Divindade da Confissão
No dia da Ressurreição, Jesus Cristo apresentou-Se no meio de seus discípulos e disse-lhes: A paz esteja convosco! E repetiu-lhes: A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, assim Eu vos envio: Sicut missit me Pater, et ego mitto vos (Jo 20, 19-21). E, depois, que pronunciou estas palavras, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo; ficarão perdoados os pecados daqueles a quem vós os perdoardes; e ficarão retidos os de quem retiverdes: Haec cum dixisset, insuflavit, et dixit eis: Accipite Spiritum Sanctum; quórum remisseritis peccata, remittuntur eis; et quoum retinueritis, retenta sunt (Jo 20, 22-23). Conta-nos São Marcos que Jesus Cristo disse a seus discípulos: Empenho- vos minha palavra que tudo o que atardes sobre a terra será atado no céu; e tudo o que desatares sobre a terra, será isso mesmo desatado nos céus: Amen dico vobis, quaecumque ligaveritis super terram, erunt ligata et in coelho, et quaecumque solveritis super terram, erunt soluta in coelo (Mc 17, 18). Daqui infere-se que, para perdoar ou reter os pecados, para atar ou desatar as consciências, é necessário conhecer as faltas que foram cometidas. E como conhecê-las sem a Confissão?O que é concupiscência
Em si mesma, a concupiscência é o apetite dos sentidos, uma inclinação natural aos bens sensíveis; esta inclinação, este apetite não são maus, a não ser que sejam contrários à razão e à Lei de Deus. A concupiscência não é uma potência mal produzia pelo demônio; nenhuma potência pode ser má por si mesma, nem pode ser produzida pelo demônio. A concupiscência não é tampouco o pecado original; porque o pecado original é destruído pelo Batismo, enquanto a concupiscência ainda permanece. Não é, por fim, como o quer Calvino, uma coisa corrompida pelo pecado original e semelhante a um forno sempre aceso que vomita o pecado.Necessidade da concórdia
A razão e a vontade são duas irmãs; é preciso que harmonizem e que a vontade, que é inferior, esteja sujeita à razão e obedeça-lhe. Unidas estas duas irmãs, são fortes como uma cidade guerreira, são inexpugnáveis. Se, ao contrário, a razão e a vontade não estão de acordo, se a vontade levanta-se contra a razão, resultam divisões interiores que minam as forças de uma de outra. Necessidade da concórdia consigo mesmo... Necessidade da concórdia com os demais! A concórdia é o cimento que une as pedras de um muro; retirai o cimento, e o muro cairá. A concórdia é o laço que une e faz aderir entre si os membros da família e da sociedade; eliminai a concórdia, e os homens se desgarram como bestas ferozes. Mais caridade, mais justiça, mais indulgência, mais perdão! O centro une todos os raios do círculo, tirai o centro, e o círculo desaparece. A concórdia é o centro das famílias, das cidades, das nações. A discórdia causou a queda do Império Romano: o povo levantou-se contra os magistrados; os soldados levantaram-se contra o Senado; o próprio Senado dividiu-se também; e daí veio a ruína daquela grande e poderosa República.O que é a Comunhão dos Santos
A Comunhão dos Santos é a união entre a igreja triunfante, a igreja militante e a igreja purgante, isto é, a união entre os Santos que estão no Céu, os justos que vivem na terra, e as almas que sofrem no Purgatório. Estas três partes de uma só e mesma Igreja formam um Corpo, do qual Jesus Cristo é a Cabeça. Os membros deste Corpo estão unidos entre si pelos laços da caridade e por uma comunicação mútua de obras boas. Daí vem a invocação dos Santos, os auxílios e graças que eles nos alcançam, as orações para os defuntos, a confiança no poder dos bem-aventurados próximos do trono de Deus. Tudo está em comunhão na Igreja: orações, boas obras, graças, méritos etc. A Comunhão dos Santos com Jesus Cristo é semelhante à que existe entre o amo e o criado, entre pai e filho, entre aquele que ilumina e aquele que é iluminado, aquele que justifica e aquele que é justificado, o governador e o governado, entre aquele que doa e aquele que recebe, quem invoca e quem ouve, o que beatifica e o beatificado. Esta comunhão é um afeto, uma união com Deus, para não formar mais que um mesmo espírito com Ele, para andar em sua Luz, participar dos méritos de Jesus Cristo e dos méritos dos Santos.É preciso ter compaixão
