Salve Maria!
Amados irmãos e irmãs, a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo e o amor de Marisa Santíssima!
Apresento-lhes este profundo livro escrito pelo Abade D. Pinnard em 1923, trazendo-nos reflexões profundas sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. E este livro será a recomendação de leitura para o Tempo da Quaresma deste ano.
Espero que possam aproveitar este tempo de silêncio, jejum, oração e penitência, para uma profunda revisão de vida, renovação dos bons propósitos, renúncia de pecados e crescimento na intimidade com Nosso Senhor!
Sumário
- Introdução
- Capítulo I. Jesus Cristo fez-se homem para nos fazer compreender o amor que nos tem, e nos excitar a amá-lo
- Capítulo II. Do amor que Deus nos testemunhou em nos dar o seu único Filho
- Capítulo III. Jesus Cristo mereceu-nos o perdão dos nossos pecados pela efusão de todo o seu sangue
- Capítulo IV. A misericórdia e amor de Jesus para conosco fulgem com deslumbrante brilho em sua encarnação
- Capítulo V. Deus Pai enviou à terra seu Filho para nos restituir a vida que pelo pecado perderíamos
- Capítulo VI. Jesus Cristo desceu do céu à terra, não por necessidade ou próprio interesse, mas por nosso amor
- Capítulo VII. Ardentes desejos dos santos do Antigo Testamento pela vinda do Messias
- Capítulo VIII. Encarnação do Verbo
- Capítulo IX. Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo no presépio de Belém
- Capítulo X. Jesus Cristo quis nascer menino para assim mais facilmente se insinuar em nosso amor e confiança
- Capítulo XI. Da vida privada de Jesus Cristo e de sua humilde submissão a Maria e José
- Capítulo XII. Quanto nos devem excitar ao amor de Jesus Cristo a bondade e misericórdia que em sua vida ativa patenteou
- Capítulo XIII. A amante de Jesus ou história de Maria Madalena
- Capítulo XIV. A parábola do Filho Pródigo
- Capítulo XV. Toda a vida do nosso Divino Salvador foi um martírio contínuo
- Capítulo XVI. Do ardente desejo que teve Jesus de sofrer por nós
- Capítulo XVII. Amor que nos testemunhou Jesus Cristo instituindo a Santa Eucaristia para nutrir e consolar nossa alma
- Capítulo XVIII. Tristezas de Nosso Senhor no Jardim das Oliveiras, seu suor de sangue, sua resignação à vontade de Deus
- Capítulo XIX. Jesus traído pelo pérfido Judas e preso como um ladrão
- Capítulo XX. Jesus recebe uma bofetada de um dos oficiais do Sumo Sacerdote
- Capítulo XXI. São Pedro nega três vezes a seu Divino Mestre – Seu arrependimento
- Capítulo XXII. Jesus é conduzido diante de Herodes, que o despreza e trata como um insensato
- Capítulo XXIII. Sobre a flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo
- Capítulo XXIV. Da Coroação de Espinhos
- Capítulo XXV. É por amor nosso e por causa do pecado que Jesus foi coberto de chagas
- Capítulo XXVI. Jesus, condenado à morte, leva a sua cruz ao Calvário
- Capítulo XXVII. Jesus é pregado na cruz
- Capítulo XXVIII. Do silêncio de Jesus no meio dos desprezos, das afrontas e dos sofrimentos
- Capítulo XXIX. Lamentações que do alto da cruz dirige Jesus a todos os homens
- Capítulo XXX. Jesus ora por seus inimigos
- Capítulo XXXI. O bom ladrão
- Capítulo XXXII. Jesus, antes de morrer, dá-nos Maria por Mãe
- Capítulo XXXIII. Jesus é desamparado de Deus seu Pai
- Capítulo XXXIV. Da sede de Jesus sobre a Cruz
- Capítulo XXXV. Da sexta palavra que Jesus pronunciou na cruz
- Capítulo XXXVI. Nosso Senhor recomenda sua alma a seu Pai
- Capítulo XXXVII. Jesus expira
- Capítulo XXXVIII. O nosso bom Salvador lastima-se da ingratidão dos pecadores e os convida a virem lançar-se em seus braços
- Capítulo XXXIX. Da sua plena vontade é que Jesus Cristo se ofereceu à morte por nosso amor
- Capítulo XL. Jesus Cristo por amor nosso fez-se maldição afim de subtrair-nos à eterna maldição que mereceríamos
- Capítulo XLI. Quanto o amor que Jesus Cristo nos tem nos impõem a obrigação de O amarmos
- Capítulo XLII. Elevação do coração a Jesus Cristo para o conjurar a nos atrair a si pelos encantos do seu amor
- Capítulo XLIII. Jesus o bom pastor
- Capítulo XLIV. Do amor de Deus e dos principais meios de o adquirir
- Capítulo XLV. Que doce e amável é o jugo do Senhor! Só levando-o podemos ser felizes
- Capítulo XLVI. O Paraíso
- Apêndice. Prática para a Santa Comunhão
INTRODUÇÃO
Quando sinceramente alguém se aplica a considerar o imenso amor que nos testemunhou Jesus Cristo em sua vida e especialmente na sua morte, submetendo-se por nossa salvação a tantos trabalhos, tantos sofrimentos, tantos tormentos, impossível é não se sentir tocado e como que abrasado do desejo de amar um Deus que, com um ardor tão vivo, nos amou. As chagas do nosso Redentor tão grande virtude encerram, que ferem de amor os corações mais duros, inflamam os espíritos mais enregelados. Confirma esta verdade a experiência de todos os dias; mostra-nos que nunca uma alma faz progresso no amor de Deus que quando medita sem cessar os mistérios da vida e paixão de Jesus Cristo. Seria possível com efeito não amar a Jesus, quando para cativar o nosso amor o vemos nascer no curral, viver por trinta anos na obscuridade e privações, morrer no meio de dores e opróbrios? Não, não é possível. Todos os Santos compreenderam esta verdade e sempre fizeram todas as suas delícias da meditação destes mistérios: por este meio é que se elevaram a um alto grau de perfeição e santidade.
