Confira as importantes advertências de Santo Afonso para bem aproveitar esta obra!
CONSIDERAÇÃO XXI
Non est pax impiis, dicit Dominus - "Não há paz para os ímpios, disse o Senhor" (Is 58, 24)
Pax multa diligentibus legem tuam - "Muita paz para os que amam tua lei" (Sl 118, 65)
PONTO I
Nesta vida, todos os homens se esforçam para conseguir a paz. Trabalham o comerciante, o soldado, o advogado, porque pensam que, realizando tal negócio, obtendo tal promoção, ganhando tal demanda, alcançarão os favores da fortuna e poderão gozar da paz. Mas, ó pobres mundanos, que procurais a paz no mundo, que não a pode dar! Deus somente no-la pode dar. Dá a teus servos, — diz a Igreja em suas preces, — aquela paz que o mundo não pode dar. Não, não pode o mundo com todos os seus bens satisfazer o coração humano, porque o homem não foi criado para essa espécie de bens, mas unicamente para Deus; de modo que somente em Deus pode encontrar felicidade e repouso. O ser irracional, criado para gozos materiais, procura e encontra a paz nos bens terrestres. Dai a um jumento um feixe de capim, dai a um cão um pedaço de carne, e ficarão satisfeitos, sem desejar mais coisa alguma. Mas a alma, criada para amar a Deus e unir-se a ele, não encontra paz nos deleites sensuais; só Deus a pode fazer plenamente feliz. Aquele rico de que fala São Lucas tinha obtido de seus campos abundantíssima colheita, e dizia de si para consigo:“Minha alma, agora possuis bens abundantes, armazenados para muitos anos; descansa, come, bebe...” (Lc 12,19)Mas este rico infeliz foi chamado louco, e com toda a razão, diz São Basílio.
“Desgraçado — exclama o Santo. Acaso, te equiparas a um animal e pretendes contentar tua alma com beber e comer e com os deleites sensuais?"