Sede um ‘Deus’ para o desvalido, diz São Gregório Nazianzeno: Esto calamitoso Deus (De curapaup.). Não deixei, dia e noite, de advertir a cada um de vós com lágrimas nos olhos, diz São Paulo: Nocte et die non cessavi com lacrymis monens unumquemque vestrum (At 20, 31). E agora, encomendo-vos a Deus e à palavra de sua graça: Àquele que é poderoso para terminar o edifício da vossa salvação e fazer-vos participar de sua herança com todos os santos (At 20, 32). Quem está enfermo que eu não esteja enfermo com ele?, pergunta aquele grande Apóstolo aos Coríntios: Quis infirmatur, et ego non infirmor? (2 Cor 2, 29). Se um membro padece, todos os membros se compadecem: Si quid patitur unum membrum, compatiuntur omnia membra (1 Cor 12, 26). Sede todos, diz São Pedro, de um mesmo coração, compassivos, amorosos para com todos os irmãos, misericordiosos, modestos, humildes, não pagando mal com mal, nem maldição com maldição, antes, pelo contrário, bens ou bênçãos, porque a isto sois chamados, a fim de que possuais a herança da benção celestial (1 Pd 3, 8-9).Sumário. Para a nossa salvação o divino Redentor ofereceu-se voluntariamente ao Pai, a satisfazer à justiça divina; e o Pai pôs sobre ele todos os nossos crimes. Eis, portanto, o Verbo divino, inocente, todo puro, santo; ei-lo desde Menino carregado de todas as blasfêmias, de todas as impurezas, de todos os sacrilégios e crimes dos homens; ei-lo, numa palavra, feito por nosso amor objeto das maldições divinas. E não nos resolveremos a amá-lo? Ó meu Jesus, amo-Vos de todo o coração, e por vosso amor quero conservar-me sempre puro de todo o pecado.Deus filium suum mittens in similitudinem carnis peccati, et de peccato damnavit peccatum in carne — “Deus, enviando seu Filho em carne semelhante à do pecado, também por causa do pecado condenou o pecado na carne” (Rm 8, 3)
Tristes efeitos da ira, sobretudo para quem a ela se entrega
Com justiça, o homem colérico é comparado à abelha que, para vingar-se, infunde seu aguilhão no corpo daqueles que lhe perseguem, e perde-o com a vida. Como a abelha, o homem, levado pela ira, deixa ouvir um murmúrio ameaçador; para vingar-se e para ferir, fere-se a si mesmo e, muitas vezes, mancha a sua alma com um pecado mortal: porque assim diz o Real Profeta: Rodearam-me como enxame de irritadas abelhas: Circundederunt me sicut apes (Sl 117, 12). Os pensamentos do homem que se encoleriza, diz São Jerônimo, parecem-se ao parto da víbora: causam sua morte (Ex Philon.). A ira é a obscuridade, a turbação, o tumulto e a tempestade do espírito, sobre o qual passa como água negra e agitada. Pela cólera, diz São Gregório, perde-se de tal maneira a sabedoria que já não se sabe como deve-se agir, nem tampouco o que se deve fazer; porque extingue toda a luz da inteligência quando turba a alma com um violento choque: Per iram sapientia perditur, ut quid quoque ordine agendum sit, omnio nesciat; quia nimirum intelligentiae lucem subtrahit, cum mentempermovendo confundit (Lib. V. Moral.).Sumário. Grandes são os privilégios que Deus concedeu a seu Precursor, porque reuniu nele só as prerrogativas repartidas entre os outros santos; fazendo-o Patriarca, Profeta, Apóstolo, Evangelista, Mártir, Anacoreta, Virgem. E quão bem soube o santo corresponder à liberalidade divina. Nós também recebemos de Deus muitos favores; mas como é que lhes temos correspondido? Lembremo-nos, porém, que o melhor meio para receber novas graças é o bom uso das já recebidas.Non surrexit inter natos mulierum maior Ioanne Baptista — “Entre os nascidos de mulheres outro não se levantou maior que João Batista” (Mt 11, 11)
Sumário. O título de Mãe do Perpétuo Socorro, que a própria Santíssima Virgem adotou, é como que o resumo de todas as suas mais belas prerrogativas e de todas as nossas mais doces esperanças. Alimentemos, pois, a devoção para com a divina Mãe sob este título. Estejamos persuadidos de que, se nós a honramos por um perpétuo recurso, ela nos responderá com um perpétuo socorro. Mais ainda, se junto a ela fizermos valer a intercessão de seu grande servo Santo Afonso. Lembremo-nos, porém, que para sermos servos verdadeiros de Maria, mister é que lhe imitemos as virtudes.In me omnis spes vitae et virtutis — “Em mim há toda a esperança da vida e da virtude” (Eclo 24, 25)