Meditação para o Dia 27 de Setembro
1. a) Foi mal comentada a bondade de Jesus para com o paralítico.Assim pensavam homens instruídos que tantas vezes tinham sido testemunhas de um milagre de Jesus! Sempre haverá quem mal comente tuas ações, por melhores que elas sejam. Não te deixes por isto afastar do cumprimento dos deveres. b) Como comentas o proceder de teu próximo? Não o condenas, às vezes, por pensamentos ou palavras, embora só a Deus compita julgar?"Estavam, porém, ali alguns escribas assentados, considerando em seus corações: Como fala este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados, senão Deus só?"
"Não julgueis, para que não sejas julgados"
Meditação para Dia 02 de Abril
1. "Qual quereis vós que eu vos solte? Barrabás ou Jesus?". Seria injúria confrontar Jesus com um anjo. Que foi, porém, confrontá-lo com um criminoso, um assassino?! Iníquo juiz o que assim procede! Quantas vezes fizeste, porém, o que Pilatos só uma vez fez! Quantas vezes confrontaste Jesus com o objeto de tuas inclinações e paixões! Não compreendeste nunca a baixeza e ingratidão de tal procedimento?Sumário. Enquanto o pecador vive, há sempre esperança de conversão; mas quando a morte o arrebatou no estado de pecado, não lhe resta mais esperança alguma e verá sempre diante dos olhos a sentença de sua eterna condenação. Sim, porque o inferno tem uma porta de entrada, mas não de saída. O que o réprobo começa a sofrer no primeiro dia da sua entrada, terá de sofrê-lo sempre. Qual não seria, pois, o nosso desespero, se por desgraça nos viéssemos a condenar!... Ó Pai Eterno, pelo amor de Jesus Cristo, castigai-me como quiserdes, mas poupai-me na eternidade.Mortuo homine impio, nulla erit ultra spes - “Morto o homem ímpio, não restará mais esperança alguma” (Pv 11, 7)
Sumário. O réprobo no inferno, vendo-se oprimido pelos seus tormentos inefáveis e desesperando de jamais remediar os seus males, será devorado por um ódio contínuo de Deus e amaldiçoará todos os benefícios que dele recebeu. Assim como amaldiçoa a Deus, amaldiçoará também todos os Anjos e Santos, e especialmente à divina Mãe, cuja intercessão não quis aproveitar. Ah, meu Jesus! Seja cortada antes a minha língua; protesto que nunca Vos quero amaldiçoar, mas sim louvar-Vos para sempre no paraíso.Peccator videbit et irascetur, dentibus suis fremet et tabescet; desiderium peccatorum peribit - “Vê-lo-á o pecador e se indignará; rangerá os dentes e se consumirá; o desejo dos pecadores perecerá” (Sl 111, 10)
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CONSIDERAÇÃO XXVIII
Vermis eorum non moritur - "O seu verme não morre" (Mc 9, 47)
PONTO I
Este verme que não morre nunca significa, segundo São Tomás, o remorso de consciência dos réprobos, o qual há de atormentá-los eternamente no inferno. Muitos serão os remorsos com que a consciência roerá o coração dos condenados. Mas há três que principalmente os atormentarão, a saber: o pensar no nada das coisas pelo qual o réprobo se condenou, no pouco que tinha a fazer para salvar-se e no grande Bem que perdeu. Depois que Esaú tinha comido o prato de lentilhas, preço do seu direito de primogenitura, ficou tão magoado por ter consentido na perda que, conforme a Escritura, pôs-se a rugir... (Gn 27,34). Que gemidos e clamores soltarão os réprobos ao ponderar que, por prazeres fugidios e envenenados, perderam um reino eterno de felicidade, e se veem condenados para sempre a contínua e interminável morte! Chorarão mais amargamente que Jônatas, sentenciado a morrer por ordem de Saul, seu pai, sem ter cometido outro delito do que provar um pouco de mel (1Rs 14,43). Que pesar sofrerá o condenado ao recordar-se da causa de sua ruína!... Sonho de um instante nos parece nossa vida passada. O que hão de parecer ao réprobo os cinquenta ou sessenta anos de sua vida terrena, quando se encontra na eternidade, onde, depois de terem decorrido cem ou mil milhões de anos, vir que então aquela sua vida está começando? E, além disso, os cinquenta anos de vida na terra são, acaso, cinquenta anos de prazer? O pecador que vive sem Deus goza sempre de doçuras em seu pecado? Um momento só dura o prazer culpável; no demais, para quem vive separado de Deus, é tempo de penas e aflições... Que serão, portanto, para o infeliz réprobo esses breves momentos de deleite? Que lhe parecerá, particularmente, o último pecado pelo qual se condenou?...“Por um vil prazer que durou apenas um instante e que como o fumo se dissipou, exclamará, hei de arder nestas chamas, desesperado e abandonado, enquanto Deus for Deus, por toda a eternidade!”
