A novena a Santa Luzia inicia-se em 04 de dezembro e deve ser rezada por nove dias consecutivos, encerrando-se em 12 de dezembro, comemorando a festa no dia 13.
Resumo da vida de Santa Luzia
Santa Luzia, nascida no século III na Sicília, dedicou sua vida a Cristo, fazendo um voto de castidade desde jovem. Após a morte do pai, enfrentou a pressão da mãe para se casar com um jovem pagão, mas permaneceu fiel ao seu propósito. Após um milagre atribuído à sua intercessão junto a Santa Águeda, Luzia distribuiu sua herança aos pobres, o que levou seu pretendente rejeitado a denunciá-la como cristã. Perante o governador Pascácio, ela recusou adorar os deuses pagãos e enfrentou torturas com coragem. Milagrosamente ilesa a diversas tentativas de execução, foi decapitada em 303, tornando-se mártir da fé. Seu túmulo em Veneza é símbolo de devoção e exemplo de fidelidade a Deus. Leia mais sobre sua vida!
Como rezar esta Novena à Santa Luzia?
- Inicia-se com o Sinal da Cruz: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo;
- Reza-se todos os dias a oração inicial e jaculatória;
- Faz-se a meditação do dia e o oferecimento;
- Finaliza-se com o Sinal da Cruz.
Oração inicial para todos os dias da Novena
Soberano e Altíssimo Deus e Senhor nosso, que levais a bem e Vos apraz, que honremos os Vossos servos, que depois de nos terem dado exemplo neste mundo de todas as virtudes cristãs, reinam hoje convosco na eterna bem-aventurança. Louvores eternos Vos sejam dados, pois Vós nos mostrais que nos não é impossível a prática dos Vossos mandamentos, e até mesmo sofrer por Vós os tormentos e a morte. Vós, Senhor, no-lo mostrais na gloriosa donzela S. Luzia, a quem destes o ânimo varonil que é necessário para o martírio.
Dignai-vos, Senhor, vir em nosso auxílio, quando nestes nove dias queremos meditar nas suas ações, e tomá-la por nossa advogada diante de Vós. Fazei com que nos envergonhemos da nossa fraqueza, e falta de ânimo. E, pois, que nos é fácil, hoje, em um país católico, a prática das obrigações cristãs, sem os perigos dos tormentos, dai-nos zelo e ânimo para a observância de vossos mandamentos, pela intercessão desta santa virgem, perdoando-nos primeiro quanto nos serve de obstáculo a imitar os Vossos santos. Amém
Reza-se três Pai-Nossos, Ave-Marias e Glórias ao Pai.
Jaculatória
℣. Santa Luzia, mártir verdadeira.
℟. Fazei que sigamos a vossa carreira
Sumário da Novena
- 1º Dia da Novena
- 2º Dia da Novena
- 3º Dia da Novena
- 4º Dia da Novena
- 5º Dia da Novena
- 6º Dia da Novena
- 7º Dia da Novena
- 8º Dia da Novena
- 9º Dia da Novena
Oração final para todos os dias da Novena
1º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos que sendo Santa Luzia nobre por geração, muito mais o foi pelo seu amor à virgindade, e pelo desprezo dos gostos e delícias deste mundo. Foi a santa virgem em companhia de sua mãe visitar o sepulcro de Santa Águeda, para pedirem por intercessão daquela santa o remédio para uma grave enfermidade que sofria a mãe da nossa santa. Deus Nosso Senhor despachou favoravelmente a sua súplica e a enferma foi curada. “Pedi, que haveis de receber, procurai, que haveis de achar, batei, que vos hão de abrir,” diz Nosso Senhor. Tendo Nosso Senhor assim empenhado a Sua palavra, que é palavra de rei, se o que pedirmos não nos for oposto a nossa salvação, Deus nos há de conceder o que pedirmos.
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
2º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos como tendo a mãe da nossa santa impetrado a sua saúde, que pedia por sua intercessão e de Santa Águeda, pediu Santa Luzia à sua boa mãe uma graça, em oposição ao que qualquer outra moça faria em tais circunstâncias. “Minha boa mãe”, diz a santa, “rogo-vos uma graça, a maior que me podereis fazer, e vem a ser que me entregueis desde já o dote que me tínheis destinado para o meu consórcio, quero distribuí-lo de um melhor e mais útil modo: dar-lhe-ei o destino que Jesus Cristo aconselhou a um moço desse as suas riquezas; sou moça, também tomarei, como dito a mim, este conselho que o Redentor deu ao moço.”. Esta petição foi sumamente agradável à boa mãe, que cedeu de boa mente aos rogos de sua santa filha.
