Parte IV
Capítulo XIV
Esse tempo tão belo e agradável não durará muito, Filotéia; perderás tanto, às vezes, o gosto e o sentimento da devoção, que tua alma se parecerá com uma terra deserta e estéril, onde não verás nem um caminho, nem uma vereda para ir a Deus e onde as águas salutares da graça não correrão mais para a regar no tempo da seca, o que a tornará árida e desolará completamente. Ah! Bem digna de compaixão é a alma neste estado, sobretudo se o mal é violento; porque então ela se nutre de lágrimas, como David, dia e noite, enquanto o inimigo lhe diz por escárnio, para a levar ao desespero:
Ah! Miserável, onde está teu Deus? Por que caminho o poderás achar? Quem te poderá dar jamais as alegrias da graça?
Que farás, nesse tempo, Filotéia? Vai à fonte do mal. Muitas vezes essas esterilidades e securas se originam de nós mesmos.