Meditação para a Duodécima Quarta-feira depois de Pentecostes
Décima Quinta razão de sermos Humildes
SUMARIO
Meditaremos sobre uma décima quinta razão de sermos humildes; e é que, não o sendo, é correr atrás da coisa mais vã do mundo, que é a estima dos homens; e para bem nos convencermos disto, veremos quanto é vã esta estima: 1.° Nos seus princípios; 2.° Nos seus efeitos. — Tomaremos depois a revolução: 1.° De só termos Deus em vista nas nossas obras e expulsarmos do nosso interior todo o pensamento de vaidade, que quiser intervir nas nossas intenções; 2.° De não ligarmos importância aos louvores ou amostras de estima, que nos derem. O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Salmista:"O Senhor conhece os pensamentos dos homens, e que eles são vãos" - Dominus scit cogitationes hominum quoniam vanae sunt (Sl 93, 11)
Meditação para o Dia 25 de Agosto
Segundo a Imitação de Cristo, Cap. XXXVI - L. III
Jesus Cristo: Filho, põe o teu coração firme em Deus e não temas os juízos dos homens quando a consciência te não acusa. Bom e ditoso é também padecer desta sorte, e isto não é duro ao coração humilde que confia mais em Deus que em si mesmo. A maior parte dos homens fala demasiadamente e por isso se deve dar pouco crédito ao que diz. Além do que, não é possível contentar a todos.Parte III Capítulo VII
O louvor, a honra e a glória não são o preço duma virtude ordinária, mas duma virtude rara e excelente. Louvando uma pessoa, queremos que outros a estimem, e, honrando-a nós mesmos, manifestamos a estima que lhe devotamos; e a glória é um certo resplendor da reputação que provém dos louvores que se lhe dão e das honras que se lhe tributam, semelhante ao brilho e esmalte de diversas pedras preciosas que, todas juntas, formam uma única coroa. Ora, a humildade, impedindo-nos todo o amor e estima de nossa própria excelência, também não pode consentir que busquemos louvores, honras e glórias, que só são devidas ao merecimento da excelência e da distinção. Entretanto, aconselha o sábio que cuidemos de nosso bom nome, porque a reputação não se funda na excelência duma virtude ou perfeição, mas nos bons costumes e na integridade da vida; e, como a humildade não proíbe crer que temos este merecimento comum e ordinário, também não nos proíbe que amemos e cuidemos da reputação.Capítulo IV
De toda a eternidade nos amou Deus; esta verdade e ele mesmo que por Jeremias profeta no-lo assegura. Mas o seu amor para conosco esteve em certo modo oculto, até ao momento em que a Jesus Cristo aprouve manifesta-lo, fazendo-se homem.Apparuit benignitas et humanitas Salvatoris nostri Dei - "Apareceu a bondade do Salvador nosso Deus, e o seu amor para com os homens" (Tt 3, 4)
"Antes da incarnação do Verbo, diz São Bernardo, manifestára-se-nos o poder e sabedoria de Deus na criação e governo do mundo; quando porém Jesus Cristo consentiu em revestir-se de nossa carne, apareceu o amor que este divino Salvador tem aos homens"Com efeito, depois de haver Jesus Cristo passado uma vida tão laboriosa e molesta, depois de o vermos expirar numa cruz no meio de tantos tormentos, máxima injuria seria o duvidarmos um instante do seu amor.