Quereis, diz o devoto Thomaz de Kempis, aprender a amar a Jesus de todo o vosso coração? Quereis purificar inteiramente a vossa alma das suas manchas, enriquecê-la do toda a sorte de virtudes? Quereis alcançar gloriosas vitórias dos inimigos da nossa salvação, receber abundantes consolações em vossas penas e mágoas? Quereis fazer grandes progressos na oração, obter a perseverança final, morrer santamente e reinar no céu por toda a eternidade? Exercei-vos na meditação continua da vida e morte do nosso Divino Salvador.
A paixão de Jesus Cristo é o tesouro oculto onde Deus deposita as suas mais preciosas graças; é a plenitude de todas as virtudes, a perfeição da santidade; quanto mais nela se medita, mais consolações e doçuras ali se descobrem, é a fonte da compunção, e o foco mais ardente do amor divino.
Mil vezes feliz aquele que ali sabe beber!
Deus, segundo refere Pedro de Blois, revelou um dia a Santa Gertrudes que todas as vezes que alguém olhasse com devoção para a imagem de Jesus crucificado, atraía sobre si os olhos da Divina Misericórdia. Aproveitemo-nos deste aviso e pensemos frequentemente em tudo quanto por nosso amor o Senhor quis sofrer.
A fim de ajudarmos a isto, segundo nossas posses, as almas que sinceramente desejam fazer progressos no amor de Jesus, imos, nesta pequena obra, tentar fazer conhecer, conforme nos atestam as divinas escrituras, a ternura que este tão amantíssimo Salvador por nós teve, a tudo o que fez para nos obrigar a amá-lo. Tiraremos daqui ocasião de nos excitarmos ao reconhecimento e à dor das nossas faltas e ingratidões passadas.
Ó Jesus! Diremos então com Santo Agostinho, ó doce Jesus! Dignai-vos gravar em meu pobre coração todas as vossas chagas, afim que sempre nelas leia a vossa dor e o vosso amor: nossa dor, ó meu Jesus, me ensinará a sofrer em paz e resignação todas as penas que vos aprouver enviar-me: dir-me-á incessantemente o vosso amor que vos ame e despreze outro qualquer amor que não o Vosso.
RESOLUÇÕES PRÁTICAS
É NECESSÁRIO VENCER-NOS A NÓS MESMOS
Não são os que se contentam com dizer: Senhor! Senhor! que entrarão no reino dos céus, mas os que fizerem a vontade de meu Pai, diz Jesus Cristo.
Não basta repetir a Deus que o amamos, é preciso prová-lo com obras. Não nos iludamos: o amor de Deus não consiste em protestos da fidelidade ao seu serviço, nas expressões de ternura, etc.; consiste no cumprimento de Sua Vontade. Ora, se a Sua Vontade é que nos tomemos santos e perfeitos, devemos trabalhar por isso. Para o que se faz necessário é que sejamos fiéis em cumprir todos os Seus mandamentos e todos os da Sua Igreja. Digo todos porque São Tiago nos ensina que quem viola a lei num só ponto é culpável como se a violasse toda. É para facilitar as almas piedosas os meios de verdadeira e solidamente amarem a Deus que pus no fim de todos os capítulos desta obra alguma breve instrução sob o título de Resoluções Práticas. Nelas achar-se-á o segredo de toda a santidade, que consiste simplesmente em nos vencermos a nós mesmos em todas as coisas, não por agradar à criatura, mas unicamente por amor de Deus. Vince et ipsum, vence-te a ti mesmo. Estas duas palavras andavam continuamente na boca de Santo Inácio de Loyola e de S. Francisco Xavier. É coisa sabida o uso que delas fizeram para sua própria santificação. Ama et fac quod vis: são palavras de Santo Agostinho; ama e faze depois tudo o que quiseres: porque se verdadeiramente amas, as tuas ações não desmentirão os sentimentos do teu coração. Pede incessantemente a Deus, meu querido Teótimo, este amor verdadeiro que se prova por obras. Nunca percas de vista que a santidade consiste propriamente na destruição dos vícios, e de nenhum modo nas consolações espirituais, diz Bloisius, Speculum religios, cap. II, n.° 2. Sofre por Deus, obra por Deus, faze em todas as coisas a Vontade de Deus: eis o Verdadeiro Amor.