Capítulo XIII
Os Judeus tinham pelo seu Templo a mais profunda veneração. Vinham várias vezes no ano, das mais remotas regiões da Judeia, visitá-lo e adorar a Jeová, no Seu grande santuário. Com que alegria não o contemplavam, quando, ao cabo de trabalhosa jornada, avistavam de longe os seus muros e torres tão santos! Ainda hoje é coisa patética e comovente ouvir os lamentos com que os judeus choram a ruína da Cidade Santa e do seu Templo. Os devotos muçulmanos suspiram pelo dia em que possam visitar a sua Cidade Santa, Meca, berço de Maomé, onde se ergue a Caaba, santuário do islamismo. Empreendem longas viagens, por entre imensos perigos, com grandes despesas e fadigas, para entrarem, ao menos uma vez na vida, na grande Mesquita. Na Caaba nunca falam, nem cospem, nem olham para os lados e, para não voltarem as costas ao Santuário, saem a recuar. Mas não é só em Meca que dão provas desta reverente devoção; em todas as suas mesquitas mostram o mesmo respeito, mesma piedade. E nós, cristãos, como é que veneramos tão pouco os nossos templos santificados, não uma vez, mas sempre, pela presença verdadeira e constante do Grande Deus e onde, todos os dias, é celebrado o sacrossanto Sacrifício do Calvário, ao qual vêm assistir os Anjos do Céu?Meditação V - Terça-feira da I Semana da Quaresma
Por Dom Henrique Soares da Costa
Reze o 118/119, 33-40:33Ensina-me, SENHOR, o caminho das tuas leis e eu hei-de cumpri-las com fidelidade. 34Dá-me entendimento para cumprir a tua lei; hei-de obedecer-lhe de todo o coração. 35Conduz-me pela senda dos teus mandamentos, porque neles estão as minhas delícias. 36Inclina o meu coração para as tuas ordens, e não para a cobiça. 37Desvia os meus olhos dos deuses vãos; faz-me viver nos teus caminhos. 38Confirma ao teu servo a tua promessa destinada aos que te obedecem. 39Afasta de mim a afronta, que eu temo, pois são agradáveis os teus decretos. 40Vê como tenho desejado os teus preceitos; faz-me viver segundo a tua justiça.Leitura da Epístola de São Paulo aos Gálatas 2, 1-10:
1A seguir, catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém, com Barnabé, levando comigo também Tito. 2Mas subi devido a uma revelação. E pus à apreciação deles - e, em privado, à dos mais considerados - o Evangelho que prego entre os gentios, não esteja eu a correr ou tenha corrido em vão. 3Contudo, nem sequer Tito, que estava comigo, sendo grego, foi forçado a circuncidar-se. 4Ora, por causa de uns intrusos, falsos irmãos, esses que furtivamente se intrometeram a espiar a nossa liberdade, aquela que temos em Cristo Jesus, a fim de nos reduzirem à escravidão… 5A esses nem sequer uma hora cedemos nem nos sujeitámos, para que a verdade do Evangelho se mantivesse para vós. 6Mas, quanto àqueles que eram considerados como autoridades - o que eles eram outrora de nada me interessa, já que Deus não faz acepção de pessoas - a mim, com efeito, nada mais me impuseram. 7Antes pelo contrário: tendo visto que me tinha sido confiada a evangelização dos incircuncisos, como a Pedro a dos circuncisos - 8pois aquele que operou em Pedro, para o apostolado dos circuncisos, operou também em mim, em favor dos gentios - 9e tendo reconhecido a graça que me havia sido dada, Tiago, Cefas e João, que eram considerados as colunas, deram-nos a mão direita, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão, para irmos, nós aos gentios e eles aos circuncisos. 10Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres - o que procurei fazer com o maior empenho.
