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Doutrina Eucarística

Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, presença Real na Eucaristia

Respostas às perguntas mais naturais que espírito humano formula diante do Mistério da Eucaristia

No intuito de criarmos verdadeiras Almas Eucarísticas, trago para deleite de todos este piedoso livro sobre Doutrina Eucarística, tão fundamental para atingirmos tal objetivo. É de suma importância redescobrirmos a Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Santíssima Eucaristia, assim como compreendermos o amor e adoração com que devemos ter ao nos preparar para receber a Santa Comunhão. Devemos, portanto, questionarmo-nos: como estamos recebendo Cristo na Eucaristia?

Com as palavras do próprio autor, hoje Bispo Emérito de Taubaté, Dom Antônio Affonso de Miranda, SDN:

“Não nos iludamos: a maioria de nossos católicos não têm fé bastante esclarecida na Divina Eucaristia. E não a têm por falta de doutrinação.

Não hesitamos em dizer que a doutrina essencial, completa, sobre o tríplice aspecto da Eucaristia – Presença real, Sacrifício e Comunhão – está nele consubstanciada em forma de perguntas e respostas.É um verdadeiro CATECISMO DA EUCARISTIA. E assim deveria denominar-se, não fosse a repugnância assinalada que muitos sentem pela palavra “catecismo”, muito embora seja o que mais se faz mister para instruir nossa gente”

Que a Virgem Santíssima nos ilumine para que, verdadeiramente, comungamos com a devida Adoração, Modéstia, Piedade, Humildade e Amor com que merece ser recebido Jesus Eucaristia em nossos corações. E possamos, a partir daí, render-Lhe frutos de Comunhões mais dignas e que agradem a Nosso Senhor.

Nota: Esta é a primeira edição deste Catecismo Eucarístico lançado em 1955 por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional. O Prefácio estará no fim desta página.

ÍNDICE

PREFÁCIO

ELEMENTOS GERAIS SOBRE A EUCARISTIA

A PRESENÇA REAL

I. Jesus Cristo está presente na Hóstia
II. De que modo está Jesus na Eucaristia

O SACRIFÍCIO EUCARÍSTICO

I. Natureza deste Sacrifício
II. Participação no Sacrifício Eucarístico

A COMUNHÃO

I. Natureza e efeitos da Comunhão
II. Necessidade da Comunhão e disposições para ela

APÊNDICE

I. O culto da Divina Eucaristia
II. Relações entre Nossa Senhora e a Eucaristia

Prefácio

Prepara-se o Brasil para um acontecimento que será o maior de sua história religiosa nesta segunda metade de século — o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, a celebrar-se de 17 a 24 de julho próximo.

Por este Congresso, de repercussão universal, mostrarão os brasileiros à face do mundo o seu catolicismo real, verdadeiro, que deve consistir numa vida eucarística intensa e profunda. Por este Congresso, renderemos a Nosso Senhor a expressão de nossa ação de graças pelos insígnes benefícios de que tem sido cumulada a nossa Pátria pela munificência divina, notadamente com a preservação do comunismo.

Torna-se necessário que votemos todas as nossas forças à excelente causa de glorificar Jesus Cristo Rei eucarístico em nosso querido Brasil. E isto se dará se tudo fizermos para transformar o grande certame do Rio de Janeiro num marco histórico de nossa vida religiosa. Como tantas vezes nos expressamos na Hora Santa preparatória ao Congresso, que nossa história se divida em duas épocas: ANTES E DEPOIS do Congresso Eucarístico Internacional. Se até então frígidos ou tíbios na devoção à Eucaristia, doravante um povo eucarístico, de comunhão frequente, de vida sacramental bem vivida, de participação estuante de sobrenaturalidade no Santo Sacrifício da Missa, de fervente adoração ao Divino Prisioneiro de nossos Tabernáculos.

