O que é uma boa consciência?
Um boa consciência, diz Hugo de São Vítor, é aquela que sendo doce para todo o mundo, não fere a ninguém, usa castamente da amizade, é paciente para os inimigos, benfeitora para todos, e faz tanto bem quanto lhe é possível. Uma boa consciência é aquela à qual Deus não imputa pecados, porque os evita; nem imputa- lhe os pecados dos demais, porque não os aprova; nem os da negligência, porque falou e agiu quando era necessário; nem os do orgulho, porque permaneceu na humildade e na unidade (Lib. III de Anim., c. IX). A boa consciência é aquela que é reta, que obedece às leis de Deus e às da Igreja, e que se vale das luzes da razão para esclarecer-se. A boa consciência é a que vigia para não cair, e imediatamente levanta-se de suas quedas. A boa consciência é o homem inteiro, porque o homem não é nada, ou melhor, ele é um flagelo, um monstro, quando não tem uma boa consciência. A boa consciência é a imagem de Deus na terra.Meditação para o Dia 10 de Agosto
Segundo a Imitação de Cristo, Cap. IV - L. II
“A glória do homem virtuoso é o bom testemunho da sua consciência.” Tem boa consciência e sempre terás alegria. A boa consciência é muito sofredora e conserva-se alegre nas adversidades. A má consciência está sempre inquieta e assustada. Gozarás de doce sossego se teu coração de nada te acusa. Não te alegres senão quando fizeres algum bem. Os maus nunca têm alegria verdadeira nem sentem paz interior, porque disse o Senhor: “Não há paz para o ímpio”.
Parte IV Capítulo III
Imagina, Filotéia, uma jovem princesa extremamente amada por seu esposo e que um jovem libertino pretende corromper e seduzir a infidelidade, por meio de um infame confidente que lhe envia para tratar com ela sobre o seu desígnio abominável. Primeiro, este confidente transmite a princesa esta proposta do seu amo; em seguida, a proposta lhe agrada ou desagrada; por fim, ela consente e a aceita ou a rejeita. Deste modo, o mundo, o demônio e a carne, vendo uma alma ligada ao Filho de Deus, como sua esposa, lhe armam tentações, nas quais primeiramente o pecado lhe e proposto, depois ele lhe agrada ou desagrada e, por fim, ela lhes dá o seu consentimento ou as rejeita. Eis aí os degraus que conduzem a iniquidade: a tentação, o deleite, o consentimento; e, embora estas três coisas não se distingam evidentemente em todos os pecados, todavia aparecem sensivelmente nos pecados maiores.Sumário. O negócio da nossa eterna salvação é para nós não só o negócio mais importante, mas o único que nos deva preocupar; porque, se o errarmos uma vez, está tudo perdido e perdido para sempre. Mas ó maravilha, todos os que possuem a fé reconhecem que é assim e, contudo, entre os cristãos são poucos os que tratam seriamente de um negócio tão importante. Ponhamos a mão na consciência e se por ventura sejamos do número desses descuidados, resolvamos emendar-nos depressa, custe o que custar.Rogamos autem vos, fratres... ut vestrum negotium agatis - “Nós vos rogamos, irmãos... que trateis de vosso negócio” (1 Ts 10-11)
Sumário. Ai do que resiste durante a vida aos convites de Deus! Desgraçado do que cai no leito com a alma em pecado e dali passa à eternidade! O anúncio da morte já próxima, o pensamento de ter de deixar o mundo, as tentações do demônio, os remorsos da consciência, o tempo que já falta, o rigor da justiça divina e mil outras coisas produzirão uma perturbação tão horrível, que pela confusão do espírito a conversão será quase impossível. Meu irmão, para não morreres de morte tão triste, teme agora viver vida pecaminosa!Cor durum male habebit in novissimo; et qui amat periculum, in illo peribit - “O coração endurecido será oprimido de males no fim da vida; e quem ama o perigo perecerá nele” (Eclo 3, 27)
Sumário. A consciência roerá o coração dos réprobos por muitos remorsos; mas um dos que mais o atormentarão, será a lembrança de que se perdeu por um nada. Oh! que rugidos soltará o condenado, pensando que por algumas satisfações momentâneas e envenenadas, renunciou a um reino de eterna felicidade, e está condenado a arder para sempre naqueles abismos!… Meu irmão, reflete bem que também hás de sentir um dia o mesmo desespero, se não te aproveitares agora da divina misericórdia, e lembra-te mais uma vez de que para te assegurar a eternidade nenhuma providência é demasiada.Gustans gustavi paululum mellis, et ecce morior - “Tomei um pouco de mel, e por isso morro” (1 Rs 14, 43)