

"Nada mais triste – escreveu Frederico Ozanan – nada mais desolador do que o vácuo aberto pela morte em redor de nós. Conheci esse tormento depois da morte de minha mãe, porém, durou pouco. Não tardaram a vir outros momentos, em que cheguei a compreender que não estava só e que algo, de uma suavidade infinita, passou-se dentro de mim. Era uma confiança que não me havia abandonado. Era uma presença benfazeja, embora invisível. Era como se uma alma estremecida me acariciasse, de passagem, com a ponta de suas asas. E, assim como outrora, eu reconhecia agora os passos, a voz, a respiração de minha mãe.
Que bondade do coração de Jesus! Quer consolar-nos a aliviar-nos das amarguras da vida. E são tantas! Que nos há de consolar neste mundo?“Vinde a mim, vós que sofreis e estais sobrecarregados, e Eu vos aliviarei” (1)
“Os homens - diz Jó – são consoladores importunos. Só Nosso Senhor, só Ele,Bondade Infinita, Abismo insondável de misericórdia, pode aliviar-nos do peso quase insuportável dos sofrimentos da vida!”
“E eu – escreve Teresinha – já não encontrando nenhum socorro neste mundo, quase a morrer de dor, voltara-me para minha Mãe do Céu, suplicando-Lhe que tivesse compaixão de sua filhinha. Animou-se de súbito a estátua (1). A Virgem tomou um aspecto tão belo que nunca achei expressão para descrever essa formosura Divina. Ressumbravam do seu semblante uma doçura, uma bondade e ternura inefáveis, mas o que se me gravou nas profundezas da alma foi o seu sorriso arrebatador! Desvaneceram-se minhas mágoas, brotaram-se-me dos olhos duas grossas lágrimas, que me rolaram silenciosamente pela face. Ah! Eram lágrimas de alegria celeste e sem mistura! A Virgem Santíssima adiantou-se para mim! Sorriu-me!... Que ventura a minha!” (2)
“Na época em que se realizavam as aparições de Lourdes, conta o Conde de Broussard, eu me encontrava em Cauterets. Nenhuma crença tinha nessas aparições, nem acreditava na existência de Deus. Era um devasso e ateu declarado. Lendo num jornal a notícia de que Bernadete tivera mais uma aparição, em 16 de junho, na qual a Virgem lhe sorria, tomei a resolução de ir a Lourdes para convencer a menina de que era uma embusteira. Fui à casa dos Soubirous, onde encontrei Bernadete sentada à porta, cerzindo meias. Ela me parecia bastante vulgar, mas, nos traços do semblante sofredor, espalhava-se uma grande doçura.