Meditação para o Dia 23 de Agosto
1. A casa de Deus é uma casa de oração. O Infinito, em sua extrema bondade, escolheu um lugar na terra, onde pode ser visitado, adorado e rogado. Este lugar deve ser respeitado, sendo indispensável o recolhimento externo e interno. Teu proceder deve ser baseado no pensamento: Quem é Deus? Quem sou eu? Tudo na igreja deve lembrar-te de Deus; o Crucifixo - falando da paixão e morte de Jesus; as Imagens - recordando as virtudes dos santos; o Confessionário - teus pecados e a misericórdia de Deus; o Altar - o preço da tua salvação; o Tabernáculo e a Mesa da Comunhão - o Sacramento do Amor. O que até agora, dissemos da Igreja Católica, nestas instruções, foi só elogio e glorificação. Como é bela a Igreja de Cristo! Como é cheia de solicitude nossa mãe a Igreja! Como é santa a Igreja! Que entusiasmo, que amor para com a Igreja! Mas a imagem que pintamos da Igreja Católica nestas nossas instruções não seria completa se, ao lado dos acentos de gratidão e dos elogios, não se fizessem ouvir as censuras, as contradições, as dificuldades que surgem contra a Igreja, ora aqui, ora ali. Mormente para uma sociedade indiferente ou para as pessoas frívolas, um boato pouco edificante ou um escândalo, constituem a sobremesa picante que quotidianamente um editor hábil lhes deve apresentar. Certas pessoas implicam com a hierarquia prodigiosamente desenvolvida da Igreja e com o dédalo complicado dos artigos do direito canônico. Outras não podem tolerar o modo de viver e de agir da Igreja. Alguns são chocados pelo brilho exterior e pela pompa do papado. “Cristo era pobre e andava descalço. Vejam, porém, com que esplendor vive o seu representante!” – dizem eles. Outros – que não conhecem a História – criticam os papas que estiveram em luta com os reis, nomearam príncipes ou os depuseram do trono. Um não para de falar sobre “os maus papas”. Outro acha muita coisa que repreender na vida dos católicos. Que dizer disso, irmãos? Evitaremos essas perguntas embaraçosas? De modo algum.
Em Roma, centro da cristandade, ergue-se a maior igreja do mundo, a basílica de São Pedro. Todos vós já ouvistes falar dela, já lestes alguma cosa sobre as suas proporções gigantescas, sobre as suas incomparáveis belezas artísticas; mas, quando a gente vai a Roma e olha pela primeira vez para aquela famosa basílica, um grito de decepção nos escapa dos lábios: “É mesmo esta aquela maravilhosa obra prima? Onde estão as suas gigantescas dimensões? Onde está a sua beleza sem igual? Não vejo nela nada de extraordinário”. Efetivamente a primeira impressão produz alguma decepção. E essa impressão de desapontamento só desaparece quando a gente circula, durante horas, por aquela igreja. Quando, alguns dias depois, a ela tornamos, quando nela entramos dez vezes, vinte vezes, quando paramos a contemplar uma estátua ou um túmulo, quando, sob a direção dum guia ao corrente de tudo, examinamos minuciosamente cada altar e cada capela, então compreendemos por que é que a basílica de São Pedro figura entre os primeiros e mais belos edifícios do mundo. O mesmo sucede não somente com a basílica de São Pedro, como também com aquela que a elevou: a Igreja Católica. Ouvimos, sabemos, lemos muita coisa sobre ela. Sabemos que no mundo inteiro não existe sociedade tão extensa, tão antiga, tão importante e tão benéfica como a Igreja Católica. Mas, para que não a conheçamos apenas de um modo geral para que lhe conheçamos também as belezas, para que a amemos, a sigamos, a defendamos e nos orgulhemos dela, não basta um relance de olhos superficial. Temos absoluta necessidade de um guia experimentado. Esse guia, achamo-lo nesta frase do Símbolo dos Apóstolos que vamos agora comentar: “Creio na Santa Igreja Católica”. Escutai, só, atentamente, quando na missa solene se canta o Credo, com que transporte, com que alegria, com que convicção, com que ufania o coro canta em tom de triunfo: “Unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam” – “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. Qual é pois a causa desse entusiasmo, dessa alegria, dessa ufania e dessa convicção? Que é essa Igreja Católica à qual pertenço por uma graça particular de Deus? Que me dá ela? Por que me posso ufanar dela? Quais são seus méritos?... Outras tantas questões a que responderemos minuciosamente. Não trataremos resumidamente este assunto, mas lhe consagraremos vinte instruções, procurando focalizar do melhor modo a Igreja Católica. E, quando tivermos considerado a fundo esse gigantesco edifício, dos nossos lábios escapará, com alegre ufania e num grito de gratidão, esta profissão: “Credo unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam”.