“Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13)
“As obras de misericórdia no caminho jubilar”
1. Maria, ícone de uma Igreja que evangeliza porque evangelizada
Na Bula de proclamação do Jubileu, fiz o convite para que
«a Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus» (
Misericordiae Vultus, 17). Com o apelo à escuta da Palavra de Deus e à iniciativa
«24 horas para o Senhor», quis sublinhar a primazia da escuta orante da Palavra, especialmente a palavra profética. Com efeito, a misericórdia de Deus é um anúncio ao mundo; mas cada cristão é chamado a fazer pessoalmente experiência de tal anúncio. Por isso, no tempo da Quaresma, enviarei os Missionários da Misericórdia a fim de serem, para todos, um sinal concreto da proximidade e do perdão de Deus. Maria, por ter acolhido a Boa Notícia que Lhe fora dada pelo arcanjo Gabriel, canta profeticamente, no Magnificat, a misericórdia com que Deus A predestinou. Deste modo a Virgem de Nazaré, prometida esposa de José, torna-se o ícone perfeito da Igreja que evangeliza porque foi e continua a ser evangelizada por obra do Espírito Santo, que fecundou o seu ventre virginal. Com efeito, na tradição profética, a misericórdia aparece estreitamente ligada – mesmo etimologicamente – com as vísceras maternas (
rahamim) e com uma bondade generosa, fiel e compassiva (
hesed) que se vive no âmbito das relações conjugais e parentais.