***

Uma transformação tão profunda será obra da graça divina, e não de excitantes Humanos, por mais vibrantes e entusiastas. E esperamos que Deus Nosso Senhor não há de negar à nossa Pátria esta insigne graça, apesar de nossos deméritos.
Mas, inegável que a graça divina não produzirá os seus efeitos sem a colaboração humana. Há de cada alma se dispor para recebê-la.

O Congresso, na feliz expressão de D. Helder Câmara, há de realizar-se “NAS ALMAS, NOS CORAÇÕES”, antes de se exibir na majestosa Praça do Congresso.

O Congresso NAS ALMAS é o mais importante.

E que é o Congresso DENTRO DAS ALMAS? É o aumento de fé e de amor a Jesus-Hóstia. É o sentirmos dentro d’alma, pelo influxo sobrenatural, que precisamos da Eucaristia, que nela está a verdadeira vida cristã, e que tanto mais felizes seremos quanto mais nos aproximarmos da Hóstia de nossos altares.

Há muitos corações frios para as coisas de Deus. Por que? Por falta de espírito de fé, não raro por falta de pureza de coração. Mas também — e é caso generalizado — por falta de conhecimento da doutrina cristã.

Não nos iludamos: a maioria de nossos católicos não têm fé bastante esclarecida na Divina Eucaristia. E não a têm por falta de doutrinação.
Como seria possível, neste caso. um amor ardente a Nosso Senhor Sacramentado? Como haveriam de amar a quem não conhecem?

A mais frutuosa preparação do Congresso Eucarístico vem a ser, assim cremos, o tornar conhecida a Divina Eucaristia. Dai nasceu este livrinho.

Não hesitamos em dizer que a doutrina essencial, completa, sobre o tríplice aspecto da Eucaristia — Presença Real, Sacrifício e Comunhão — está nele consubstanciada em forma de perguntas e respostas. É um verdadeiro CATECISMO DA EUCARISTIA. E assim deveria denominar-se, não fosse a repugnância assinalada que muitos sentem pela palavra “catecismo”, muito embora seja o que mais se faz mister para instruir nossa gente.

***

“DOUTRINA EUCARÍSTICA” é calcada sobre bons mestres. Seguimos, para compô-lo, a par e passo, a “Suma Teológica” de Santo Tomás, os excelentes compêndios de Tanquerey, Hugon, Hervé, Lahitton, Diekamp, Debitlard, De La Taille, etc., etc., além das Encíclicas “Mystici Corporis”e “Mediator Dei”.

O que haurimos de tão valiosas fontes foi pôsto em forma popular, ao alcance de inteligências medianas.

O livro almeja prestar-se também a texto para aulas das associações religiosas sobre o momentoso tema da Eucaristia. Sob este aspecto, parece-nos, preenche uma lacuna; não nos consta exista um “Catecismo Eucarístico”, que possa servir a este objetivo.

É claro: deverá o professor suprir-lhe as deficiências, aclarar, tornar atraente, acomodar o texto ao ambiente de seus discípulos.
Recomendável sobremaneira — digamo-lo de passagem — que os Rvmos. Párocos, Diretores e Diretoras de Associações e de Colégios, aproveitando-se do ensejo do nosso Congresso Eucarístico, ministrem aos associados e colegiais particulares e completos ensinamentos sabre a doutrina da Eucaristia, tão esquecida às vezes em nossas aulas de religião.

Que este livro venha a ser, com as devidas adaptações, o “Catecismo Eucarístico” de que precisamos para nossas Paróquias, Ginásios, Liceus e Escolas Normais.

Que os seus benefícios se estendam para além do Congresso Eucarístico, continuando depois dele uma obra de verdadeira evangelização eucarística através do Brasil.

E que estas páginas robusteçam a fé dos vacilantes e reacenda o amor nos tíbios, trazendo aos pés de Jesus-Hóstia almas sem conta, que o adorem, participem de seu divino Sacrifício, e a Ele se unam, frequentemente, no fervor da Comunhão eucarística.

São os augúrios do humilde autor.
Pe. A. M.
Manhumirim, na festa de São José de 1955.