A preciosa morte de Maria
Neste dia a Igreja nos propõe a celebração de duas solenidades em honra de Maria: seu feliz trânsito desta terra, e sua gloriosa assunção ao céu. No presente discurso falaremos do Trânsito e, no seguinte, da Assunção de Maria. É a morte uma pena do pecado. Ora, sendo Maria toda santa e isenta de toda mancha, parece que não devia ser sujeita a padecer a mesma desventura dos filhos de Adão, atingidos todos pelo veneno do pecado. Entretanto, querendo Deus fosse Maria bem semelhante a Jesus, convinha que morresse a Mãe como tinha morrido também o Filho. Queria o Senhor dar aos justos um exemplo da morte preciosa que lhes está preparada e por isso determinou que morresse a Virgem, mas de uma morte toda doce e feliz. Isto posto, entremos a considerar quanto foi preciosa a morte de Maria. 1. pelas graças que a acompanharam; 2. pelo modo por que se operou.Sumário. Maria morre, e acompanhada de inúmeros espíritos celestiais e de seu próprio Filho, entra no céu em alma e corpo. Deus abraça-a, abençoa-a e fá-la Rainha do universo, elevando-a acima de todos os anjos e santos. Regozijemo-nos com a divina Mãe, que é também a nossa, e avivemos a nossa confiança nela, invocando-a em todas as nossas necessidades. Roguemos-lhe sobretudo que, assim como ela morreu de puro amor a Deus, possamos nós morrer ao menos com contrição dos nossos pecados.Astitit regina a dextris tuis, in vestitu deaurato, circumdata varietate — “Apresentou-se a rainha à tua direita com manto de ouro, cercada de variedade” (Pv 44, 10)
Ressurreição gloriosa de Maria
Todos os homens ressuscitarão no fim dos séculos; porém Maria, a Mãe daquele Senhor, que é a ressurreição e a vida, por privilégio especial, ressuscita ao terceiro dia depois da sua morte. A sua alma bem-aventurada torna a vir do céu, para se reunir de novo ao corpo e comunicar-lhe a glória e felicidade. Este corpo sagrado sai do sepulcro mais brilhante do que o sol, mais resplandecente do que a lua, revestido das qualidades dos corpos gloriosos, agilidade, sutileza, impassibilidade e imortalidade. Maria é isenta para sempre de todas as misérias da vida, e começa um a vida nova, que jamais há de acabar.
Regozijemo-nos com a nossa amável Mãe por esta venturosa e singular prerrogativa. Lembremo-nos muitas vezes de que também havemos de ressuscitar no último dia; mas será para o céu, para o inferno?!
I
São João não se dirigiu imediatamente para a diocese da Ásia. Um dever sagrado e caro o prendia ainda à Judeia, demorando-se junto da mãe de Deus, que se tornara sua, pelo legado divino da Cruz. Assim, apesar do encanto elevado da lenda, que dá Maria como vivendo em Éfeso, a crítica tem de renunciar a esta suposição completamente incompatível com a tradição, a cronologia e a história. Tudo faz crer que Maria ficou em Jerusalém, e ali morreu. Nessa hipótese, mais que verosímil, ela não se apartou dos lugares que lhe eram tão caros pelos passos de seu Filho. Ali, na cidade santa, pátria-mãe da fé, e ponto de encontro dos irmãos, fica ela com João até o seu derradeiro dia. Ali desce também ela ao túmulo que não devia guardar seus despojos; e assim compreende-se como, no tempo de São Jerônimo, o mausoléu da virgem era venerado no vale de Josafá, no mesmo lugar onde ainda o encontram os viajantes e os peregrinos. Qual foi a vida de Maria e do apóstolo na pobre casa onde João a recolheu ao descerem do Calvário? Ninguém o contou; e não sei mesmo se alguma língua humana seria capaz de repetir dignamente aquela conversação «que já era dos céus». Bossuet não se anima:«Dizer-vos, exclama ele, o que eram as ocupações e os discursos de Maria durante sua peregrinação, penso que não é cousa que os homens devam tentar. Quem poderia descrever a impetuosidade desse mútuo amor, para o qual concorria tudo o que a natureza tem de terno, tudo o que a graça tem de eficaz? É certo, cristãos, que podemos ter uma vaga ideia de todos estes milagres; mas imaginar qual era a veemência dessas correntes de chamas, nem mesmo os serafins, ardentes como o são, jamais poderão fazê-lo» (1)
Por Dom Henrique Soares da Costa
Hoje celebramos a maior de todas as solenidades da Mãe de Deus: a sua Assunção gloriosa ao Céu. A oração inicial da Missa hodierna pediu:A Liturgia da Igreja, sempre tão sábia e tão sóbria, resumiu aqui o essencial desta solenidade santíssima. Com efeito, Deus elevou à glória do Céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria! Ela, uma simples criatura, ela, tão pequena, tão humilde, foi eleva a Deus, ao Céu, à plenitude em todo o seu ser, corpo e alma! Como isso é possível? Não é a morte o destino comum e final de tudo quanto vive? Isso dizem os pagãos, isso dizem os descrentes, os sábios segundo o mundo, aqueles que não têm esperança em Cristo Jesus, os que se conformam com a morte... Mas, nós, nós sabemos que não é assim! Nosso destino é a Vida, nosso ponto final é a Glória no Coração de Deus: glória no corpo, glória na alma, glória em tudo que somos! Foi isso que Deus nos preparou por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor – bendito seja Ele para sempre!“Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do Céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria, Mãe do Vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do Alto, a fim de participarmos da sua glória”
Meditação para o Dia 15 de Agosto
1. Os justos que morrem na graça de Deus com toda a razão esperam ouvir a doce palavra:Não obstante isso, também muitos deles sentem-se inquietados pela lembrança dos pecados e do bem omitido. Nada disso na Santíssima Virgem. Maria Santíssima, lançando um olhar retrospectivo aos 72 anos de sua vida, nada encontrou que a pudesse inquietar, nenhuma falta, nenhum momento mal empregado. Com quanta satisfação podia dizer:"Servo bom e fiel, entra no gozo de teu Senhor"
Que morte doce, única! Que é que tu tens feito para morrer feliz como Maria?"Está consumado!"