I. Sermão para o 1º Domingo do Advento
Pregado a 29 de novembro de 1665, com a assistência do rei e da corte.
SUMÁRIO
Exordio. A Igreja fala-nos no juízo final com o fim de nos excitar a trabalhar para a nossa salvação e a velar por todas as nossas disposições e ações.
Proposição e divisão. Eu hei de combater o sono, que nos insensibiliza para o trabalho da nossa salvação, e a languidez que, além de nos tornar indolentes, não nos deixando agir, ainda nos conduz de novo ao sono.
1.° Ponto — Adormecermos na indiferença a respeito da grande obra da salvação, é cometer o crime de ateísmo, porque, aqueles que não creem em Deus, também não admitem que outros creiam verdadeiramente nele. Deus não dá logo o castigo porque é misericordioso e eterno. O sono letárgico dos pecadores já é um castigo terrível. Ai de ti, pecador indiferente:
Thesaurisas tibi iram.
2.º Ponto — Nós devemos consagrar à grande obra da nossa salvação todos os instantes porque a morte há de arrebatar-nos como se fosse um rapinante. A juventude, em vez de ser um tempo de dissipação e de desregramento deve, pelo contrário, ser um tempo de colheita.
Peroração — Receai a insensibilidade e praticai a vigilância contínua. Real Senhor, de que vos serviriam as vossas conquistas e a vossa grandeza, se não trabalhásseis em obras que merecem ser escritas no livro da vida. Deus compõe um diário da nossa vida, e nós devemos nos esforçar por embelezá-lo.
Hora est jam nos de somno surgere Já é tempo de despertarmos do nosso sono (Rm 13, 11)