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
3º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos como, recebendo Santa Luzia o abundante dote que sua mãe lhe deu, que destino lhe daria a santa moça? Outra qualquer da mesma idade o gastaria em joias e adereços preciosos, que poderiam servir-lhe de laços a sua castidade. Mas a nossa santa tem outros sentimentos. Ela reduz tudo a dinheiro e lhe dá o mesmo destino que São Lourenço deu às pratas e ouro da igreja, quando o presidente gentio lhas pediu: repartiu tudo com os pobres que é o conselho que Jesus Cristo deu ao moço, que é o mesmo que mandar tudo antecipadamente para o Céu pela mão dos pobres, para lá receber principal e juros abundantes em outro gênero de bens, espirituais e eternos, sólidos e verdadeiros. Parabéns a Santa Luzia.
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
4º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos como, chegando à notícia do moço a quem estava prometida em casamento Santa Luzia por seus pais, ainda que contra vontade dela, e exasperado o moço com a resolução da que tinha já por sua prometida esposa, tomou a resolução de a acusar e levá-la até o cadafalso. Era o tempo em que nessa região era crime ser cristão. O mancebo dirige-se ao governador da terra e acusa a Luzia de ser cristã. Infeliz moço, que quando pensava vingar-se da santa, lhe procurou a maior felicidade. Geme ele no Inferno eternamente, se morreu assim como viveu: e a santa goza da eterna felicidade que lhe conseguiu a virgindade e o martírio.
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
5º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos como, acusada Santa Luzia de ser cristã, citada para comparecer perante o governador, aonde depois de muito boas promessas, afagos, vendo o presidente que nada conseguia, diz: “Deixemos palavras, vamos aos tormentos”. A santa responde: “Aos servos de Deus nunca lhe podem faltar palavras, pois que o Espírito Santo que mora neles lhes inspirará o que devem falar”. Então, o tirano disse: “Eu te mandarei para a casa da prostituição, para que o Espírito Santo saia de ti e te desampare.”. Mandou, então, que a santa fosse conduzida para uma dessas casas da maldição, onde mora o Demônio e suas amigas. Que será da nossa santa em tal casa? Não temamos, pois Deus nunca desamparou os Seus servos.
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
6º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos hoje uma grande maravilha de Nosso Senhor a favor de Sua serva Santa Luzia. O tirano a mandou levar para uma casa má, para ali perder a virgindade. Até quanto pode chegar a barbaridade humana! Mas o Senhor deu ao santo corpo de Sua serva um dote de imobilidade, que nenhuma força humana foi capaz de fazer andar um passo: parecia como um esteio pregado e fincado até o profundo, ou uma barra de ferro, ou um rochedo vivo, que forças humanas não podiam abalar. Bendito seja Deus, que assim acode a seus servos. Como estaria, então, a alma da santa, vendo o que Deus obrava em seu favor!
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
7º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos como se verifica o que o Espírito Santo diz: “Um abismo chama por outro abismo.”. A imobilidade de Santa Luzia, que era tão visível milagre e suficiente prova da religião para o tirano gentio cego pela sua seita, cada vez o cegou e exasperou mais, e o Demônio lhe sugeriu o pensamento de a queimar viva no mesmo lugar, de que seu corpo não podia ser abalado: manda cercá-la de muita lenha e matérias combustíveis, untado tudo com pez, resina e azeite, e que a tudo se pegasse fogo. Eis uma delicada moça no meio das labaredas. Que será dela? Deus seja louvado para sempre. Quem a fez imóvel no mesmo lugar, também a livrou das chamas, como noutro tempo aos meninos de Babilônia. Ó poder admirável de Deus! Ó obstinação dos gentios e pecadores! Ó efeitos da divina proteção!
