Parte II Capítulo XX
É conhecido o que se diz de Mitridates, rei do Ponto, na Ásia, o qual inventou um alimento preservativo de todo veneno. Nutrindo-se dele, este rei tornou o seu temperamento tão robusto que, estando a ponto de ser preso pelos romanos e querendo evitar o cativeiro, por mais que fizesse, não conseguiu envenenar-se. Não foi isso mesmo que fez nosso divino Salvador dum modo verdadeiro e real, no augustíssimo Sacramento do altar, onde ele nos dá o Seu corpo e sangue, como um alimento, que confere a imortalidade?Meditação para o Dia 18 de Junho
1. Jamais te prepararás à Santa Comunhão, como a dignidade deste Sacramento, de amor o exige. Pois, que és, para que prepares uma morada em tua alma, e quem é quem se digna visitar-te? Preparando-te para a Santa Comunhão, deves trabalhar para que não só o pecado grave, mas ainda o venial e toda inclinação voluntária, desapareçam de tua alma. Penetrar-te-ás de viva fé, que te faculta contemplar teu Deus escondido; banirás do coração toda a animosidade contra outros; aproximar-te-ás humilde, inflamar-te-ás de santo amor, cheio de vivos desejos, e solícito de embelezar a alma por atos das diferentes virtudes.Meditação para o Dia 17 de Junho
1. O que seria de nós, pobres e fracos pecadores, se não tivéssemos estas duas fontes de salvação: a confissão e a santa Eucaristia; aquela para limpar-nos, esta para nos alimentar! Deus, que conhece nossas necessidades, faz muitíssimo para a conservação e o desenvolvimento da vida corporal, ainda mais, porém, para a alma. Deu-lhe um alimento adaptado a sua natureza e dignidade. Jesus mesmo quis ser o alimento, Ele que reina à direita do Pai. É como que um aniquilamento, por excesso de amor.1. Jesus não quis ser só teu alimento na santa Comunhão, mas também o companheiro de tua vida, o amigo de teu coração, tua consolação no peregrinar. Por isso, mora dia e noite no tabernáculo. Mas ai! Que ingratidão e vergonha! Jesus é abandonado; muitas vezes está vazio o templo em que mora e em que espera Seus filhos. Ó! Fé fraca que paga com tanta ingratidão e que se priva de tantos méritos e de tantos progressos no bem! Ó! Falta de amor a um Deus!