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CONSIDERAÇÃO XXVII
Et ibunt hi in supplicium aeternum - "E estes irão para o suplício eterno" (Mt 25, 46)
PONTO I
Se o inferno não fosse eterno, não seria inferno. A pena que dura pouco, não é grande pena. Se a um doente se rompe um abscesso ou queima uma ferida, não deixará de sentir dor vivíssima; como, porém, esta dor passa em breve não se pode considerá-la como tormento grave. Seria, porém, grande suplício, se a intervenção cirúrgica perdurasse semanas ou meses. Quando a dor é intensa, ainda que seja breve, torna-se insuportável. E não apenas as dores, até os prazeres e as diversões, prolongando-se em demasia, um teatro, um concerto, continuando, sem interrupção, durante muitas horas, causaria tédio insofrível. E se durassem um mês, um ano? Que será, pois, no inferno, onde não é música, nem teatro que sempre se ouve, nem leve dor que se padece, nem ligeira ferida ou superficial queimadura de ferro candente que atormenta, mas o conjunto de todos os males, de todas as dores não em tempo limitado, mas por toda a eternidade? (Ap 20,10). Esta eternidade é de fé; não é simples opinião, mas sim verdade revelada por Deus em muitos lugares da Sagrada Escritura.“Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno. — E irão estes ao suplício eterno. — Pagarão a pena de eterna perdição. Todos serão assolados pelo fogo” (Mt 25,41.46; 2Ts 1,8; Mc 9,48)Assim como o sal conserva o alimento, o fogo do inferno não só atormenta os condenados, mas, ao mesmo tempo, tem a propriedade do sal, conservando-lhes a vida.
“Ali o fogo consome de tal modo — disse São Bernardo — que conserva sempre”.
Sumário. É artigo de fé que há um inferno, isto é, uma prisão miserabilíssima toda cheia de fogo, onde cada sentido e cada faculdade do réprobo sofrem uma pena particular. Enquanto fazemos esta meditação, tantos cristãos desgraçados, talvez da mesma idade que nós, talvez conhecidos nossos, estão ardendo nessa fornalha ardente, sem a mínima esperança de saírem de lá. Reflete agora, meu irmão: qual é o estado de tua consciência? Se o Senhor te deixasse morrer na primeira noite, para onde iria a tua alma?Omnis dolor irruet super eum - “Toda a sorte de dores virá sobre ele” (Jó 20, 22)
Sumário. Considera quão grande é a ruína que traz consigo o pecado mortal. Faz-nos primeiro perder todos os merecimentos anteriormente adquiridos, por grandes e imensos que sejam. Além disso, de filho de Deus torna o homem escravo de Lúcifer; de amigo querido, inimigo sumamente odioso; de herdeiro do céu, um condenado ao inferno. Se os anjos pudessem chorar, chorariam de compaixão vendo a desgraça de uma alma que comete pecado mortal e perde a graça de Deus. E nós ficaremos indiferentes?Similiter autem odio sunt Deo impius et impietas eius - “O ímpio e a impiedade são igualmente odiosos a Deus” (Sb 14, 9)