


MUITO poucos, nos tempos que vão correndo, fazem aquela espécie de trabalho que gostariam de fazer. Em vez de escolherem, livremente, as suas ocupações, são forçados, por necessidade econômica, a dedicar-se a tarefas que não conseguem satisfazê-los. Dizem muitos: «eu deveria ocupar-me em alguma coisa de superior ao que estou agora a fazer», ou «este meu trabalho só é importante, porque mo pagam». Tal atitude está na base de tanto trabalho imperfeito e mal executado. O homem que escolhe o trabalho, porque este satisfaz a uma finalidade que se harmoniza com o seu modo de ser, é o único que se engrandece pelo trabalho. Verdadeiramente, só ele poderá dizer, quando chegar ao fim:«Está acabado»
“Qual de vós o homem que tendo cem ovelhas, se perder uma delas, porventura não deixa as noventa e nove no deserto e não vai em busca da que tinha perdido até que a encontre? E quando a tiver encontrado a põe sobre os ombros, cheio de gosto, e, vindo para casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: congratulai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se tinha perdido?” (1)
TODOS nós queremos a felicidade. Mas, se somos sensatos, todos deveríamos nos convencer de que no prazer há três leis, que, uma vez seguidas, tornarão a consecução da felicidade incomensuravelmente mais fácil. Primeira lei — Podemos contar com horas felizes; mas a vida não se há de planear como se constasse somente de horas felizes. O prazer é como a beleza; é condicionado pelo contraste. A mulher que quer fazer sobressair um vestido de veludo preto, não irá colocar-se, se tem o sentido da realidade, em frente duma cortina preta, mas duma cortina branca.“Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de ladrões que o despojaram; e, depois de o haverem ferido, retiraram-se deixando-o semimorto.Sucedeu, porém que passasse pelo mesmo caminho um sacerdote, que, depois de o ver, passou adiante. Passou igualmente, de largo, depois de o ver, um levita, que se achava perto. Mas um samaritano, que seguia seu caminho chegou junto dele e, vendo-o moveu-se de compaixão” (1)
Há uma profunda diferença de qualidade entre os os bens possuídos, de que precisamos, usamos e realmente desfrutamos, e a acumulação de coisas inúteis, que amontoamos por vaidade, avidez ou desejo de ultrapassar os outros. A primeira espécie de posse é uma extensão legítima da personalidade: com o nosso amor enriquecemos um objeto que usamos muito, e ganhamos-lhe afeição. Podemos notar estas duas espécies de propriedade quando observamos as crianças: a que só possui um brinquedo, enriquece-o com o seu amor. A amimada com muitos brinquedos à sua disposição, rapidamente se enfastia e deixa de sentir prazer em qualquer deles.“Enviou diante de Si mensageiros, que, caminhando, entraram numa cidade dos samaritanos para Lhe preparar pousada. E não O receberam, por ter aparência de que ia para Jerusalém. Vendo isto, Seus discípulos Tiago e João disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do Céu e os consuma? Porém, voltando-se para eles, repreendeu-os dizendo: Não sabeis de que espírito sois! O Filho do homem não veio para perder as almas, mas para salvá-las” (1)
CADA um de nós é que dá cambiantes sombrios ou luminosos ao que nos rodeia. Podemos, por um esforço criador, inundar a nossa alma de tal luz que torne esplendentes os acontecimentos que se cruzarem com o nosso caminho. Por outro lado, podemos cair num estado de depressão íntima tão profunda e tão cheia de melancolia que só os mais intensos impulsos externos dos sentidos serão capazes de nos despertar da apatia.“Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas; porém, o mercenário, o que não é pastor, de quem as ovelhas não são próprias, quando vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge, e o lobo arrebata e dispersa as ovelhas. Mas o mercenário foge, porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas. Eu sou o Bom Pastor e conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem, assim como o Pai Me conhece e Eu conheço a Meu Pai, e Eu dou a Minha vida pelas minhas ovelhas” (1)
NIETZSCHE, filósofo do século XIX, tentou exprimir a índole da sua época, afirmando:E, com isto, quis dizer que, neste período, os homens iam perdendo a fé. Lançou também olhar profético para o futuro e predisse que o século XX seria de guerras e revoluções. Estas duas afirmações estão ligadas por lógica mais profunda do que o inventor da filosofia do «super-homem» imaginava. Na verdade, os homens que deixaram de amar a Deus, não amarão, por muito tempo, o próximo, e encontrarão particular dificuldade em procurar amar este próximo especial, que é o seu inimigo.«Deus morreu»