Devastações produzidas pela curiosidade
Eva percebeu, diz a Escritura, que a fruta proibida era boa para comer, bela para a vista, e de aspecto deleitável; colheu o fruto, comeu-o, e deu também dele a seu marido, que igualmente comeu:
Vidit mulier quod bonum esset lignum ad vencendum, et pulchrum oculis, aspectuque delectabile; et tulit de fructu illius, et comedit; deditque viro suo, qui comedit (Gn 3, 6). E os olhos de ambos abriram- se; e reconheceram que estavam nus:
Et aperti sunt oculi amborum, cumque cognovissent se esse nudos (Gn 3, 7). Ó Eva, diz São Bernardo, conformai-vos com a ordem que recebestes; aguardai o cumprimento da promessa que vos foi feita; evitai aquilo que vos está proibido; não percais as prerrogativas que vos foram concedidas:
Serva, o Eva, commissum; expecta promissum; cave prohibitum; ne perdas concessum (
De Grad. Humil.). Porque olhais tão atentamente aquilo que deve ser vossa morte?
Quid tuam mortem tam intente intuearis? Porque desejais espargir com tanta frequência vossos olhos sobre esta fruta?
Quid illo tam crebro vagantia lumina jacis? Porque vos agrada considerar aquilo que não vos está permitido comer?
Quid spectare libet quod manducare non licet? Faço uso de minha vista, dizeis, e não de minha mão; não me está proibido olhar, mas tão apenas comer.