O terceiro fruto consiste em aprendermos que na proximidade da morte não se deve confiar muito nas esmolas, jejuns e orações dos parentes e amigos, são muitos os que passaram a vida esquecidos da sua alma, não tratando de mais nada senão de deixarem ricos, quanto possa ser os filhos ou netos; e, quando estão para morrer, começam então a importar-se dela; e porque repartiram a sua casa por aqueles seus descendentes, lhes recomendam a sua alma, para que eles a sufraguem com esmolas, orações, missas, e outras, boas obras. Não nos deu Cristo este exemplo, pois não encomendou o seu espírito a seus parentes, mas a seu Pai, nem é isto o que nos ensina São Pedro, que nos diz, encomendemos as nossas almas por meio de boas obras ao nosso fiel Criador (1Pd 4). Não repreendo os que determinam, pedem, ou desejam, que, por suas almas se deem esmolas, ou digam missas, repreendo, porém em primeiro lugar os que confiam demasiadamente nos sufrágios dos filhos ou dos netos, quando a prática está mostrando que eles facilmente se esquecem dos seus maiores, depois que estes são falecidos.
7º Domingo depois de Pentecostes
Sumário. Persuadamo-nos de que a fé por si sós não basta para a nossa salvação. São também necessárias as obras, porquanto, como diz nosso Senhor no Evangelho de hoje: “Toda a árvore que não dá bom fruto será cortada e metida no fogo.” Estas obras não são as mesmas para todos; diferem segundo o estado em que Deus nos colocou. Quantos cristãos, desejando fazer coisas grandes, descuidam os deveres do próprio estado e se condenam! Meu irmão, põe a mão na consciência: serás tu porventura um destes infelizes?Omnis arbor, quae non facit fructum bonum, excidetur et in ignem mittetur - “Toda a árvore que não dá bom fruto será cortada e metida no fogo” (Mc 7, 19)