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
8º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos como, não conseguindo o tirano nem que a santa renegasse da fé, nem que o fogo lhe tirasse a vida, continua, mas em vão, a atormentá-la com suplícios que os demônios lhe faziam vir à cabeça, até que, perdendo toda a esperança, lhe manda atravessar a garganta com uma espada, e tirar-lhe a vida, quando ela estava profetizando a paz que Deus estava para dar à Sua Igreja pela morte de Domiciano e Maximiano, que tantos centos e milhares de cristãos martirizaram. Voa a bem-aventurada alma de Luzia para o Céu, aonde agora goza da eterna felicidade para sempre. Bendita santa, olhai para os vossos devotos, dai-lhes constância nos trabalhos deste mundo, e a vossa companhia na terra dos viventes.
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
9º dia da Novena à Santa Luzia
Consideremos como o povo cristão, tomando a diversos santos para advogados em diversas moléstias corporais, tem tomado a nossa santa por protetora nas doenças dos olhos, e certamente o não faria, se a experiência lhe não mostrasse que é valiosa a sua proteção. Convém, porém, advertirmos, que os benefícios corporais se devem pedir a Deus por intercessão de seus servos, sempre debaixo da condição que eles sejam úteis à nossa salvação. Muitos cegos se salvaram que, se tivessem vista, se perderiam. Santa Luzia, que tanta glória conseguiu no Céu por seus relevantes merecimentos, nos consiga que vejamos a Terra como lugar de desterro, e cheia de laços, que o Demônio arma aos pobres filhos de Adão, e vejamos ao Céu como nossa pátria, lugar de eterno descanso, casa de Deus, onde Jesus Cristo, com Seus merecimentos, nos tem preparado um lugar.
Oferecimento
℣. Ora pro nobis, beáta Lúcia. | ℣. Rogai por nós, Bem-aventurada Luzia. | Oremus. Exáudi nos, Deus salutáris noster, ut, sicut de beátae Lúciae, Vírginis et Martyris tuae, festivitáte gaudémus, ita piae devotiónis erudiámur afféctu. Per Christum Dominum Nostrum. Ámen. |
℟. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi. | ℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. | Oremos. Ouvi-nos, ó Deus Salvador nosso, e fazei que, celebrando com alegria a festividade da Bem-aventurada Luzia, Vossa virgem e mártir, nos inflamemos em piedosos afetos de devoção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. |
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Quem foi Santa Luzia, Virgem e Mártir?
Por Pe. João Baptista Lehmann
Santa Luzia, uma das heroínas mais gloriosas da Igreja de Cristo, nasceu na Sicília, no século terceiro. Os pais de Luzia eram cristãos, de nobre origem e ricos. A educação primorosa que deram à filha, não tardou a revelar bons frutos. Luzia, de tenra idade ainda, avida de ser toda ele Jesus, ofereceu a virgindade ao divino Esposo, num voto especial. Cedo morreu o pai. A vontade da mãe, Eutychia, era que Luzia contraísse matrimônio com um moço de estirpe nobre, mas pagão. Na sua perplexidade de querer guardar o voto e ao mesmo tempo não contrariar os planos da mãe, pediu Luzia que lhe fosse concedido um prazo, para com Deus na oração pensar sobre a proposta e tomar resolução. A mãe adoeceu gravemente e outra enfermeira não admitia a não ser a filha. Quatro anos durou a enfermidade, sem que houvesse esperança de recuperar a saúde. A conselho de Luzia, fizeram uma romaria ao tumulo de Santa Águeda, em Catania, celebérrimo pelos numerosos e estupendos milagres, com que Deus se dignava de glorificar sua santa serva. Depois de ter passado muito tempo em oração junto ao corpo da santa Mártir, Luzia adormeceu e parecia-lhe no sono ter tido a visão de Santa Águeda e tê-la ouvido bem distintamente dizer:
“Que desejas de mim, querida irmã? Tua mãe está restabelecida, graças á tua fé. Sabe que, como Deus se dignou de glorificar a cidade de Catania por minha causa, assim Siracusa será celebre por ti, porque pela tua virgindade preparaste agradável morada a Deus em teu coração”
Luzia acordou e encontrou a mãe completamente sã. Mãe e filha, sumamente agradecidas a Deus e Santa Águeda, voltaram para Siracusa. Como surgisse novamente a ideia do casamento de Luzia, esta pediu instantemente à mãe, que não a atormentasse mais, visto que se tinha ligado a Jesus por um solene voto. Mais difícil foi conseguir que a mãe lhe desse o dote, da mesma forma como se tivesse aceito a proposta do casamento.
