Capítulo I
1. O erro dos pelagianos
Erram os pelagianos, dizendo que a oração não é necessária para se conseguir a salvação. O ímpio Pelágio, seu mestre, afirmava que só se perde quem não procura conhecer as verdades necessárias. Mas, como o disse bem Santo Agostinho, Pelágio falava de tudo, menos da oração, a qual, conforme sustentava e ensinava o mesmo santo, é o único meio de adquirir a ciência dos santos, como escreve São Tiago:“Se alguém necessita de sabedoria, peça a Deus, que a concede fartamente a todos” (Tg 1, 5)
2. Das Sagradas Escrituras
São muito claros os textos, que nos mostram a necessidade de rezar, se quisermos alcançar a salvação.“É preciso rezar sempre e nunca descuidar” (Lc 18, 1).
“Vigiai e orai para não caírdes em tentação” (Mt 25, 41).
Segundo a doutrina comum dos teólogos, as referidas palavras: “É preciso rezar, orai e pedi”, significam e impõem um preceito e uma obrigação, um mandamento formal. Vicleff afirmava que todos estes textos não se referiam à oração, mas tão somente às boas obras, assim, rezar, no seu modo de ver, nada mais é do que agir corretamente e praticar o bem. A Igreja, entretanto, condenou expressamente este erro. Por isso, ensinava o douto Léssio que, sem pecar contra a fé, não se pode negar a necessidade da oração aos adultos, mormente quando se trata de conseguir a salvação. Pois, como consta nos Livros santos, a oração é o único meio para conseguirmos os auxílios necessários à salvação.“Pedi e dar-vos-á” (Mt 7, 7).