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Tag: amizades

Perigo das Visitas

Meditação para a Nona Quinta-feira depois de Pentecostes. Perigo das Visitas

Meditação para a Nona Quinta-feira depois de Pentecostes

SUMARIO

Meditaremos sobre as visitas que fazemos uns aos outros na sociedade, e estudaremos os seus três principais perigos: 1.° As intenções raras vezes são cristãs; 2.° Os pecados nelas são frequentes; 3.° Corre-se o perigo de perder nelas todo o espírito cristão. — Tomaremos depois a resolução: 1.° De não fazermos senão as visitas que exige o decoro; de as abreviarmos quanto possível, e de pormos a nossa felicidade na vida doméstica; 2.° De nos acautelarmos, nas visitas indispensáveis, dos perigos que provêm de frequentar a sociedade. O nosso ramalhete espiritual será a palavra de um antigo filósofo:

"Todas as vezes que estive entre os homens, voltei menos homem" - Quoties inter homines fui, minor homo redii (Sêneca)

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Outros avisos sobre as Amizades

Parte III Capítulo XXII

Sem uma íntima e grande cordialidade não se pode contrair nem manter uma amizade; e, como esta cordialidade é contínua, bem depressa se começam a confiar os segredos do coração. Todas as inclinações naturais passam invisivelmente de um para o outro, pelas mútuas impressões que um faz no outro e por uma troca recíproca de sentimentos e afetos. É o que acontece principalmente quando a amizade se funda numa grande estima, porque a amizade abre o coração e a estima dá entrada a tudo o que se apresenta, seja bom ou mau. As abelhas vão colher o seu mel nas flores e, se estas são venenosas, chupam-lhe também o veneno: imagem perfeita da amizade que, sem o notar, vai recebendo tanto o mal como o bem.

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Avisos e Remédios contra as Más Amizades

Parte III Capítulo XXI

Desde a primeira tentação que teu coração sentir, por mais leve que seja, vira-o imediata e completamente para o outro lado e com uma detestação oculta, mas firme, destas vaidades sensuais, eleva-te em espírito a cruz do divino Salvador e toma a sua coroa de espinhos, para fazer uma cerca, como diz a Escritura, em redor do teu coração, a fim de que, como ela mesma acrescenta, as pequenas raposas não se aproximem. Guarda-te cuidadosamente de entrar em alguma combinação com o inimigo; nem digas: eu o escutarei, mas não farei nada do que me disser; dar-lhe-ei atenção, mas recusarei tudo de coração.

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Diferença das Amizades Vãs e Verdadeiras

Parte III Capítulo XX

Vou te dar agora, Filotéia, um aviso importantíssimo e uma regra geral. O mel de Heracléia, de que já falei, e que é um veneno muito destrutivo, assemelha-se muito ao mel ordinário, que é tão saudável, e há grande perigo de tomar um pelo outro ou de tomar uma mistura de ambos, porque a utilidade de um não impede a malignidade do outro. Também quanto as amizades é preciso muito cuidado, para não nos enganarmos, principalmente tratando-se duma pessoa de sexo diverso, por melhores que sejam os princípios que nos unam a ela; pois o demônio tapa os olhos aos que se amam. Começa-se por um amor virtuoso; mas, se não se tomarem precauções prudentes, o amor frívolo se vai misturando e depois vem o amor sensual e por fim o amor carnal. Sim, mesmo no amor espiritual não se está livre de perigo, se não se sabe premunir-se de desconfiança e vigilância, conquanto o engano aqui não seja tão fácil, porque a inocência perfeita do coração descobre imediatamente tudo o que se pode ajuntar aí de impuro, assim como as manchas aparecem muito mais sobre o branco. Eis aí a razão por que, quando o demônio quer corromper um amor todo espiritual, o faz com mais astúcia, tentando ver se pode sugerir primeiro algumas disposições menos favoráveis a pureza.

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As Verdadeiras Amizades

Parte III Capítulo XIX

Ó Filotéia, ama a todos os homens com um grande amor de caridade cristã, mas não traves amizade senão com aquelas pessoas cujo convívio te pode ser proveitoso; e quanto mais perfeita forem estas relações, tanto mais perfeita será a tua amizade. Se a relação é de ciências, a amizade será honesta e louvável e o será muito mais ainda se a relação for de virtudes morais, como prudência, justiça, fortaleza; mas se for a religião, a devoção e o amor de Deus e o desejo da perfeição o objeto duma comunicação mútua e doce entre ti e as pessoas que amas, ah! Então tua amizade é preciosíssima. É excelente, porque vem de Deus; excelente, porque Deus é o laço que a une, excelente, enfim, porque durará eternamente em Deus. Ah! Quanto é bom amar já na terra o que se amará no céu e aprender a amar aqui estas coisas como as amaremos eternamente na vida futura. Não falo, pois, aqui simplesmente do amor cristão que devemos a nosso próximo, todo e qualquer que seja, mas aludo a amizade espiritual, pela qual duas, três ou mais pessoas se comunicam mutuamente as suas devoções, bons desejos e resoluções por amor ele Deus, tornando-se um só coração e uma só alma.

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