“Espera até eu morrer, tinha-lhe dito ela, – depois da minha morte, poderás fazer do que é teu, o que quiseres”
Bem sabia Eutychia que dinheiro nas mãos da filha ia parar nas mãos dos pobres. Luzia, porém, respondeu:
“O que se promete aos pobres, para ser-lhes dado depois da nossa morte, não é tão agradável a Deus, como aquilo que se lhes dá enquanto temos vida. Aquele que anda na escuridão, mais utilidade percebe da tocha acesa, que o precede, do que d’aquele que lhe fica ás costas.”
Finalmente a mãe acedeu aos pedidos de Luzia e deu-lhe o dote. Aconteceu o que era de esperar. Luzia repartiu tudo entre os pobres.
O moço que até ai nutria a esperança de casar-se com Luzia, tendo noticia do que sucedera, transformou o amor em ódio e denunciou-a perante o governador Pascácio por dois crimes: de não ter cumprido a palavra e de ser cristã e, portanto, desprezadora dos deuses nacionais.
Pascácio citou a donzela perante o tribunal e intimou-a a que sacrificasse aos deuses e solvesse a palavra dada ao cidadão.
“Nem uma, nem outra cousa farei, respondeu Luzia. Adoro a um só Deus verdadeiro, a Ele prometi fidelidade e a ninguém mais.”
Pascácio:
“Devo exigir que respeites a ordem imperial: de prestar homenagem aos deuses e cumprir o que prometeste”
Luzia:
“Fazes bem em cumprir as ordens do Imperador; eu cumpro as que Deus me deu. Se tens medo dos poderes de um homem mortal, eu temo os juízos de Deus, a Ele devo sujeitar-me”
Pascácio:
“Deixa de falar fanfarronices, se não queres que a tortura te imponha uma outra linguagem”
Luzia:
“Aos servos de Deus não faltará a palavra, porque Cristo disse: ‘Se estiverdes diante de reis e governadores, não cuideis como haveis de falar; porque não sereis vós quem fala, mas por vós falará o espirito de Deus’ (Mt 10,18)”
Pascácio:
“Está em ti o espirito de Deus?”
Luzia:
“Quem vive casta e santamente, é templo do Espirito divino”
Pascácio:
“Se assim é, farei com que deixes de ser templo de Deus e verás como te haverás com a castidade”
Luzia:
“Sem a minha vontade a virtude nada sofrerá: Podes pôr à força incenso nas minhas mãos, para que o ofereça aos deuses; de nada vale, porque Deus, que conhece o coração, não me julgará pelo que fiz sob coação. Não poderei resistir á força, mas minha virtude dupla coroa receberá”
A ordem do governador foi posta logo em execução. Luzia saiu do tribunal, se bem que entregue à vontade e brutalidade dos homens, cheia de confiança em Deus e invocando-Lhe o auxílio. E eis como Deus lhe recompensou a fé. Quando os executores da lei puseram mãos à obra, para levar a donzela ao lugar determinado, força nenhuma foi capaz de fazê-la mover-se de onde estava. O fato causou grande estupefação. Mas em vez de reconhecer o poder de Deus, que defende os seus, os pagãos viram em tudo obra de feitiçaria. Foram chamados os sacerdotes e magos, para desencantar o feitiço, mas nada conseguiram. Luzia resistiu heroica e superiormente a todas as tentativas dos inimigos. Pascácio ideou outro plano. Ordenou que despejassem sobre a virgem azeite, piche e resma e ateado uma grande fogueira em redor.
Outra maravilha! Subiram as labaredas, e densa fumaça encobriu a figura da donzela, a qual, porém, ficou ilesa. Ao ver isto, Pascácio, encolerizado e confuso, deu ordem a um soldado para que, com a espada, atravessasse a garganta daquela, que, jubilosa e triunfante, exortava aos assistentes do espetáculo, a que abandonassem os falsos ídolos. A ferida foi mortal. Luzia entregou o espírito a Deus, para receber a palma do vitorioso martírio. Tal aconteceu em 303. A profecia que fizera aos cristãos, de ter chegado ao termo a perseguição, verificou-se. O corpo da santa mártir foi sepultado em Siracusa e mais tarde transportado para Constantinopla. O túmulo está hoje em Veneza.