração, com sincera vontade de sofrer tudo por meu amor, não poderás suportar tão renhido combate, nem alcançar a palma dos bem-aventurados. Cumpre, pois, caminhar com ânimo varonil por entre todos os obstáculos, e rebater com a mão poderosa todos os empecilhos. Pois ao vencedor será dado o maná (Ap 2,17), e ao covarde aguarda muita miséria.

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Como Deus é delicioso em tudo e sobretudo a quem o ama

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XXXIV

1. A alma: Vós sois meu Deus e meu tudo! Que mais quero eu e que dita maior posso desejar? Ó palavra suave e deliciosa! Mas só para quem ama a Deus, e não o mundo nem as suas coisas. Meu Deus e meu tudo! Para quem a entende basta esta palavra, e quem ama acha delicia em repeti-la a miúdo. Porque, quando estais presente tudo é aprazível, mas, se vos ausentais, tudo enfastia. Vós dais ao coração sossego, grande paz e jubilosa alegria. Vós fazeis que julguemos bem de todos e em tudo vos bendigamos; nem pode, sem vós, coisa alguma agradar-nos por muito tempo, mas, para ser agradável e saborosa, é necessário que lhe assista a vossa graça e a tempere o condimento da vossa sabedoria.

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Da instabilidade do coração e que a intenção final se há de dirigir a Deus

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR Capítulo XXXIII 1. Jesus: Filho, não te fies nos teus afetos atuais, que depressa em outros se mudarão. Enquanto viveres, estarás sujeito ao variável, ainda que não queiras; ora te acharás alegre, ora triste, ora sossegado ora perturbado, umas vezes fervoroso, outras tíbio, já diligente, já preguiçoso, agora sério, logo…

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Da abnegação de si mesmo e abdicação de toda cobiça

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XXXII

1. Jesus: Filho, não podes gozar perfeita liberdade, enquanto não renunciares inteiramente a ti mesmo. Em escravidão vivem todos os ricos e egoístas, os cobiçosos, curiosos, que gostam de vaguear, buscando sempre as delícias dos sentidos e não as de Jesus Cristo, mas só imaginam o que não pode permanecer e só disso cogitam. Pois tudo que não vem de Deus perecerá. Conserva em teu coração esta breve e profunda sentença: Deixa tudo, e terás sossego. Pondera isto, e, quando o praticares, tudo entenderás. 2. A alma: Senhor, isto não é obra de um dia, nem brincadeira de criança, antes nesta breve palavra se compendia toda a perfeição religiosa.

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Do desprezo de toda criatura, para que se possa achar o Criador

Livro III. DA CONSOLAÇÃO INTERIOR

Capítulo XXXI

1. A alma: Senhor, muita graça ainda me é necessária para chegar a tal ponto, que nenhum homem nem criatura alguma me possa estorvar. Pois, enquanto me detém alguma coisa, não posso voar à vós livremente. Aspirava a esta liberdade o profeta, quando dizia: Quem me dera asas como a pomba, para poder voar e descansar! (Sl 54,7). Que há de mais sereno que o olhar singelo, e quem é mais livre que o homem sem desejo terrestre? Por isso importa elevares-te acima de todas as criaturas, e renunciares totalmente a ti mesmo, e naquele arroubo da alma perseverares e compreenderes que o Autor de todas as coisas não tem semelhança com as criaturas. E quem não estiver desprendido das criaturas, não poderá livremente atender às coisas divinas. Por isso se encontram tão poucos contemplativos, porque raros são os que sabem desapegar-se de todo das coisas perecedoras.

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