Sumário. O Senhor podia obter-nos a salvação sem sofrer; pois que uma só lágrima, uma só oração teria sido bastante para salvar uma infinidade de mundos. A fim de nos patentear, porém, o seu amor, quis derramar o seu Sangue até a última gota, no meio das mais atrozes dores. Como é que os homens respondem a um tão grande amor? Mostremo-nos ao menos nós gratos para com esse Coração amabilíssimo, e para reparar as ofensas que lhe tenhamos feito habituemo-nos a oferecer muitas vezes ao Eterno Pai este preço da nossa Redenção.Redemisti nos Deo in sanguine tuo... et fecisti nos Deo nostro regnum —“Remiste-nos para Deus com o teu sangue...e fizeste- nos para nosso Deus reino” (Ap 5, 9)
Capítulo V
Escreve o grande Santo e grande gênio que foi Santo Agostinho:Estas palavras são tão preciosas, tão claras, que ninguém ousaria deturpar-lhes o sentido. São João Crisóstomo não é menos claro:«Na Missa o Sangue de Jesus Cristo corre pelos pecadores»
Estas palavras do Santo Doutor podem talvez ser comentadas com estas outras de Kisseli:«O Cordeiro de Deus imola-Se por nós. O Seu sangue, saído do lado atravessado do Salvador, espalha-se de uma maneira mística sobre o altar e derrama-se no cálice para nos purificar»
«Cristo derramou uma só vez o Seu sangue de uma maneira visível e dolorosa. Esta efusão renova-se cada dia na Santa Missa de uma maneira invisível, como se as mãos do Salvador fossem de novo feridas, os Seus pés trespassados, o Seu coração aberto. Nós podemos aplicar-nos os Seus méritos infinitos pelos nossos desejos ardentes, pelo arrependimento, pela penitência, pela Santa Comunhão, mas nunca mais eficazmente que pela Missa»